«Escritos proféticos»

“As Obras Escolhidas” de D. António Ribeiro estão agora disponíveis para o público em geral. Numa altura em que se assinalam 10 anos sobre a morte do Cardeal Patriarca de Lisboa, são editados um conjunto de “escritos proféticos”. Aos dois volumes agora lançados – o 1º volume sobre “A Passagem da Morte à Vida – Homilias do Tríduo Pascal” e o 2º Volume “Imagens Vivas de Cristo Pastor – O Ministério Ordenado na Igreja”, estão previstos “pelos menos mais oito”, adianta o Cónego Nuno Brás, responsável pela Comissão que coordena este projecto. As Homilias de Natal, textos sobre Nossa Senhora, os leigos e a evangelização, Mistério da Igreja, Vida Religiosa e um último volume com temas diversos “mas onde sobressai a voz do pastor”, estão a ser preparados. O Cardeal Patriarca de Lisboa aponta estas publicações como um património espiritual da diocese que agora se torna público. “Estes textos corriam o risco de ficar perdidos”, sublinha à Agência ECCLESIA. A somar aos volumes apresentados e previstos, D. José Policarpo admite que gostaria de ver ainda publicadas as muitas cartas pastorais que o seu antecessor escreveu. “Escritos de uma grande actualidade e profecia”. D. José Policarpo, sucessor de D. António Ribeiro que com ele conviveu quase 30 anos, explica que as obras agora publicadas constituem um património da Igreja de Lisboa. “As comunidades não vivem só do presente, mas do património que se vai acumulando”. O ministério de D. António Ribeiro foi “vivido em plena mudança de regime, com a perturbação da revolução, entre surpresas diárias que havia”, lembra o Cardeal Patriarca de Lisboa que admite, ainda não ter lido na totalidade os textos, “apesar de os ter ouvido todos em primeira mão”, recorda. D. José Policarpo, que conviveu de muito perto com D. António Ribeiro e com quem mantinha muitas conversas, explica que não foi complicado seguir a obra do seu antecessor. Se a continuidade não foi complicada, o trabalho em si “é muito denso, até para quem estava já por dentro da vida da diocese”. “Tenho-o admirado muito ao longo destes 10 anos ao sentir na pele o empenho, a responsabilidade e a solicitação”, dá conta D. José Policarpo. O Cónego Nuno Brás, que em parceria com Manuela Carvalho, organizou e coordena ainda este projecto, salienta que apesar de alguns textos de D. António Ribeiro já terem sido publicados, “faltava uma publicação que apresentasse as principais homilias e mensagens do Cardeal Ribeiro proferidas entre 1971 e 1997”. Por diversas vezes a publicação dos textos foi tema de conversa entre os seus colaboradores mais próximos. Em todas as solicitações, o Cardeal Ribeiro respondia que seria necessário ter tempo para rever os textos com calma. “Nunca procurou o protagonismo”, realçou o Cardeal Patriarca de Lisboa. Mas a leitura dos textos evidencia “claramente a sua actualidade”, aponta o Cónego Nuno Brás. Esta publicação manifesta três objectivos cimeiros: fazer “a justa homenagem a D. António Ribeiro, disponibilizar o ensinamento para todos e reunir o disperso e completá-lo”. Fazer a justa homenagem “As Obras Escolhidas”, uma publicação da Universidade Católica Portuguesa, são oportunidade para “reavivar a memória do Cardeal António Ribeiro e de agradecer tudo o que fez pela UCP”, explica à Agência ECCLESIA Manuel Braga da Cruz, Reitor da Universidade Católica Portuguesa. As obras não se limitam às intervenções de D. António a favor da UCP. São obras de toda a sua actividade pastoral, “mas o Cardeal Ribeiro teve sempre com a UCP uma atitude de muito interesse e acompanhou sempre de muito perto toda a actividade da universidade”, recorda o Reitor. Quando D. António Ribeiro tomou posse como Cardeal Patriarca, em 1971, a UCP limitava-se a Braga, à Faculdade de Filosofia e “a pouco mais em Lisboa”. D. António Ribeiro acompanhou toda a expansão e desenvolvimento da universidade e “fê-lo sempre com um vivo interesse ao ponto de, pacientemente ir recolhendo donativos”, lembra Braga da Cruz. Quando faleceu, o sucessor teve a iniciativa de recriar, com os fundos recolhidos, a Fundação D. António Ribeiro que se destina a apoiar a Faculdade de Teologia. O Reitor da UCP frisa que a publicação das obras permite que “todo o seu fecundo apostolado frente ao Patriarcado de Lisboa possa ser retomado com proveito de todos nós”. Braga da Cruz afirma que “todos nós podemos agora beneficiar do seu magistério” e que as obras representam um incentivo à leitura, “à meditação e à prática”. D. António Ribeiro é recordado pelo Reitor da UCP pela sua “coragem e prudência” com que conduziu a Igreja de Lisboa num período da história “muito difícil para a Igreja portuguesa”, que correspondeu à transição de regimes. A publicação da obra é também muito significativa para o Monsenhor Agostinho Moita, secretário particular de D. António Ribeiro, que o lembra “como um grande homem”. Todos os textos apresentados são fruto da recolha do secretário pessoal, que em tempo onde ainda não havia computadores, os dactilografava. Já na altura, o secretário pensava na importância de partilhar os textos com todos. Mas “as pessoas diziam que a publicação de a «Vida Católica», já era excessiva”. Agora se verifica “que não eram excessivos e tenho pena que alguns não tenham sido transmitidos”, lamenta o secretário. Os volumes publicados vão mostrar uma outra dimensão de D. António Ribeiro, “quer para quem o conheceu e ouviu os seus textos, como para aqueles que não o conheceram”. O secretário pessoal recorda textos “extraordinários” e destaca os textos de Quinta feira Santa e as homilias da Páscoa. Mas acrescenta ainda os escritos de D. António Ribeiro sobre “alturas importantes no país, em que ele não deixava passar sem dizer um palavra”. Monsenhor Agostinho Moita manifestou também a sua satisfação pela homenagem marcada para 21 de Maio, data em que o Cardeal António Ribeiro completaria 80 anos. Notícias relacionadas Cardeal António Ribeiro, 10 anos depois

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