Dois dias de de festa para celebrar 100 anos de existência. O Corpo Nacional de Escutas está a celebrar o seu centenário e o seu chefe nacional é o convidado desta semana da Renascença e da Agência Ecclesia
Entrevista conduzida por Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
Como é que caracteriza o momento atual do escutismo em Portugal? Qual é a realidade quanto ao número de associados?
O CNE tem vindo a crescer desde que saímos da realidade da pandemia que nos retirou 7 a 8% do efetivo sucessivamente. Remos vindo sempre a crescer. Este ano foi um ano em que entraram 10 mil escuteiros novos, que é algo inédito na nossa história.
Recuperaram as perdas da pandemia?
Quase. Estamos a 500 ou 600 escuteiros de voltar ao número que tínhamos em 2019.
E isto é sinal de que o dinamismo, a aposta que se fez em tentar desafiarmos um pouco a forma de fazermos tudo isto, para não fecharmos, para não pararmos, para não interrompermos a ligação com os pais, e com as crianças e com os jovens, também colheu frutos. E estes frutos é este redobrado nível de confiança que a sociedade portuguesa continua a depositar em nós. Infelizmente, também vivemos com algumas associações que se dedicavam a trabalhar com os jovens e que fecharam. E, obviamente pode haver aqui algum efeito de transferência. O nosso efetivo está a recuperar de forma muito impressionante.
Além da pandemia que afetou toda a gente há uma questão específica, no caso da Igreja Católica, que tem a ver com a crise dos abusos de menores que têm estado a dominar a agenda mediática. Isso também influenciou muito a atividade e a participação no movimento Escutista?
Nos tempos mais recentes, diria que não. Nós já temos há mais de 10 anos a funcionar uma estrutura que tenta prevenir e identificar situações e reagir a elas relacionadas não só com abusos sexuais, mas com todas as outras situações que possam pôr em questão a segurança das crianças e jovens. E toda essa estrutura, obviamente, tem vindo a ganhar cada vez mais força e inicialmente com documentos de base com a nossa política de proteção de crianças e jovens. Depois, mais tarde, com o manual de boas práticas, começamos a intensificar a formação, tornámo-la obrigatória não só para os novos voluntários, mas também para aqueles que já estão no ativo. E agora mesmo estamos a iniciar também formação, a desenvolver ferramentas pedagógicas para que as próprias crianças e os jovens possam ser também parte muito ativa, quer na sensibilização para coisas que podem acontecer e que não é suposto acontecerem, quer para nos reportarem as situações o mais rapidamente possível, quer para eles próprios se sentirem mais seguros nas relações que estabelecem uns com os outros.
A par de tudo isto, uma linha de reporte que já foi criada em 2019 e que nos ajuda a lidar com as situações que vão sendo reportadas para poder também substanciar as coisas e deixar referidas em arquivo e apoiar, obviamente, em primeiro lugar na ajuda que temos de dar às vítimas. Em segundo lugar a impedir que os alegados agressores continuem a ter contato com crianças e jovens. E em terceiro lugar, a gerir toda a parte disciplinar, que também é importante, quer de forma interna, quer de forma externa, com a colaboração com as autoridades judiciais.
Essa linha foi muito solicitada desde 2019 até agora?
Nós somos também a primeira instituição em Portugal que tenhamos conhecimento a reportar publicamente os resultados dessa linha de reporte. Nestes últimos três anos, houve um ano que foi um dos anos da pandemia em que não tivemos nenhum reporte. E no acumulado dos outros três, tivemos cerca de 25-30 reportes, não todos relacionados com abusos sexuais. E dos que têm essa caracterização relacionada com abusos sexuais felizmente, diria, há os casos que temos e que foram todos tratados. São casos que não têm a moldura de abuso mais gravosa que nós podemos às vezes imaginar. Mas ainda assim é bastante nefasta para o desenvolvimento da criança e do jovem, mas não envolveu necessariamente contato físico. Estamos a falar mais ao nível de assédio e de outras situações similares. Claro que olhamos para elas com toda a seriedade, independentemente do nível de gravidade que tenham. Nós sabemos que estas situações deixam marcas profundas
nas vítimas. Temos de trabalhar todos os dias para evitar que elas aconteçam. Mas quando infelizmente acontecem, temos de saber lidar com elas com alguma rapidez.
Temos de apoiar a vítima, temos de afastar os agressores e temos que obviamente, criar condições para que elas no futuro não tenham repetição.
E essas foram as principais lições que ficaram deste momento delicado?
Sim, eu adicionaria que, para além disso, nós temos vindo a colaborar também já há alguns anos, com outras instituições que também se dedicam exatamente ao mesmo tipo de foco. Trabalhando com crianças e com jovens, trabalhando do ponto de vista pedagógico, também têm mecanismos e instrumentos semelhantes aos nossos. E também acho que a lição que aprendemos aqui foi que é preciso intensificar este sentido de corpo de parceria com outras instituições.
Nós, se calhar, estamos um pouco mais adiantados em relação àquilo que será a tendência geral das instituições da Igreja Católica portuguesa, nestes temas. E, portanto, estamos bastante disponíveis para colaborar, partilhar recursos, ferramentas, formações, instrumentos, a nossa estrutura toda de reporte, o comité de ética e tudo mais que temos, mas, claro, também temos sempre áreas para desenvolver para melhorar. E é muito importante nós irmos percebendo e dialogando com todos quantos trabalham com estas realidades para podermos continuar a fazer caminho. Temos neste momento um projeto a correr com os nossos irmãos, Escuteiros de Espanha, a Associação Católica congénere da nossa, precisamente, para os ajudar a eles a trabalhar mais de perto a realidade da formação dos voluntários, e em conjunto trabalharmos nós e eles em algo que nós, como dizia, há pouco, estamos a tentar intensificar que é a própria formação e sensibilização dos mais novos.
Como é que avalia a interação cooperação com as outras instituições da Igreja? A Conferência Episcopal Portuguesa publicou uma nota a respeito do centenário, destacando a identidade católica do movimento. Como é que olha para esta mensagem?
Acho que a mensagem que a Conferência nos dedicou é uma mensagem que é relevante, que agradecemos bastante. Estamos muito reconhecidos por este sentido, também de pertença e de reconhecimento desta mesma pertença por parte da Conferência Episcopal Portuguesa. Claro, nós somos sempre exigentes. Os jovens são muito irreverentes por natureza. A mensagem que nós recebemos, sublinha aspetos que já tinham sido referidos na mensagem que recebemos há 10 anos, por ocasião dos nossos 90 anos. Nós estamos sempre à espera de receber algo mais, algo que vá mais para diante, que nos desafie a pensarmos um pouco mais além e a continuarmos a crescer e a desenvolver novas fronteiras para a evangelização, para podermos trabalhar junto dos jovens, quer aqueles que são católicos e que também precisam de evangelização, mas também para podermos trabalhar novas fronteiras e tentarmos ser movimento de facto de fronteira e que traga jovens novos para esta realidade católica portuguesa. A mensagem, em si, deixa-nos muitas pistas para nós podermos desafiar-nos e preenchermos, digamos assim, os espaços, as entrelinhas que nos deixaram em aberto para que nós possamos continuar o caminho que temos vindo a fazer. E desenvolver ainda mais o escutismo como sendo esta excelente forma de ajudar os jovens a crescer, a sentirem-se integrados e a serem melhores cidadãos no contexto da evangelização e do Evangelho que nós trabalhamos todos os dias, com eles.
Olhando para esse futuro que de certa forma já estamos a viver.
Estamos numa sociedade que é cada vez mais tecnológica e com relações humanas cada vez mais digitalizadas. Onde é que está o segredo de propostas, escutista que continua a cativar tantas pessoas? A ligação com a natureza e o espírito de grupo são fundamentais para esse sucesso?
Eu acho que sim. São de facto dois elementos importantes, muito importantes. O facto de o escutismo proporcionar experiências aos jovens de estarem num ambiente seguro – como dizíamos há bocado – mas um ambiente mais descontraído; a gente costuma dizer assim, numa linguagem mais técnica que trabalhamos na educação não formal. O que quer dizer que é o próprio jovem o principal motor do crescimento e do desenvolvimento que trabalham em pequenos grupos, sentem-se responsabilizados por aquilo que decidem fazer. São eles que escolhem o caminho deles.
São eles que decidem por onde vão, o que querem fazer, quando querem fazer e para onde vão fazer as suas atividades, com que causas se vão comprometer.
E eu acho que estes elementos são elementos que aglutinam os jovens em torno de algo que eles percebem. Somos nós que queremos fazer isto e eu acho que esse continua a ser um dos segredos do escutismo ao longo destes últimos 100 anos. Por outro lado, como diziam há pouco; o envolvimento com a natureza, o envolvimento com a comunidade em que o jovem se movimenta permite-lhe ter um campo de atuação em que ele, no espaço natural físico, consegue, se calhar, dar azo à sua imaginação de outra maneira. Mas não podemos descurar também estas tecnologias todas que vão surgindo desde as redes sociais e os ChatGPT, e tudo isso que vai surgindo, são ferramentas úteis que os jovens vão aproveitar de certeza no seu futuro, na sua vida estudantil e profissional e o escutismo não é alheio a isso. Nós temos de estar também no tempo e temos de ser relevantes para aquilo que o jovem encontra na sua vida.
Este é um tempo em que vivemos um problema enorme, relacionado com a natalidade. Pergunto-lhe até que ponto a baixa natalidade em Portugal é também um problema para o escutismo?
A baixa natalidade é um desafio de facto, porque a nossa natalidade está continuamente baixa, muito baixa, com uma taxa de reprodução da nossa sociedade, da nossa população, abaixo daquilo que seria o desejável para que os dados demográficos possam estabilizar.
E eu acho que isso nos traz dois desafios fundamentais. O primeiro é um desafio de sermos cada vez mais um movimento que está junto do jovem, onde quer que ele esteja. Os jovens portugueses, os jovens da nossa cultura milenar que nasceram, cresceram e vivem em Portugal, mas também nos traz o desafio de obviamente, a sociedade portuguesa vai cada vez mais, se não revertermos esta tendência demográfica, vai ser cada vez mais espaço de acolhimento de outras culturas, de pessoas que vêm de outros países para viver e trabalhar em Portugal e constituir aqui as suas famílias ou trazendo as suas famílias e as suas crianças. E o CNE também tem de ser espaço que ajuda a integrar estas famílias na nossa sociedade portuguesa, nas nossas comunidades.
E já há jovens escuteiros estrangeiros?
Há. Ainda neste último fim de semana estive no Sul a testemunhar a promessa de novos escuteiros e estava lá um escuteiro belga e com a sua irmã que já tinha feito a promessa, mas ele fez no domingo e é sempre uma alegria. Temos recebido e acolhido os escuteiros da Ucrânia também que vêm para cá viver para o nosso país. E já tivemos uma vaga maior de pessoas do Leste ou do Norte de África a virem para Portugal, países lusófonos. Todos esses escuteiros são pessoas que nós tentámos abordar, que nós tentamos trazer. Claro que há aqui alguns desafios na parte da integração destas crianças e destes jovens. Não só em termos culturais, em termos religiosos. Há um conjunto de dimensões que nos trazem algum desafio, mas também nos trazem uma riqueza enorme que os beneficia não só a eles na integração, mas a todos os outros que já estão dentro dos nossos grupos para poderem também aprender a viver nesta aldeia cada vez mais global.
O futuro imediato, para além da celebração do centenário, está voltado para a Jornada Mundial da Juventude. Esse encontro tem-se constituído uma alavanca na dinamização das atividades do CNE?
Sem dúvida. Nós temos duas dimensões de participação na Jornada: a primeira é uma dimensão vivida pelos jovens que nós temos no Movimento Escutista, com idade para poderem ser participantes e usufruir desta alegria contagiante, que vai ser termos tantas centenas de milhares de jovens de todo o mundo no nosso país, espalhados pelas nossas paróquias e dioceses e depois concentrados em Lisboa. E estamos a fazer um esforço grande de mobilização e de motivação aos nossos jovens para uma experiência única, que será de acolhimento, mas também será de partilha e de crescimento.
A segunda dimensão é a dimensão do voluntariado. Nós também temos muitos escuteiros com idade para poderem trabalhar na Jornada, colaborando nas várias missões que a Jornada pede e nos oferece. Esta, em si, também se divide em duas partes: a primeira, aquela que corresponde às solicitações que o Comité Organizador nos pede e vamos ter – entre tantas outras missões que vão ter voluntários escuteiros a trabalhar – toda a área do check-in dos participantes será assegurada pelo CNE. Outra parte é a dimensão da oferta celebrativa, quisemos integrar a JMJ nas nossas celebrações do centenário.
Há duas ou três iniciativas que somos a oferecer, para que jovens de todo o mundo, escuteiros ou não, as possam também vivenciar e, com isso, darmos um pequeno toque de Escutismo.
A JMJ também obrigou a alterar o que seria o calendário normal de atividades escutistas em Portugal…
Com certeza, tínhamos pensado, há cinco anos, em realizar o nosso acampamento nacional, no ano do centenário, em agosto de 2023. Quando a Jornada Mundial da Juventude foi alterada, em virtude da pandemia, e foi adiada, optamos nós por trocar e antecipar o nosso acampamento, para que este ano estivéssemos mais disponíveis, quer em termos de voluntários, quer em termos também da disponibilidade financeira de todos os nossos escuteiros, para poderem participar na Jornada sem outro tipo de distrações.
O CNE é uma associação capilar, no território nacional. Acredita que o país e a Igreja seriam os mesmos sem este século de Escutismo católico, em Portugal?
Eu diria que não. Acho que o CNE também não seria o mesmo se não tivesse nascido e tivesse as suas raízes na cidade de Braga e no nosso fundador, D. Manuel Vieira de Matos, que teve, com monsenhor Avelino Gonçalves, uma visão muito à frente do seu tempo, daquilo que poderia ser o escutismo católico que eles conviveram e viram em ação na Itália, em Roma, a potencialidade que traria para o nosso país. Mas também acho que, ao longo destes 100 anos, as centenas de milhares de jovens e de adultos que se dedicaram a crescer no escutismo, e que hoje vivem nas mais variadas missões – temos, se calhar, escuteiros em todo o lado, é muito fácil irmos a algum sítio, cruzarmo-nos com uma pessoa e, ao fim de alguns minutos, a gente perceber que essa pessoa é ou foi escuteiro. Há marcas que a gente encontra: o sentido de trabalho em equipa, a capacidade de sermos responsáveis por algumas tarefas, por mais importantes ou o mais simples que possam ser, termos a consciência que elas contribuem para o sucesso do todo. Eu diria que o Escutismo, falando numa lógica quase pedagógica e escolar, acaba por ajudar a formar cidadãos com competências que completam, de forma muito interessante, aquelas que são as competências mais tecnológicas e científicas que a escola hoje oferece. A própria escola tem vindo a desenvolver-se e hoje também já começa a olhar para o desenvolvimento de competências não-formais, de forma muito mais incisiva, que é algo a que nós nos dedicamos ao longo de tantas décadas.
Além do olhar sobre o passado, esta celebração marca também o início, desejando, de um novo século de escutismo católico em Portugal. Espera que as vozes das novas gerações sejam levadas a sério, na construção deste futuro?
Sem dúvida, o Escutismo e o Escutismo Católico Português só fazem sentido com o envolvimento do jovem e da criança. São eles o principal motor do crescimento, o adulto está aqui – digo eu- às vezes a brincar, mas muito a sério – para garantir que ele tem condições de segurança para errar, para não acertar à primeira, para poder aprender com esses mesmos erros.
Vamos ter agora o culminar, no próximo mês de outubro ou novembro, de um Congresso que traz aquilo que são as conclusões de sábado. Ontem fizemos um fórum em Braga, que começou já há alguns meses, desde as bases, de todos os nossos grupos locais: pedimos aos nossos escuteiros, desde o mais novo lobito até ao mais antigo dirigente, que pensassem no futuro do CNE, este CNE do segundo centenário em três dimensões e uma adicional, a dimensão da sustentabilidade: na dimensão das atividades, da educação não-formal e também na dimensão da vida comunitária. E uma quarta, que dá espaço a que eles possam propor outros desafios que não se encaixem em nenhuma daquelas três. Ontem mesmo juntaram-se centenas de escuteiros a discutir, a propor e a desafiar a nossa associação, com tantas ideias sobre estes temas, que nós agora vamos colecionar e vamos agrupar, para poder discutir em Congresso, em Coimbra, e com isso encerrar já depois da JMJ, o nosso centenário, pensando precisamente como é que vai ser o CNE do segundo centenário.
Um dos grandes problemas que vivemos atualmente está relacionado com as alterações climáticas e aí também há uma palavra a dar, por parte dos escuteiros?
Sim, não só o Escutismo português, o Escutismo a nível mundial, defende o cuidar da natureza desde há 120 anos, quando tudo isto começou. Portanto, ao longo destas gerações, ainda bem, a sociedade não só portuguesa, mas internacional, foi ganhando uma cada vez maior consciencialização para a necessidade, que todos temos, de cuidar daquilo que é de todos, o ambiente, aquilo que nos rodeia, os espaços, a água, o mar, os campos, as florestas, toda a natureza na qual nós também nos inserimos. O Papa Francisco brindou-nos com uma encíclica brilhante sobre o mesmo assunto [Laudato Si’, 2015] e os escuteiros continuam empenhados nesta construção, a fazer cada vez mais para diminuir o desperdício, para diminuir o desperdício alimentar, para fazer cada vez mais aproveitamento dos nossos recursos e podermos ter condições de conforto, sem prejudicar aquilo que seja o futuro.
A nível mundial, os responsáveis do escutismo português têm sido chamados a ocupar alguns cargos de relevo. Esse é um sinal de reconhecimento pelo percurso que tem sido feito?
É um misto de reconhecimento e, por outro lado, de compromisso também dos nossos voluntários com uma causa maior. Quando nós abraçamos missões internacionais, há sempre o levar aquilo que é a nossa vivência, aquilo que são as nossas experiências, aquilo que é a competência que as pessoas têm, mas também há o trazer novas realidades, como outros fazem e trabalham os mesmos problemas, os mesmos desafios que nós sentimos. Eu acho que ficamos todos a ganhar e é, de facto, um trabalho de aposta continuada que fazemos, tentar promover a participação dos nossos voluntários em encontros internacionais, em grupos de trabalho e que, obviamente, depois vão colhendo frutos. Todos os escuteiros estão aptos a ter este sentido de colaboração e de trabalho em equipa. É só uma questão, às vezes de darmos um pequeno empurrão para que para que o escuteiro português possa colaborar lá fora e, com isso, contribuir para o desenvolvimento do Escutismo Internacional.