Especial: Equipas de Nossa Senhora realizaram encontro nacional jubilar

«Casais peregrinos de esperança» de Portugal, Angola e Cabo Verde reuniram em Fátima

Foto: Ricardo Perna/ENS

Fátima, 16 nov 2024 (Ecclesia) – O Encontro Nacional das Equipas de Nossa Senhora (ENS), da Supra-Região Portugal que inclui os países africanos lusófonos, foi uma peregrinação jubilar de esperança, no âmbito do Ano Santo 2025, este sábado e hoje, ao Santuário de Fátima.

“Este ano não podíamos deixar passar esta oportunidade do Ano Jubilar sem fazer atividades que se enquadrassem justamente nesse plano, de acordo com a convocatória da Bula que o Papa Francisco emitiu. Esta peregrinação, este fim de semana, tem essa dimensão de fazermos todos esses passos que estão previstos para que os participantes consigam obter as indulgências plenárias”, disse António Carioca, do casal responsável da Supra Região de Portugal das Equipas de Casais de Nossa Senhora, em declarações à Agência ECCLESIA.

Os participantes (equipistas) do Encontro Nacional 2025 das ENS tiveram momentos de encontro, partilha e reflexão, também com oportunidade para o Sacramento da Reconciliação (Confissão), no Centro Paulo VI, nas manhãs deste sábado e domingo, e realizaram uma peregrinação jubilar pelos espaços do Santuário de Fátima, e arredores, com passagem pela Porta Santa, para além das orações próprias do Ano Jubilar.

“Não podíamos deixar de aproveitar esse espaço para que os casais das equipas, alguns que estão cá sempre, todos os anos, mas outros que vieram pela primeira vez, aproveitassem essa experiência”, sublinhou António Carioca.

Fátima Carioca salientou que este encontro “é sempre um momento muito marcante do ano dos equipistas”, ou seja, dos casais e dos sacerdotes que fazem parte deste momento das Equipas de Nossa Senhora, e “é muito marcante” porque tem uma dimensão de formação, uma dimensão também de encontro e de celebração, “e é sempre muito cantado, mas também muito conversado”, e onde as “equipas mistas revelam a diversidade”.

“Finalmente, é um momento também de rezar e de agradecer a Deus o dom que é, logo começando pelo dom do matrimónio, que cada casal agradece a Deus, também o dom da vocação dos sacerdotes, e é também um momento de dar grandes graças a Deus e de louvar a Deus”, acrescentou a entrevistada do casal Carioca que pertence ao Movimento das Equipas de Nossa Senhora há 32 anos.

O casal responsável pela Supra Região de Portugal das Equipas de Casais de Nossa Senhora destacou, com alegria, e “grande graça”, de terem presentes “todas as regiões de Portugal”, as 16 regiões, e dos 71 setores, “grupos mais locais faltou apenas uma”, e também de alguns países de expressão portuguesa de África, que pertencem a esta supra-região, nomeadamente Angola e Cabo Verde.

Eunísia Neves e José Carlos Neves são o casal responsável das ENS em Cabo Verde, fazem parte deste movimento há 15 anos, e não é a primeira vez que participam no encontro nacional, e estiveram também cá no Encontro Internacional de 2018.

“É sempre oportunidade de crescimento, de crescermos, o convívio com os outros equipistas, o entusiasmo que levamos, então, recomendamos sempre que puderem. É muito bom estar presente”, referiu José Carlos Neves, à Agência ECCLESIA.

“E, sobretudo, cada vez que cá vimos, temos essa oportunidade de encontros mais alargados, nós reiteramos a unidade, e de facto falamos a mesma língua; nós percebemos que em Cabo Verde, de facto, estamos totalmente alinhados com o movimento e isso, de facto, é uma graça enorme”, acrescentou Eunísia Neves.

‘Casais peregrinos de esperança’ foi o tema deste encontro nacional, António Carioca destacou os testemunhos de “vidas normais”, partilhados no Centro Pastoral Paulo VI, para explicar que “não há dificuldade” nesta vivência da esperança cristã em casal.

“A esperança é esperar com confiança, é ter esse gosto de acreditar que as promessas de Deus se hão de cumprir, mais cedo ou mais tarde, e de acordo com a nossa vida; é viver com tudo aquilo que é a nossa realidade, com as nossas dificuldades, com as nossas forças; nós pomos aquilo que temos, cada um, cada casal, cada família, na educação dos filhos, na sua relação, e o Senhor depois faz o resto, essa é que é a grande missão, temos essa confiança de esperar”, desenvolveu.

“Muitas vezes falamos da esperança, mas num sentido que é mais do controlo, de gostarmos de controlar a vida, esperamos que aconteça isto, esperamos que aconteça aquilo e depois ficamos desiludidos quando isso não acontece. A esperança cristã tem o seu centro em Jesus, Jesus é a nossa esperança, assim como é também a razão de ser da felicidade e da vida eterna, da salvação”, acrescentou Fátima Carioca.

Já José Carlos Neves explica que tentam ser testemunhas de esperança “sempre” e ser bons cristãos, “partilhar os valores da vida cristã, da vida matrimonial”, porque “o melhor testemunho” é a forma deste casal cabo-verdiano viver.

 

Foto: Ricardo Perna/ENS

O bispo de Bragança-Miranda, na homilia da Missa que presidiu na manhã deste domingo, disse aos equipistas, a partir da liturgia e citando um refrão de São João da Cruz, que “só permanece o bem” que fizerem com os bens, os materiais que todos precisam “para ter uma vida digna, para a família, para a sociedade, com os bens espirituais, os talentos, porventura um curso, e, sobretudo, os bens relacionais”.

“Como casal, como família, como amigos, como membros de um movimento, membros da Igreja, membros de uma paróquia, membros de uma comunidade, membros de uma agregação humana livre, doce. Os laços que vamos tecendo, que vamos alimentando, permanecem; o bem é semente de esperança”, desenvolveu D. Nuno Almeida.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, pelas Equipas de Nossa Senhora, o bispo da diocese do nordeste de Portugal recordou que a Igreja Católica celebra este domingo é o Dia dos Pobres 2025, e alertou que “as pobrezas atuais são ainda mais complicadas”, lamentando que há quem diga que “já não há pobres, simplesmente para tranquilizar a consciência, para continuar enroscado em si próprio, no seu condomínio fechado”.

“Quem diz isto, significa que está em circuito fechado, não abre os olhos e a coração aos irmãos, e não percebe que hoje as pobrezas são mais complicadas, sobretudo a pobreza espiritual de quem não tem projeto nenhum para a sua vida, quem já não tem nenhum propósito para se levantar de manhã e para lutar, sofrer também, às vezes.”

D. Nuno Almeida realçou que as pobrezas são hoje “também as dependências de tantas situações”, e terminou “manifestando grande, grande apreço, a todas as pessoas que voluntariamente se empenham pessoalmente, como família, nas instituições: Um grande apreço pela Cáritas Nacional, pela Cáritas diocesanas, envolve tantos voluntários, um grande apreço e gratidão pelas nossas IPSS”.

As Equipas de Nossa Senhora (ENS) são um movimento de espiritualidade conjugal, nascido em França em 1938, fundados pelo padre Henri Caffarel, com o objetivo de ajudar os casais a viver plenamente o seu sacramento do Matrimónio, anunciando ao mundo os valores do casamento cristão pela palavra e pelo testemunho de vida; caracteriza-se por ser uma escola de formação para casais cristãos unidos pelo sacramento do Matrimónio.

Foto: Ricardo Perna/ENS

A Supra Região de Portugal, com os cinco países africanos da chamada África Lusófona, “é a terceira maior do mundo”, explica o casal Carioca, coordenadores até 2028, com “8 mil e muitos casais e muitos conselheiros espirituais”, completam o pódio o Brasil e o conjunto que formam a França, Luxemburgo e Suíça.

António Carioca destaca que “há valores muito semelhantes, a própria Igreja, e a comunhão dos bispos das Conferências Episcopais” entre Portugal, “que não tem nenhuma preponderância sobre os outros países”, e os países africanos lusófonos que “estão a crescer imenso, porque têm população jovem”.

O tema de estudo das ENS para 2025-26 é ‘o amor é muito mais do que o amor’ e parte de textos escritos pelo padre Caffarel, sobre o amor humano e o matrimónio, segundo António Carioca “parece estar a ler uma coisa acabada de escrever, com as mesmas dificuldades, com os mesmos desafios, com as mesmas formas de abordar as situações”.

Fátima Carioca destaca ainda que elegeram “algumas dimensões estratégicas”, como equipa ao serviço, “olhar muito para os casais que recorrem às Equipas de Nossa Senhora para serem apoiados na sua caminhada”, olhar também para as equipas de base, “que sejam verdadeiras comunidades de fé e de entreajuda”, e olhar para a Igreja, da qual fazem parte como “povo de Deus”, e a sociedade.

CB/

Foto: Ricardo Perna/ENS

Eunísia Neves e José Carlos Neves, o casal coordenador das ENS em Cabo Verde, estão “casados há 15 anos”, o mesmo de número de anos que têm no movimento que não conheciam.

Casal Neves, de Cabo Verde, nós somos da ilha de São Vicente, equipa de base Mindelo 4, nós somos pais de três filhos, 22 anos, 11 anos e 5 anos. Portanto, nós namoramos há 24 anos e casados há 15 anos.

“Recebemos o convite para conhecer, sempre dizíamos que precisamos de Deus na nossa vida. Então, a primeira, fomos conhecer como é que era e acabamos por permanecer. Continuamos sempre a recomendar as pessoas a experimentar, porque normalmente vão e acabam por gostar e permanecer”, explicou José Carlos Neves.

Segundo Eunísia Neves, as Equipas de Nossa Senhora dão a este casal a oportunidade de crescer “na fé, enquanto casal, enquanto família”, com os seus três filhos, e têm “a plena consciência” que seria “diferente” se não tivessem “entrado para as equipas”.

“O crescimento, o alinhamento em casal, a nossa entrega à comunidade, o nosso sentido de pertença à nossa comunidade religiosa, à nossa paróquia, faz toda a diferença pelo facto de nós termos tido essa oportunidade, graças a Deus, de entrar para as equipas de Nossa Senhora”, acrescentou.

Nas oito ilhas habitadas de Cabo Verde, o arquipélago lusófono é constituído por nove, só a Ilha Brava não tem a presença das ENS, o que “é um desafio para nos próximos meses tentar chegar lá”; no país têm “160 equipas estruturadas”, nos três setores desta região.

“Um crescimento visível das equipas de Nossa Senhora, graças a Deus, uma entrega, um entusiasmo, e o facto de estarmos aqui é uma forma de unidade e de rejuvenescimento dessa entrega, desse espírito de unidade ao movimento”, concluiu Eunísia Neves.

 

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