Obra lançada em Lisboa quer ajudar educadores, no acompanhamento de crianças e jovens
Lisboa, 17 nov 2023 (Ecclesia) – O Corpo Nacional de Escutas (CNE) – Escutismo Católico Português apresentou esta quinta-feira, em Lisboa, o livro ‘Lugares da Afetividade e da Sexualidade na configuração da Identidade Pessoal’, um “contributo” para os educadores, a Igreja Católica, organizações e instituições,.
“A ideia é que isto possa ser partilhável e outros e possam apropriar desta reflexão e levá-la a seu modo. Não se trata de nenhuma mudança, de nenhuma mudança organizacional ou institucional, mas são contributos para um caminho onde cada educador terá de se apropriar desta reflexão”, disse o padre Luís Marinho, coordenador do Projeto ‘Entre Linhas’, à Agência ECCLESIA.
O sacerdote, o assistente mundial da Conferência Internacional Católica do Escutismo, sublinha que a ideia é que esta obra possa ser partilhável e que outras instituições/organizações “possam apropriar desta reflexão e levá-la a seu modo”, um “contributo humilde mas convicto” do Escutismo Católico Português para que “na Igreja, na sociedade, este caminho de aprofundamento possa continuar”.
“Tem uma coincidência interessante que o relatório do Sínodo dos Bispos, no ponto 15, fala desta necessidade de se aprofundar este assunto, num diálogo com as várias ciências, a Teologia no meio, a tradição da Igreja, a sabedoria do povo para se chegar a uma nova síntese para acompanharmos crianças e jovens”, salientou o padre Luís Marinho, adiantando que o Corpo Nacional de Escutas vai “dinamizar alguns encontros” por várias regiões de Portugal para permitir essa “tomada de contacto, diálogo e aprofundamento”.
O livro ‘Lugares da Afetividade e da Sexualidade na configuração da Identidade Pessoal’ apresenta as atas do Simpósio ‘Lugares da afetividade e da sexualidade na configuração da identidade pessoal’, realizado em janeiro deste ano, em Coimbra, e reflexão do trabalho do Projeto ‘Entre Linhas’, que começou em 2020.
| A professora universitária Inês Espada Vieira, que participou numa conversa cruzada sobre o ‘lugar da Antropologia’ no simpósio do CNE, disse que “todos os espaços de reflexão e diálogo são importantes”, e recorda que, em Coimbra, “sentiu diálogo intergeracional, abertura, interdisciplinaridade”.
“É nesta tensão entre algumas pessoas para quem ainda estamos ao nível da ousadia e outras para quem estamos só a falar de relações humanas, de procura, de tentativas, de ensaios, que precisamos de produzir alguma reflexão consistente e ter um livro também dá essa forma quase académica desta reflexão”, explicou à ECCLESIA. |
O padre José Frazão Correia, da Companhia de Jesus (Jesuítas), vê este exercício de reflexão, de escrita e de debate como um “ato de responsabilidade eclesial”, destacando que o Corpo Nacional de Escutas congregou “sensibilidades diferentes” – como a Universidade Católica, o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) -, para olhar para “toda esta problemática e elementos que a compõem”, com “maior nível de serenidade” que, por vezes, “falta, porque há uma tendência para extremar posições, ir numa direção ou outra sem grande espírito critico”.
“É uma reflexão na Igreja e sobre temas que fazem parte da biografia de qualquer pessoa e estão muito presentes no espaço mediático, cultural, social. A Igreja, creio, tem bastante dificuldade em lidar com estes temas, e compreensivelmente, porque também estão expostos a muitas ideologizações, a muitas fraturas, mas é incontornável, então para educadores ainda mais incontornável é”, destacou o diretor da Revista Brotéria, à Agência ECCLESIA, sobre “um bem que se oferece à própria Igreja”.
Os caminhos não seguros é que são interessantes, os outros já estão percorridos, e, às vezes, caímos na tentação de os repetir, neste caso e noutros é necessário investigar e ter humildade para perceber que as linhas são muitas e a nossa linha cruza-se com as outras. A linha teológica há de ter a humildade e a coragem de se cruzar com outros saberes e outras linhas” – Padre Jerónimo dos Santos Trigo, professor da UCP.
A coordenadora do Instituto de Ciências e da Família, da Universidade Católica Portuguesa, participou na apresentação do livro ‘Lugares da Afetividade e da Sexualidade na configuração da Identidade Pessoal’, antes, destacou que “nem a afetividade, nem a sexualidade são processos simples”.
“Sendo aspetos tão centrais, valorizo muito o conteúdo desta obra também pela sua diversidade. Parece-me que este itinerário tão composto, com tantos olhares diferentes, pode contribuir um bocadinho para nos desinstalar e para ficarmos certos de que não há uma visão única sobre nenhum destes temas”, explicou Susana Costa Ramalho, docente da Faculdade de Ciências Humanas, à Agência ECCLESIA.
HM/CB/OC
Igreja/Escutismo: Nova obra aborda «lugares da afetividade e da sexualidade»