Com o apoio de uma casa de acolhimento juvenil criada pelo Conselho Português para os Refugiados
Lisboa, 22 set 2017 (Ecclesia) – A casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, apoia atualmente 22 crianças e jovens que ali têm oportunidade de retomar as suas vidas e o seu percurso educativo.
Por entre as dificuldades e necessidades materiais que a instituição procura colmatar, impressiona o modo como os mais novos, vindos quase todos de países em guerra ou em contexto de instabilidade social, em África e no Médio Oriente, quase tinham perdido a esperança numa perspetiva de futuro, a começar pela formação.
“Quando chegam e pergunto se já estudaram, se querem estudar eles perguntam: «Mas eu posso?»”, salienta Dora Estoura, assistente social e responsável pela coordenação desta casa, em declarações à Agência ECCLESIA.
A instituição ligada ao Conselho Português para os Refugiados procura proporcionar a estas crianças e jovens refugiadas as condições necessárias para poderem ir à escola, e muitas delas vão mesmo pela primeira vez.
“Não sabem quem vão encontrar, como é a escola, se vão conseguir entender os professores, se vão ter boas notas”, realça a responsável por este projeto, que incentiva os portugueses à solidariedade para com estes meninos e meninas, autênticos “heróis” que até chegarem ao nosso país passaram por muito, tiveram de “sobreviver a tudo”.
As necessidades são várias, a começar pelo material escolar, pois faltam “apoios para comprar os manuais”, por exemplo.
“Os manuais escolares é uma loucura, se alguém tiver possibilidade de doar livros que os filhos não usem por favor contatem-nos”, pede Dora Estoura, que realça ainda as limitações ao nível da alimentação.
“A menos que vão com marmita, para almoçar na escola não estou a ver alternativa a curto prazo”, perspetiva.
De acordo com a assistente social, em média os livros para um aluno do 2.º ciclo, por exemplo, custam cerca de “200 a 300 euros”.
As questões burocrativas relacionadas com a autorização de permanência em Portugal, ou com a inscrição na Segurança Social, limitam o acesso a apoios normalmente concedidos aos alunos.
“Pode passar bastante tempo em que não têm acesso a abono de família, nem passe 4/18, apoio para livros, refeições”, frisa Dora Estoura que este ano tem estudantes na outra ponta da cidade, noutras cidades e “vai ser problema porque não têm acesso a nada”.
No entanto, apesar dos obstáculos, a casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, aberta em 2012, já conta com várias histórias de sucesso.
Ainda em 2016, um dos jovens acolhidos, e no seu primeiro ano numa escola portuguesa, conseguiu estar “no quadro de mérito” como “melhor aluno” da escola, conta Dora Estoura, que reforça a importância da sociedade portuguesa apoiar este e outros projetos que procuram dar a crianças e jovens que tiveram de enfrentar realidades tão difíceis um novo horizonte.
“Basta quem dê oportunidade para que ponham os saberes ao alcance dos seus sonhos”, sublinha aquela responsável.
A reportagem da Agência ECCLESIA na casa de acolhimento para crianças e jovens refugiadas, do Conselho Português para os Refugiados, pode ser acompanhada hoje no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45.
LS/CB/JCP