Num colóquio dedicado aos 150 anos de presença da congregação no nosso país
Lisboa, 16 out 2017 (Ecclesia) – A Província Portuguesa dos Missionários do Espírito Santo reuniu os seus vários ramos, entre sacerdotes, religiosos e leigos, no Seminário da Torre d’Aguilha, em Lisboa, para celebrar 150 anos de presença no país.
O evento, que teve como tema ‘Missão Espiritana em Portugal – Memória e Promessa’, foi ocasião para lembrar os missionários “mártires”, que deram a sua vida ao serviço da congregação em Angola.
Nomes como os padres Adélio Ribeiro Lopes, José Silva Pereira, Abílio Guerra e mais recentemente, em 2006, o padre José Afonso Moreira, que o provincial dos espiritanos não quis deixar de lembrar.
“Mártires portugueses que se juntam a muitos outros”, e também àqueles que ainda hoje transportam no corpo as sequelas de “ataques muito graves”, frisou o padre António Neves, que destacou a importância de olhar para o futuro sem esquecer o passado, e as pessoas que o fizeram.
O sacerdote incentivou todos os presentes a não ficarem presos às mazelas do caminho, como quem se verga sob o peso dos anos e só fala das “doenças”.
“Que chegados a estes 150 anos assumamos o papel da juventude e da idade adulta e falemos dos nossos amores, dos nossos filhos e da nossa missão”, exortou.
A congregação dos Missionários do Espirito Santo nasceu em França há 313 anos, está hoje espalhada por todo o mundo, e chegou a Portugal em 1867 pela necessidade de formar missionários portugueses para Angola.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o provincial dos Espiritanos em Portugal realçou a “opção clara pelos mais pobres” que tem de continuar a nortear os destinos da congregação.
“Infelizmente as pessoas que estão na margem, que estão excluídas continuam a ser muitas e os indicadores não apontam para que diminuam, pelo contrário, sabemos que o mundo terá cada vez mais pobres e cada vez mais pessoas afastadas deste ideal do Evangelho”, salientou o padre António Neves.
O colóquio no Seminário da Torre d’Aguilha procurou perspetivar o lugar da missão nos vários continentes e sob várias perspetivas, com destaque para o ‘desafio dos refugiados e imigrantes’.
Alfredo Teixeira, investigador da Universidade Católica Portuguesa que moderou uma das mesas de debate, classificou a crise humana atual como “um dos grandes acontecimentos” ao qual a Igreja Católica tem de dar atenção.
“O século XX foi o século dos refugiados, dos fluxos populacionais, mas vivemos hoje isto a uma escala muito maior. E sob esse ponto de vista há o desafio de tornar as nossas comunidades cristãs comunidades de acolhimento, comunidades de troca, não apenas à distância, não apenas saindo, mas tornando-se casa para os outros”, completou.
Nos trabalhos participaram D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda; Maria da Glória Garcia, reitora emérita da UCP; a jornalista Laurinda Alves e o padre Belmiro Tchissengueti, provincial dos Espiritanos em Angola.
Este último enalteceu a obra da congregação junto do povo angolano, desde os anos da guerra civil até ao presente, que tem de continuar a ter como metas a “capacitação” e a “reconciliação”.
“A missão espiritana em Angola teve um passado de ajuda, de cooperação. Nos últimos 40 anos temos a província espiritana de Angola que está a assentar no meio das dificuldades os seus arraiais. E o futuro vejo-o com esta integração, esta troca e cooperação, de vermos a missão não unidirecional mas multidirecional”, completou.
Durante o colóquio, foi também apresentada a nova edição da revista ‘Missão Espiritana’, dedicada ao padre José Manuel Sabença, antigo provincial da congregação em Portugal e conselheiro-geral dos Missionários do Espírito Santo em Roma, falecido em 2016.
JCP