No último dia de visita a Cuba, o Cardeal Bertone aponta que o Estado e a Igreja têm campos autónomas mas de «cooperação» O Cardeal Tarcísio Bertone apontou que a cooperação entre a Igreja e o Estado cubano baseiam-se em “boas relações que existem com as instituições eclesiais e estatais” e manifestou “esperança que assim continuem”. No último dia de permanência em Cuba, o Secretário de Estado do Vaticano manteve um encontro com o Corpo Diplomático, creditado em Cuba. Dirigindo-se a membros do Corpo Diplomático, a representantes dos organismos internacionais, e a oficiais do Ministério das Relações Externas, o Cardeal Bertone referiu-se às relações entre a Igreja e os Estados, em particular, à relação que Cuba e a Santa Sé mantêm. A Santa Sé baseada na sua experiência diplomática “plurisecular”, permitiu estabelecer relações de diálogo e amizade com quase todos os Estados. A Santa Sé encontra hoje “uma luz particular sobre a sua actividade internacional”, apontou o Secretário de Estado do Vaticano. O Cardeal Bertone evidenciou que, passado 10 anos, Cuba deu mostras de entrega e capacidade de desenvolvimento. “É evidente o progresso alcançado no exercício de solidariedade com os países de África, Ásia, Caribe e América Latina, especialmente nos campos da educação. Citando a constituição pastoral Gaudium et spes, o Cardeal Bertone lembrou que a comunidade política e a Igreja são independentes e autónomas nos seus campos. “As duas estão ao serviço da vocação pessoal e social do homem”, afirmou. Este serviço será melhor concretizado, quanto melhor for a “sã cooperação entre ambas, tendo em conta as circunstâncias de lugar e tempo”. A declaração Dignitatis humanae, do Concílio Ecuménico Vaticano II, recorda o compromisso da comunidade civil, para o bem dos cidadãos, que “não se pode limitar a algumas dimensões da pessoa, como a saúde física, o bem estar económico, a formação intelectual ou as relações sociais. O ser humano tem também uma dimensão religiosa, que se reflecte nos actos voluntários e livres”, recordou o Secretário de Estado do Vaticano. “A liberdade religiosa não seria integral e verdadeira se não tiver também uma dimensão pública”, referiu, apontando que a liberdade religiosa não pertence apenas ao foro privado, mas também à família, a grupos religiosos e à Igreja. Um Estado que queira respeitar esta liberdade “não pode demitir-se de criar condições propícias para o desenvolvimento da vida religiosa, de forma a que os cidadãos tenham a possibilidade real de exercer os seus direitos e cumprir as suas obrigações espirituais”, advertiu o Cardeal Bertone. O Cardeal Bertone afirmou ter enviado “saudações ao Presidente Fidel Castro”, que conheceu pessoalmente em Outubro de 2005. Relembrando as alterações no Conselho de Estado, o Cardeal Bertone afirmou que a Santa Sé com toda a Comunidade Internacional, deseja “sucesso e capacidade de escuta para interpretar as necessidades de cada cidadão, que tem o direito de se sentir orgulhoso de ser cubano, respeitado, valorizado e representado por quem o governa”. Terminando, o Cardeal Bertone referiu que durante a viagem “pude constatar a vitalidade da Igreja católica cubana e a sua dedicação ao bem comum do país” e afirmou ter encontrado “grande disponibilidade de diálogo e cooperação entre os governantes do país, tanto em temas nacionais como internacionais”. “Este é um impulso positivo nas relações entre o Estado e a Igreja Católica em Cuba, que podem olhar-se com serena esperança de uma nova etapa, certamente árdua e exigente, que Cuba se propõe a viver”.