D. José Policarpo afirmou que os escritos da Madre Teresa de Calcutá, dados a conhecer no livro “Mother Teresa: Come Be My Light” (“Madre Teresa: Sê a Minha Luz”), “não põem em causa a sua crença em Deus”. O Cardeal Patriarca de Lisboa recordou a «mãe dos pobres», ontem, numa Eucaristia na Igreja Maximiliano Kolbe (Chelas), assinalando os dez anos da morte de Madre Teresa de Calcutá. “O que os escritos vêm dizer é da seriedade e objectividade desta mulher no seu caminho de santidade”, acrescentando que os media “não perceberam nada” ao falarem em crise de fé. D. José Policarpo equiparou os escritos de Madre Teresa aos de santos católicos como Santa Teresa de Lisieux, São João da Cruz ou Santa Teresa de Ávila. “Ela tocou a Deus a sério, e por isso sofreu o que só sofrem aqueles que, depois de se terem despojado de todas as coisas da carne e do sangue, se enfrentam com o mistério tremendo que só se abrirá para nós na hora da eternidade”, afirmou aos fiéis reunidos. As quase 40 cartas da monja de origem albanesa cobrem um período de 66 anos e foram recentemente divulgadas. “Onde está minha fé, inclusive aqui no mais profundo não há nada, meus Deus, que dolorosa é esta pena desconhecida. Não tenho fé”, escreveu numa carta. “Jesus te ama de uma forma muito especial. No meu caso, o silêncio e o vazio são tão grandes que olho e não vejo, escuto e não ouço”, escreveu a missionária ao seu confidente, o reverendo Michael Van Der Peet, em 1979. Questionando a “prudência de publicar já estes escritos”, o Patriarca de Lisboa considerou que estes “são delicados de mais”, e, lembrou que Madre Teresa “teria pedido para serem destruídos”. Para D.José Policarpo, Madre Teresa afirma que “na vida que leva, Deus esconde-se completamente, sente-o ausente”, e “os jornais não perceberam nada, partiram para pensar que era uma uma pessoa cheia de dúvidas de fé”. Redacção/Lusa