«Fazer caminho na construção de um mundo melhor, um mundo mais justo», é o convite dos grupos comunitários às paróquias, assinala o professor Rogério Roque Amaro
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Leiria, 01 out 2023 (Ecclesia) – A Associação R3C – Rede Cuidar da Casa Comum realizou o seu encontro anual ‘Também Somos Terra’, em Leiria, onde os participantes foram desafiados pela “economia social e desenvolvimento comunitário”, apresentado pelo professor Rogério Roque Amaro.
“Foi um dia muito enriquecedor, desde o convívio da manhã, com o convite a que ligássemos aos tesouros que a natureza nos oferecia, incluindo as próprias pedras. A tarde com testemunhos que nos deixam muito para pensar e abrem muito caminho à esperança, estão a acontecer coisas muito boas”, disse à Agência ECCLESIA e à Canção Nova a presidente da R3C, Rita Veiga.
Na tarde deste sábado, Rogério Roque Amaro, economista, abordou o tema ‘Economia social e desenvolvimento comunitário’, falando de ecologia integral, e apresentou exemplos de quatro grupos de desenvolvimento comunitário, onde também participam cristãos, católicos, que partilharam a sua experiência: na cidade de Lisboa existem 20 grupos e na área Metropolitana (AML) 26 grupos ou semelhantes.
O encontro ‘Também Somos Terra’ insere-se no ‘Tempo da Criação’ 2023, que este ano tem como tema ‘Que a Justiça e a Paz Fluam’; um tempo que une Igrejas e comunidades cristãs de todo o mundo, de 1 de setembro a 4 de outubro, termina na memória de São Francisco de Assis.
Rita Veiga recordou que o nome ‘Também Somos Terra’ surgiu no primeiro encontro, há cinco anos, dado por Manuela Silva, quando também lançaram o primeiro manifesto, e quer dizer que “tudo” da casa comum e do cuidado que se deve ter reverte para as próprias pessoas.
“Fazemos parte da casa comum, nós somos casa comum. Quando reconhecemos que ‘Também somos Terra’ implica-nos a nós em todo o nosso ser”, acrescentou comentando ainda que “paz e justiça são coisas muito ameaçadas nos últimos tempos”.
A presidente da Associação R3C assinalou que a ecologia integral tem várias vertentes, “a ambiental é muito importante” mas nem é a que dedicam “mais atenção”, porque têm outros membros da Rede Cuidar da Casa Comum, “pessoas competentes”, que fazem isso, como a associação ambientalista Zero.
“A vertente social que tem implicações políticas e económicas é muito importante e queremos contribuir para que haja mudanças que se impõem. O Papa Francisco chama muito a atenção dos últimos, dos mais frágeis e dos descartados, e somos muito sensíveis a isso. Todo este problema das alterações e dos efeitos que estão a ter são aquela injustiça inaceitável que aqueles que menos fizeram para provocar o problema sejam aqueles que sofrem mais com o resultado. É uma preocupação prioritária”, desenvolveu.
Para Rogério Roque Amaro a ecologia integral “precisa de uma nova visão de todos os processos”, da política, da economia, etc, e dai surge a necessidade de uma economia diferente, “adaptada à ecologia integral”, que é a “economia solidária”, um descendente da economia social, mas “não no sentido da solidariedade assistencialista mas ecocêntrica: Com todos os seres vivos e com a natureza no seu todo, emancipatória, horizontal e igualitária”.
“Estamos neste momento e acredito que a única economia que nos consegue guiar para uma ecologia integral é uma economia solidária nesta perspetiva de respeitar pessoas, a vida, a natureza e de ser assente não no lucro desmedido mas na solidariedade e da entreajuda”, explicou o economista.
O encontro anual da Associação R3C – Rede Cuidar da Casa Comum terminou com uma celebração ecuménica, na capela dedicada aos pastorinhos Francisco e Jacinta marto, no Seminário de Leiria, associando-se à vigília ecuménica de oração ‘Together’ (juntos), pela próximo Sínodo dos Bispos, no Vaticano.
CB/OC