«Esta economia mata»: Afirmação do Papa Francisco «não interpela» Fernando Ulrich

Economista refere que é mais «eficaz» desafiar os dirigentes para o que cada um pode fazer

Fátima, Santarém, 30 mai 2014 (Ecclesia) – O economista Fernando Ulrich disse hoje que não se sente interpelado pela afirmação do Papa Francisco “esta economia mata” e que é necessário antes desafiar cada cidadão para a sua “quota-parte de responsabilidade” para melhorar a situação atual.

“Eu percebo a mensagem, mas não me sinto interpelado por ela e sinto que há muitas outras coisas que a Igreja católica me pode dizer e que me fazem sentir a quota-parte de responsabilidade que eu tenho para melhorar o mundo em que vivemos”, afirmou o presidente da Comissão Executiva do Conselho de Administração do Banco BPI.

Para Fernando Ulrich é mais “eficaz” convocar e desafiar os dirigentes para averiguar o que cada um pode “fazer hoje”.

“É mais urgente interpelá-los do que dizer que a economia ou a desigualdade mata”, afirmou o economista à Agência ECCLESIA.

“Temos que mobilizar mais as instituições que têm capacidade de intervenção, que começam por ser as grandes empresas”, sustentou.

Fernando Ulrich participou num debate com Eduardo Marçal Grilo sobre “O estado da nossa Democracia”, na Jornada da Pastoral da Cultura, que hoje decorre em Fátima.

Para o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal tem de fazer uma “coligação séria” para se negociar “com detalhe” que decisões é necessário tomar.

“Nunca fizemos uma coligação séria. É preciso que os melhores dos partidos se sentem à mesa e as pessoas que sabem das matérias para negociar com detalhe o que é necessário fazer”, afirmou Marçal Grilo.

Recordando coligações passadas, em Portugal, referiu que “foram feitas entre personalidades” e os problemas “foram levados para dentro do governo”.

Na primeira conferência da Jornada da Pastoral da Cultura, João Lobo Antunes afirmou a necessidade dos partidos que estão no “arco do poder” fazerem “compromissos e consensos”.

O neurocirurgião referiu que “o consenso obriga a uma identidade, a uma comunhão de princípios de valores” e o “compromisso obriga à abdicação de qualquer coisa para ganhar um bem maior”

“Depois que se discuta a prática, quem melhor pode levar a cabo os objetivos a que se comprometeram”, desafiou.

Na sua conferência, sobre “A saúde da Democracia em Portugal”, João Lobo Antunes defendeu a necessidade da existência de um “perfume ético” que norteia os cidadãos, mais do que um corpo normativo, e se fixem os “valores que permitam distinguir o que é bom e mau”

"A dificuldade da sociedade portuguesa, como de outras, é a de afirmar que há valores absolutos, estruturais", defendeu João Lobo Antunes, na Jornada da Pastoral da Cultura.

PR

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Agência ECCLESIA

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