Dentro de um ano a Basílica dos Congregados deverá voltar a ostentar todo o esplendor do barroco que o arquitecto André Soares ofereceu à cidade de Braga. As obras de recuperação de uma das mais imponentes fachadas da cidade teve ontem o seu arranque oficial, com a “bênção” de D. Jorge Ortiga e de Mesquita Machado e o apoio das primeiras 36 empresas que se associaram à iniciativa da “JovemCoop”, associação que está a dinamizar o Movimento “MaisCongregados”. Um ano depois do lançamento da iniciativa e sem esperar pela garantia da totalidade dos meios financeiros, o Movimento pela recuperação do esplendor monumental da fachada da Basílica – que, para lá da sua ímpar beleza, tem dado sinais de evidente degradação – decidiu meter “mãos à obra” para que daqui a doze meses a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora das Dores e Santa Ana dos Congregados tenha uma nova cara, para apresentar aos bracarenses e aos muitos turistas que a apreciam pela sua monumentalidade. A delicadeza dos trabalhos a realizar nesta obra-prima do barroco, começada a contruir em 1703, impedem que se saiba desde já qual o montante da factura final, mas é certo que serão «trabalhos voltuosos» devido à necessária qualidade a colocar no que se espera seja uma minuciosa ressurreição da dignidade artística que, no início do século XVIII, André Soares colocou na concepção do rosto do antigo Convento dos Oratorianos. Em todo o caso, todos acreditam que, uma vez iniciada a intervenção, esta «será imparável e poderá mesmo estar pronta antes dos 12 meses de prazo agora estipulados», referiu o optimista Reitor da Basílica, Monsenhor Silva Araújo, que tal como os outros responsáveis pelo movimento “MaisCongregados” acreditam que muitas outras empresas se quererão juntar às 36, que fizeram questão de apadrinhar o arranque da obra, sendo que a Irmandade contará neste momento com cerca de 50 por cento da verba necessária. Arcebispo pede dignificação do nobre legado D. Jorge Ortiga aproveitou este momento simbólico para realçar a obrigação de «dignificar a qualidade do património histórico legado pelos antepassados», que o construíram a pensar na posteridade e que, também por isso, «exige uma intervenção com qualidade, para que este volte a resplandecer como no passado». O prelado mostrou-se convicto que «a generosidade dos fiéis e dos bracarenses em geral, o mecenato empresarial e o apoio da autarquia permitirão realizar esta obra no tempo esperado e fazer dela um exemplo de recuperação patrimonial, que alastre a outros monumentos da cidade». O titular da Igreja Bracarense congratulou-se também pelo facto de, neste caso, se ter gerado «um movimento, que com a participação de todos, irá permitir investir na arte» em prol da igreja e da cidade. No mesmo sentido, manifestou-se o edil Mesquita Machado, que destacou «a iniciativa inovadora pelo apelo à participação que fez à sociedade civil bracarense». Mesquita Machado fez votos para que «não faltam verbas de forma que a obra possa decorrer sem interrupções», considerando não ser necessário destacar a sua necessidade, por forma a fazer face à inerente corrosão que o tempo provocou num dos mais esplendorosos templos da cidade».