«Inspiramos, como também as pessoas da Vila Franca nos inspiraram a continuar o nosso trabalho e a continuar a vir nestas missões» – José Oliveira
Ponta Delgada, Açores, 22 fev 2024 (Ecclesia) – A primeira ‘Missão País’ nos Açores realizou-se em Vila Franca do Campo, de 4 a 11 de fevereiro, criando uma relação com a comunidade local que projeta novas realizações, no futuro.
“Inspiramos não só várias crianças e várias pessoas de Vila Franca, como também as pessoas da Vila Franca nos inspiraram a continuar a fazer o nosso trabalho e a continuar a vir nestas missões. E sentimo-nos muito realizados, porque foram muitas horas a pensar nisto, muitas horas sem dormir, muitas horas a trabalhar que realmente compensaram no resultado final”, disse José Oliveira, natural de Coimbra e a estudar nos Açores, em declarações à Agência ECCLESIA.
Sofia Rezendes, por sua vez, fez missão em “casa” -é natural da ilha de São Miguel – e partilha “um sentimento de orgulho” nesta que foi a sua primeira experiência de ‘Missão País’: “Senti-me realizada também, tirou-me um bocadinho da minha zona de conforto e agradeço ao Zé, por me ter metido neste projeto”.
55 universitários – 15 estudantes dos Açores e “os restantes eram de outras cidades de todo o país” – destes dois chefes gerais e três pares de chefes de áreas, realizam a ‘Missão País’ em Vila Franca do Campo, onde foram acolhidos na Casa do Agrupamento de Escuteiros, durante uma semana.
“Estamos muito agradecidos por nos terem sugerido esta ideia, porque correu mesmo bem”, sublinhou José Oliveira, lembrando que a primeira opção era o Nordeste, mas não tinham local para alojar tantos jovens em tempo de aulas.
Ao longo desta semana missionária, os estudantes universitários dividiram-se e visitaram a escola, o ATL e a creche, o lar, foram ao Centro de Atividades para Capacitação e Inclusão para jovens e adultos com deficiência (CACI – SCMVFC), prepararam o teatro e dinamizam iniciativas nas ruas, nomeadamente o “porta-a-porta”.
“Foi bastante positivo, porque levavam as pessoas, normalmente idosos, a passear. Muitas vezes tinham receio de sair de casas sozinhas, passavam umas horas com eles e acabavam por tirar as pessoas daquele ambiente de casa”, destacou Sofia Rezendes, estudante de Gestão.
Segundo o programa diário, após o pequeno-almoço, os estudantes iam para as diversas atividades, até às 17h00, “durante essas horas também faziam oração da manhã, rezavam e espalhavam a fé”, ao fim do dia, todos juntos rezavam o terço, jantavam e tinham a oração da noite.
Outra área de destaque em cada ‘Missão País’ é o teatro, a apresentação de uma peça, no final da semana, em Vila Franca do Campo foi no Centro Cultural aberta ao público.
“A ‘Missão País’ tem um guião para todas as missões, mas utilizamos algumas expressões açorianas, tornaram um bocadinho mais pessoal, mais regional e mais focado nos temas daqui da ilha e da vila. Muitos missionários vieram de outras universidades do continente – Lisboa, Santarém, Évora, Porto – e acharam piada a algumas das expressões daqui. Desta forma, personalizamos o nosso teatro para fazer de uma coisa um bocado geral e abrangente, uma coisa só a nossa”, explicou José Oliveira.
‘Lança as redes e encontrarás’, inspirado no Evangelho de São João, no episódio da Pesca Milagrosa de Jesus, é o tema deste ano da ‘Missão País’, segundo o chefe geral da missão nos Açores “chamado à ação e é um convite” deste projeto e do Evangelho: “Para sairmos da nossa zona de conforto e para começarmos a procurar ajudar mais o próximo e a ajudar e a receber um bocado mais a Palavra de Deus e a espalhar mais um bocado a nossa fé”.
Cada ‘Missão País’ realiza-se durante três anos na mesma localidade e ao longo deste ano, até à semana de 2025, adianta José Oliveira, estão “a pensar fazer alguns encontros” com os jovens que participaram e ficaram nos Açores, “para manter um bocado de espírito de missão no pós-missão”.
O projeto ‘Missão País’ já tem 21 anos mas em 2024 chegou ao Arquipélago dos Açores e à Diocese de Angra. “Nós só fomos convidados o ano passado para começar este projeto. Sentimos que muito poucas pessoas, ou quase nenhumas, de São Miguel, neste caso, tinha já ouvido falar da ‘Missão País’, talvez, por isso, é que a missão ainda não tinha vindo para cá. Eu já tinha feito algumas missões, estou aqui a estudar, e quando me ligaram aceitei logo e convidei a Sofia”, recorda José Oliveira. Depois de duas missões, em Portugal continental, foi desta forma que começaram a ‘Missão País’ nos Açores e na Universidade dos Açores”, acrescentou o chefe geral, lembrando que o feedback de pessoas na universidade, dos chefes, que “gostaram imenso”, era uma iniciativa necessária “tanto para os estudantes como também para a Vila”. “E mesmo professores, que foram vendo ao longo da semana as notícias que tinham saído, disseram que era um projeto muito louvável e muito nobre e que gostaram de ter alguém a dinamizar nos Açores”, realçou o estudante de Medicina na Universidade dos Açores, que agradeceu “a todas as instituições que ajudaram, a todas as empresas, porque, sem elas, a missão era um bocado impossível”. Para Sofia Rezendes que conhecia a ‘Missão País’, ser chefe-geral foi sair da “zona de conforto e conseguir lidar com tudo”, enquanto para José Oliveira, depois de duas missões, esta foi a oportunidade de “retribuir o que tinham dado até agora”, observando que “é sempre preciso que algumas pessoas assumam o controlo para continuar estes movimentos” lembrou a sua ligação ao ‘CAMTIL’, associação de campos de férias com sede em Coimbra, e ao CUMN – Centro Universitário Manuel da Nóbrega, ambas com os Jesuítas. ‘Gratidão’, é a palavra escolhida por estes dois chefes gerais para definir a Missão País nos Açores, Sofia Rezendes acrescenta ainda ‘sonho realizado’. Esta iniciativa universitária começou com estudantes ligados ao Movimento Apostólico de Schoenstatt, com 20 jovens, em 2003. Cada missão, 69 destinos este ano, é composta por 50 missionários, vários chefes, um padre e um seminarista ou uma irmã; quatro mil universitários participam na ‘Missão País’ 2024, que teve cerca de 7 mil e 500 inscrições. |
Os 55 estudantes desta missão foram acompanhados pelo ouvidor de Vila Franca do Campo, o padre José Borges, que afirmou que esta presença “fez toda a diferença”: “Tornaram-se muito próximos da comunidade e a comunidade deles”.
“Antes de começarmos esta Quaresma a frescura que veio trazer à nossa comunidade, a diferença que sentimos foi jovens missionários evangelizadores e com uma profunda espiritualidade. Trouxe uma alegria imensa, como diz o Papa Francisco, realmente a alegria é missionária, os jovens a tocar o coração dos outos jovens, das outras pessoas”, disse o sacerdote à Agência ECCLESIA.
O padre José Borges afirma que também só podem “agradecer a oportunidade” de Vila Franca ter recebido estes 55 jovens que foram “brindar com a sua presença, com a sua evangelização muito próxima, muito alegre”, afirmando que “a esperança é uma excelente companheira de viagem”.
“Estão de parabéns. Para nós foi uma espetacular esperança. Agora, a cimentar-se esta ideia para recebê-los e, com um melhor conhecimento da missão, dará muitos melhores frutos. Neste ‘ano da oração’ vimos aqueles jovens de uma delicadeza, de uma beleza espiritual, a rezar: Vamos aprender com eles a viver esta proximidade com Jesus Cristo e é uma forma maravilhosa de nos aproximarmos da Pastoral Universitária e criarmos nova esperança”, desenvolveu o ouvidor de Vila Franca do Campo.
A ‘Missão País’ 2024 vai estar em destaque no Programa ‘70×7’ deste domingo, dia 25 de fevereiro, a partir das 17h30, na RTP2, com a reportagem realizada em Vila Nova de Santo André e em Albergaria dos Doze.
CB/OC