José Aníbal Barreiros, Diocese de Coimbra
A 24 de dezembro de 2024, o Papa Francisco iniciou o Ano Jubilar da Esperança abrindo a Porta Santa da Basílica de São Pedro, em Roma, que se manterá aberta até 6 de janeiro de 2026. Sob o lema “Peregrinos da esperança”, o Jubileu 2025 será um tempo de celebração e reflexão profunda, procurando fortalecer a esperança numa sociedade ainda marcada pelos efeitos da pandemia e por outros desafios globais.
O Santo Padre convida os fiéis a rezarem “para que este Jubileu nos reforce na fé, ajudando-nos a reconhecer Cristo ressuscitado no meio das nossas vidas, e a transformar-nos em peregrinos da esperança cristã”. Sublinha a importância da esperança cristã numa altura em que o mundo enfrenta diversos desafios, descrevendo-a como “um presente de Deus que enche de alegria a nossa vida”.
A esperança é o ato de esperar com confiança a realização de algo que se deseja no futuro. É geralmente específica ou determinada. Na vida cristã, a esperança é muito mais do que apenas um senso de confiança num futuro melhor. É uma força dinâmica, enraizada na fé em Deus e alimentada pela ação, inspirada por essa fé. Hebreus 11:1 “A fé é a firme certeza das coisas que se esperam, é a demonstração das coisas que não se veem.” É um sinal da nossa fé e confiança em Deus.
Para os cristãos, a esperança reside na confiança que depositam em Deus, conforme é enfatizado pelo apóstolo Paulo em Romanos 8:24-25: “Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que vemos não é mais esperança: ainda podemos esperar pelo que vemos? Mas se esperamos o que não vemos, esperamos com paciência.»
S. Paulo lembra que a salvação é baseada na esperança em realidades futuras, mesmo que ainda não sejam visíveis no presente. Essa esperança está para além do que podemos ver, chamando-nos a colocar a nossa confiança em Deus para o cumprimento das Suas promessas. Com base nessa esperança, somos encorajados a persistir na fé, sabendo que o nosso Deus é fiel. Assim, a nossa confiança em Deus e a esperança no Seu plano para as nossas vidas permitem-nos enfrentar os desafios da vida diária com confiança.
A esperança cristã não se limita à espera passiva. Pelo contrário, exorta-nos a agir, a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo, mas também a imitar as pessoas que vieram antes de nós, como o nosso pai Abraão. Gênesis 12:1-4: “O Senhor disse a Abraão: Deixa a tua terra e a casa de teu pai, vai para a terra que te vou mostrar. Farei de ti um grande povo, e te abençoarei; farei o teu nome grande, e serás uma fonte de bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e todas as famílias da terra serão abençoadas por ti. Abraão partiu, como o Senhor lhe dissera, e Ló foi com ele. Abraão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Haran.» Abraão respondeu a esse chamamento com fé e obediência, mesmo com a idade avançada de setenta e cinco anos. O seu exemplo ilustra a natureza ativa da esperança cristã, lembrando-nos que a esperança é um motor poderoso que nos leva a responder ao chamamento de Deus, com coragem e determinação.
A esperança dá-nos forças para perseverar na adversidade, com base na promessa reconfortante de Isaías 41:10 “Não temas, porque estou contigo; Não te assombres, pois Eu sou o teu Deus; fortaleço-te, venho em teu auxílio, sustento-te com a minha mão direita triunfante.» Lembrando que Deus está sempre connosco, mesmo no meio das tempestades da vida, somos encorajados a permanecer firmes na fé e superar desafios com coragem e resiliência.
Concluindo, a esperança é uma força transformadora que nos guia na nossa jornada de fé, encoraja-nos a agir com amor e compaixão e dá-nos forças para perseverar na adversidade. Ao cultivarmos profunda confiança em Deus e a vivermos de acordo com os Seus ensinamentos, podemos encontrar uma esperança duradoura que transcende os desafios da vida diária.