Responsável da Igreja Católica reage a motins anti-imigrantes, criticando propostas de «expulsão generalizada»

Madrid, 15 jul 2025 (Ecclesia) – O diretor do Departamento de Migrações da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), padre Fernando Redondo Pavón, alertou hoje para o impacto de “boatos” e “atitudes xenófobas”, na sequência de motins anti-imigrantes no sul do país.
“É fundamental que se transmitam, por todos os meios, narrativas positivas que mostrem, tanto dentro da própria comunidade como na sociedade circundante, o que a migração traz de positivo às comunidades e à sociedade, como um meio eficaz de desmentir boatos e combater atitudes xenófobas”, refere o sacerdote, em nota divulgada pela Comissão Episcopal para a Pastoral Social e Promoção Humana da CEE.
Desde sexta-feira, dia em que começaram os tumultos em Torre Pacheco, uma cidade do sudeste de Espanha, foram detidas dez pessoas na sequência dos motins anti-imigrantes, três das quais relacionadas com o ataque a um reformado que desencadeou a violência, segundo as autoridades locais.
“Como cristão e, mais especificamente, como diretor do Departamento de Migrações da CEE, não posso deixar de manifestar a minha preocupação, discordância e repulsa diante das proclamações e acusações que, nos últimos dias, alguns grupos e pessoas estão a fazer contra os migrantes instalados no nosso país, pedindo até mesmo uma expulsão generalizada e incitando à violência através das redes sociais, provocando confrontos entre migrantes e nativos”, escreve o padre Fernando Redondo Pavón.
Segundo o responsável católico, do ponto de vista eclesial a presença de migrantes está a “revitalizar, rejuvenescer e animar a vida de muitas das paróquias e comunidades cristãs envelhecidas e dizimadas”.
“O compromisso de muitas paróquias e outras entidades eclesiais que há muito acolhem e integram em seu seio, sem preconceitos, os migrantes, diz mais do que mil palavras. Este já é um gesto importante que favorece a convivência entre todos, mas é necessário não baixar a guarda e que as paróquias continuem a promover momentos e espaços de encontro entre migrantes e autóctones que possibilitem a escuta, superem preconceitos e favoreçam o enriquecimento mútuo”, sustenta.
OC