Escutismo: CNE celebra 100 anos em Portugal com recorde de novos membros

10 mil escuteiros entraram na associação, no último ano, permitindo uma recuperação «impressionante» no pós-pandemia

Foto: RR/Henrique Cunha

Porto, 28 mai 2023 (Ecclesia) – O chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE)-Escutismo Católico Português, afirmou que a associação está a festeja o seu centenário com um número recorde de novos membros, no último ano.

“O CNE tem vindo a crescer desde que saímos da realidade da pandemia que nos retirou 7 a 8% do efetivo sucessivamente. Remos vindo sempre a crescer. Este ano foi um ano em que entraram 10 mil escuteiros novos, que é algo inédito na nossa história”, refere Ivo Faria, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada ao domingo.

Segundo o responsável, o efetivo está a “recuperar de forma muito impressionante” e a associação está a cerca de meio milhar de membros de regressar ao número de associados pré-pandemia.

“Isto é sinal de que o dinamismo, a aposta que se fez em tentar desafiarmos um pouco a forma de fazermos tudo isto, para não fecharmos, para não pararmos, para não interrompermos a ligação com os pais, e com as crianças e com os jovens, também colheu frutos”, apontou.

O CNE, fundado no dia 27 de maio de 1923, é a maior associação de jovens do país com cerca de 70 mil associados.

“O Escutismo acaba por ajudar a formar cidadãos com competências que completam, de forma muito interessante, aquelas que são as competências mais tecnológicas e científicas que a escola hoje oferece”, indica o chefe nacional.

Desde 2016, o CNE tem uma estrutura interna denominada “Escutismo: Movimento Seguro”, tendo recebido nos últimos três anos “cerca de 25-30 reportes, não todos relacionados com abusos sexuais”.

“Sabemos que estas situações deixam marcas profundas nas vítimas. Temos de trabalhar todos os dias para evitar que elas aconteçam”, observa Ivo Faria.

O chefe nacional do CNE entende que os escuteiros estão “um pouco mais adiantados” em relação à “tendência geral” das instituições da Igreja Católica em Portugal, nas questões da proteção de menores.

“É muito importante nós irmos percebendo e dialogando com todos quantos trabalham com estas realidades para podermos continuar a fazer caminho”, assume, apontando à necessidade de “intensificar a própria formação e sensibilização dos mais novos”.

No dia 14 de maio, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou uma Nota Pastoral sobre o centenário do CNE, sublinhando o seu legado na construção de uma “cidadania empenhada, ativa e responsável”.

Ivo Faria refere que o texto deixa “muitas pistas” para o desenvolvimento da associação, uma “excelente forma de ajudar os jovens a crescer, a sentirem-se integrados e a serem melhores cidadãos no contexto da evangelização e do Evangelho”.

Num olhar sobre os últimos 100 anos, o entrevistado assume que o país e a Igreja “não seriam os mesmos” sem este século de Escutismo Católico, cuja pedagogia destaca o “envolvimento do jovem e da criança”.

“É o próprio jovem o principal motor do crescimento e do desenvolvimento que trabalham em pequenos grupos, sentem-se responsabilizados por aquilo que decidem fazer. São eles que escolhem o caminho deles”, acrescenta.

Questionado sobre os desafios que as novas tecnologias levantam ao CNE, em particular às suas marcas de relação com a natureza e espírito de grupo, Ivo Faria indica que a associação está atenta.

“Nós temos de estar também no tempo e temos de ser relevantes para aquilo que o jovem encontra na sua vida”, precisa.

O chefe nacional adverte para a crise demográfica e sublinha o papel do CNE no acolhimento dos novos migrantes, que procuram Portugal.

“Há um conjunto de dimensões que nos trazem algum desafio, mas também nos trazem uma riqueza enorme que os beneficia não só a eles na integração, mas a todos os outros que já estão dentro dos nossos grupos para poderem também aprender a viver nesta aldeia cada vez mais global”, explica.

Questionado sobre o envolvimento do CNE na JMJ Lisboa 2023, que vai decorrer de 1 a 6 de agosto, sob a presidência do Papa, Ivo Faria fala num “grande de mobilização e de motivação” para que os jovens escuteiros possam viver “uma experiência única”.

A edição internacional da JMJ, que Portugal acolhe pela primeira vez, vai ter muitos voluntários escuteiros, sendo o CNE responsável pela “área do check-in dos participantes”.

“Há duas ou três iniciativas que somos a oferecer, para que jovens de todo o mundo, escuteiros ou não, as possam também vivenciar e, com isso, darmos um pequeno toque de Escutismo”, adianta o chefe nacional.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

 

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Agência ECCLESIA

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