Celebrações online deixaram mensagens aos namorados, em especial aos que tiveram de adiar o seu Matrimónio por causa da pandemia
Lisboa, 14 fev 2021 (Ecclesia) – O quarto domingo sem celebrações públicas da Missa, em Portugal Continental, por causa do novo confinamento, ficou marcado por vários alertas de bispos portugueses para a solidão e possível abandono dos mais velhos.
No Algarve, o bispo diocesano evocou as vítimas da pandemia, os doentes internados ou nas suas casas, questionando uma “sociedade doente, incapaz de acolher e integrar os seus membros mais vulneráveis”.
D. Manuel Quintas deixou críticas à legalização da eutanásia, sublinhando que “ninguém deve sentir-se marginalizado ou excluído”.
Já o bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, falou num domingo “atípico”, que devia ser de Carnaval, de “alegria esfusiante”, em contraponto com o atual sofrimento provocado pela Covid-19.
O responsável católico saudou a evolução favorável na queda do número de contágios, “fruto dos profissionais de saúde” e de todos os que procuram “cumprir as regras do confinamento e utilizar todos os meios para que a pandemia possa ser atenuada”.
D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, partiu das passagens bíblicas lidas na Eucaristia dominical, sobre os doentes de lepra, e a cura de um leproso por Jesus, apesar das prescrições do Antigo Testamento que determinavam o seu afastamento do resto da população.
O arcebispo primaz convidou a levar o toque de “cura” de Jesus aos que “estão sozinhos e abandonados”, sublinhando que “pequenos gestos podem humanizar o quotidiano”, para que “ninguém se sinta abandonado”.
O responsável alertou para a situação de muitos idosos, nas suas casas e institucionalizados, pedindo uma “séria reflexão”.
“Não permitamos que ninguém seja excluído da sociedade”, apelou.
O bispo de Coimbra evocou os momentos de dificuldade e de doença que a humanidade teve de enfrentar ao longo da sua história, à imagem do que acontece atualmente, elogiando todas as “pessoas profundamente dedicadas a trabalhar em favor do bem dos irmãos”.
D. Virgílio Antunes falou da próxima celebração de Quarta-feira de Cinzas (17 de fevereiro), com que se dá início à Quaresma, desejando que seja “um tempo de graça”, apesar das circunstâncias, e promova uma mudança “interior, de perspetiva”, com atenção ao próximo e à “glória de Deus”.
Na Arquidiocese de Évora, D. Francisco Senra Coelho saudou os doentes, os idosos e os seus cuidadores, com uma mensagem de esperança, pedindo que todos colaborem com as orientações que as autoridades apresentam e com a atual campanha de vacinação contra a Covid-19.
“Não teremos um desconfinamento seguro e duradouro se não tivermos uma população imunizada”, apontou.
O cardeal D. António Marto assumiu, na sua homilia, que apesar da “justa” obrigação do confinamento, este pode trazer um “grande risco”, que é o de “levar a uma solidão prejudicial”.
O bispo de Leiria-Fátima alertou para situações de “depressão”, de conflitos ou até de “violência doméstica”, denunciando a marginalização dos pobres, dos idosos, dos migrantes, dos idosos, dos reclusos, que considerou os “descartados” dos dias de hoje.
“Não deixemos que o confinamento e o isolamento físico vençam a virtude da amabilidade”, pediu.
O cardeal-patriarca de Lisboa presidiu à Missa na Paróquia do Parque das Nações, com transmissão televisiva, pedindo que “ninguém fique só, porque a solidão mata”.
D. Manuel Clemente sublinhou que, apesar dos “cuidados redobrados” que todos devem ter uns com os outros, existem “possibilidades mediáticas” para promover a proximidade
“A solidão entristece, deprime”, advertiu.
Para o patriarca de Lisboa, a pandemia vai demorar “bastante mais” a resolver-se em termos “psíquicos e sociais”.
Esta celebração contou com uma intervenção do coordenador nacional das capelanias hospitalares, padre Fernando Sampaio, evocando a recente celebração do Dia Mundial do Doente (11 de fevereiro), para defender “o valor de cada pessoa humana em todas as fases da vida”.
“Que ninguém seja excluído dos cuidados de saúde e da nossa atenção fraterna”, disse.
Na Catedral de Santarém, D. José Traquina, que viveu duas semanas com o novo coronavírus, convidou a “aprender” com tudo o que acontece na vida de cada um.
“O isolamento a que temos de estar sujeitos há de ensinar-nos a ser mais próximos, mais irmãos, mais cuidadores uns dos outros”, apontou o bispo local, na sua homilia.
O bispo de Setúbal, D. José Ornelas, apelou à construção de um mundo “mais saudável e mais capaz de solidariedade, de futuro para todos”.
“Nunca deixemos ninguém sozinho”, pediu o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
O responsável sadino considerou que a doença “não pode ser nunca uma expressão de abandono ou de exclusão de alguém, deixando-o sozinho na sua dor”, criticando a legalização da eutanásia, sinal de uma sociedade que “renuncia” a estar com estas pessoas.
“A visão de Deus nunca é de pactuar com a destruição da pessoa”, acrescentou.
Em Vila Real, D. António Augusto Azevedo destacou a necessidade de “cuidar e dar apoio” a quem está em maiores dificuldades – de saúde, económicas ou psicológicas.
“Um gesto, uma palavra, um sinal de apoio, por mais simples que sejam, podem fazer milagres”, apontou o bispo diocesano, que manifestou a sua preocupação com a “solidão e a angústia” de muitas pessoas.
D. António Augusto Azevedo deixou uma saudação especial aos jovens namorados e aos noivos que se preparavam para celebrar o Matrimónio e o tiveram de adiar por causa da pandemia.
“Que este tempo de interregno, este adiamento, sirva pare reforçar o seu compromisso, o seu amor mútuo”, disse.
A mesma preocupação foi manifestada pelo bispo do Algarve, que recordou os noivos que tiveram de adiar a celebração do seu Matrimónio, por causa da pandemia, até “por mais de uma vez”
“Que a celebração deste dia vos dê a calma e a serenidade, para que este tempo ilumine, de facto, a vossa vida”, declarou D. Manuel Quintas.
Os bispos portugueses publicaram, para este dia 14 de fevereiro, a nota pastoral “Cuidar do amor em tempo de pandemia”.
OC
Notícia atualizada às 23h33