Patriarcado de Lisboa dinamiza ciclo em seis datas, até final de março
Lisboa, 09 jan 2020 (Ecclesia) – O Mosteiro de São Vicente de Fora, do Patriarcado de Lisboa, está a dinamizar um ciclo de seis visitas temáticas, ao final de março, onde apresenta a história e vida do monumento nacional.
“Acreditamos que estas seis visitas se complementam umas às outras. O visitante que for às seis acaba por ter uma visão muito mais completa de todo o mosteiro e da história que ele abarca”, disse à Agência ECCLESIA a coordenadora do Museu do Patriarcado de Lisboa.
Fotos: Museu – São Vicente de Fora
Joana Santos contextualizou que se decidiram criar as visitas especializadas pela “forte necessidade”, também da parte dos visitantes, “de aprofundar os vários temas” que são abordados no percurso geral.
Até ao final de março, segundo o programa trimestral, por mês estão agendadas duas visitas temáticas e uma geral, que são de inscrição obrigatória (museu@patriarcado-lisboa.pt) e limitadas a 30 pessoas.
a próxima visita temática tem como tema ‘O Quotidiano no Mosteiro’, a 18 de janeiro; estes percursos especializados começaram no sábado, abordando o ‘Real Panteão dos Bragança’.
A coordenadora do Museu do Patriarcado de Lisboa explica que D. João IV, “antes de falecer, escolhe São Vicente de Fora para acolher a sua dinastia” e D. Luísa de Gusmão escolheu “a capela-mor, debaixo do sacrário para colocar o túmulo do falecido esposo”.
Com D. Fernando II, acrescenta, os túmulos da Família Real passam para o espaço que era o refeitório dos monges e os visitantes encontram em destaque o “túmulo original de D. João IV”, “o primeiro rei da quarta dinastia”.
Joana Santos explica que o grupo de visitantes do último dia 4 era constituído “sobretudo portugueses”, que “geralmente não são o público que mais visita São Vicente de Fora”.
A criação destas visitas temáticas foi também uma forma de conseguir cativar os visitantes portugueses, porque o mosteiro é também fruto de toda a nossa história”.
A história do mosteiro começou com a conquista da cidade de Lisboa aos Mouros, por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, que “faz a promessa de que, caso fosse vitorioso nesta batalha, iria erguer neste preciso local um mosteiro dedicado a São Vicente de Fora”; logo em 1147 é colocada a primeira pedra.
O mosteiro recebeu os Monges Regrantes de Santo Agostinho, “que habitaram o até ao século XIX”, e foi a primeira casa monástica que recebeu Fernando de Bulhões – Santo António – antes de ir para Ordem Franciscana, e que tem uma capela que é lugar de paragem obrigatória, onde terá sido a sua cela.
A azulejaria vai estar em análise no dia 1 de fevereiro, e esta responsável destaca que o mosteiro lisboeta “é um dos monumentos do mundo com mais azulejos ‘in situ’”, isto é, “que se encontram no sítio original”.
Com 200 mil azulejos, os visitantes encontram “temas religiosos como do quotidiano”, por exemplo nos claustros, “como é um espaço a céu aberto” estão “exclusivamente temas do quotidiano, a caça, a pesca, os piqueniques, passeios, as fontes”.
Neste contexto, destaque para a exposição permanente de 38 painéis de azulejos das Fábulas de La Fontaine, “encomendas no final do seculo XVIII” para os claustros quando as arcadas foram tapadas.
“As fábulas transmitem todas uma moral que não vai contra a mensagem da Bíblia”, observa Joana Santos, referindo que das “mais de 100 fábulas, curiosamente, as mais conhecidas entre os portugueses não estão representadas”.
A visita temática (museu@patriarcado-lisboa.pt) seguinte é ‘Enterramentos em São Vicente’, a 15 de fevereiro, com paragem obrigatória na Capela dos Meninos Palhavã, que já foi a Capela da Anunciação.
O mosteiro que é o Panteão dos Patriarcas, onde se encontram os túmulos da maioria dos cardeais-patriarcas de Lisboa na antiga sala do capítulo dos monges, vai receber precisamente uma visita dedicada à ‘História do Patriarcado, no dia 7 de março.
A última visita temática do primeiro trimestre é sobre ‘Arquitetura e Artes Decorativas do Mosteiro’, a 21 de março, onde para além dos azulejos vão estar em relevo as esculturas, os mármores embutidos e as pinturas, e na antiga sacristia do Mosteiro de São Vicente de Fora existe “muita cor, muitas formas, fruto de todo um gosto do Barroco, nomeadamente de D. Pedro II e D. João”.
A visita guiada à Agência ECCLESIA terminou no terraço do mosteiro e foi com a vista para Lisboa que a coordenadora do Museu do Patriarcado destacou que no relacionamento com a cidade “importa referir” que ali existiu o “mais importante hospital até à construção do Hospital de Todos os Santos”.
Joana Santos assinala também que os Monges Regrantes de Santo Agostinho tinham uma “riquíssima biblioteca com diversos temas” e como “detentores de grande conhecimento” o mosteiro tinha “uma botica”, a atual farmácia, onde “para além de cederem os medicamentos ou mezinhas também os fabricavam”.
CB/OC