Escutismo: «Queremos que o CNE continue a ter, no segundo centenário, um papel relevante na vida dos jovens, das comunidades e da nossa sociedade», afirma chefe nacional

«Congresso do Centenário» assinalou o primeiro século do movimento em Portugal, que contou com mais 10 mil novos membros no último ano

Coimbra, 27 jan 2024 (Ecclesia) – O chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE) disse que as celebrações do primeiro centenário foram “muito vividas” pelos agrupamentos, localmente e nas comunidades, e projeta o segundo centenário continuando a ter um “papel relevante” para os jovens.

“Queremos que o CNE continue a ter, no segundo centenário, um papel relevante na vida dos jovens, das comunidades e da nossa sociedade, continuando a contribuir para a construção de uma sociedade justa e feliz”, afirmou Ivo Faria em declarações à Agência ECCLESIA, à margem do Congresso do Centenário.

O Corpo Nacional de Escutas assinala hoje e este domingo o encerramento das celebrações do centenário com um congresso no Convento de São Francisco, em Coimbra, com a participação de mais de 300 escuteiros de todas as regiões escutistas do país, para debater a importância do escutismo em áreas tão distintas como a Educação não Formal, a Sustentabilidade e a Comunidade.

“É tempo de discutirmos aqui em conjunto e depois sermos capazes de poder sistematizar as conclusões para poder partilhá-las e publicá-las”, afirmou o chefe nacional que, aos três temas enunciados, acrescentou um quarto, “fora da caixa”, para colher todas as propostas temáticas dos escuteiros.

Ivo Faria indica que os trabalhos do Congresso do Centenário já começaram “há bastantes meses” com uma dinâmica que proposta aos grupos locais para pensarem sobre os temas em debate nos dois dias, em Coimbra.

As conclusões do Congresso do Centenário serão depois enviadas aos “níveis locais” do CNE “para que as possam adaptar à sua realidade” e seja construído um documento que traduza um caminho a trilhar “enquanto coletivo”.

O chefe nacional do CNE sublinha que o movimento tem “uma preocupação muito vincada” de continuar a “ser relevante na vida dos jovens” e “trabalha com todas as crianças e com todos os jovens que já têm uma vida muito partilhada com a comunhão eclesial” e também está “virado para trabalhar nas fronteiras, nas periferias”, sendo “um movimento evangelizador que também ajuda jovens e crianças que ainda não descobriram Cristo”.

Ivo Faria referiu-se ao projeto “Entre Linhas”, objeto de debates ao longo de vários anos e cujas conclusões estão a ser apresentadas em cada região do CNE, como um oportunidade de “criar espaços para que todos se sintam acolhidos, amados por Deus, independentemente da sua condição existencial ou orientação sexual”.

“Mais do que ser uma discussão ideológica, mais do que trazermos algum debate sobre temas da inclusão ou ideologia do género, que nunca tivemos nem temos como intenção principal debater, visa criar alguma discussão, reflexão sobre a temática da vivência da afetividade e da sexualidade no contexto da construção individual de cada um”, afirmou Ivo Faria, sobre o projeto “Entre Linhas”.

O chefe nacional considera que o projeto “Entre Linhas” tem ajudado a “discernir” e a criar na Igreja, nomeadamente no CNE, um ambiente de acolhimento “independentemente da condição existencial de cada um”.

Ivo Faria afirmou que o Corpo Nacional de Escutas, sendo o maior movimento juvenil português, está “em franca expansão”, com mais 10 mil novos associados pelo segundo ano consecutivo, apesar do “contexto social e demográfico complexos”.

Foto Agência ECCLESIA/CB

«Sou muitas coisas, mas acima de tudo sou escuteira»

Catarina Pinto, do agrupamento 1271 de Campo, da região do Porto, é escuteira de 2008. «Eu sou muitas coisas, mas acima de tudo sou escuteira», afirma a estudante de Direito, que começou nos escuteiros por influência familiar, mas depressa percebeu que o escutismo “moldou” a sua personalidade. “É uma casa, uma família e é aqui que me sinto bem acolhida e posso ser quem sou”, sustenta.

Participar nas celebrações do centenário foi um “orgulho e, apesar de já ter 22 anos e alguns anos de escutismo, considera “muito bom poder aprender com quem já aqui anda há muitos anos”.

«É extremamente gratificante viver o centenário»

Alexandre Fernandes tem 23 anos e está nos escuteiros há 13, porque quis! Filho primogénito, não foi fácil convencer os pais a pertencer ao movimento escutista. “Fui escuteiro a partir dos exploradores: foi uma guerra em casa”, recorda. Depois de convencer os pais a deixar que pertencesse aos escuteiros “nunca mais” deixou…

No centenário do escutismo em Portugal, o agrupamento a que pertence, 20, da Covilhã, está também a iniciar a celebração dos 100 anos de história. “Olhar e pensar: já foi feito tanto, mas ainda estamos no início. A cada 10 anos podemos fazer um marco de algo que cresceu, algo que está diferente”, sustenta.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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