Regime político libertou também um dos dois sacerdotes que estavam na prisão com D. Fikremariam Hagos
Lisboa, 29 dez 2020 (Ecclesia) – O bispo católico de Segheneity, na Eritreia, foi libertado pelas autoridades do país que o prenderam a 15 de outubro, no aeroporto de Asmara sem explicações oficiais para a sua prisão, informa a Fundão Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“O bispo Fikremariam Hagos foi libertado. E com ele também o padre Mehretab. Que notícia magnífica! A AIS Itália agradece a todos aqueles que não deixaram de rezar por eles nestas tão longas semanas!”, anunciou o secretariado italiano da AIS, esta quarta-feira.
O bispo católico de Segheneity foi preso por agentes dos serviços de segurança no dia 15 de outubro, quando regressava ao país de uma viagem à Europa, no Aeroporto Internacional de Asmara, a capital da Eritreia.
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o secretariado português da fundação pontifícia recorda nestes meses de prisão “não houve qualquer explicação oficial que justificasse a prisão de D. Fikremariam Hagos”, apesar de os representantes da Igreja terem questionado o governo eritreu sobre “tão grave atuação”.
O bispo de Segheneity foi detido na prisão de Adi Abeto, onde já se encontravam presos dois sacerdotes, apurou a Agência Fides do Vaticano.
O padre Mehretab Stefanos, pároco da igreja de São Miguel de Segheneity, foi libertado juntamente com o bispo, mas continua preso o padre Abraham, Franciscano Capuchinho.
Segundo a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a prisão de D. Fikremariam Hagos “trouxe à luz do dia” o clima de tensão que existe entre a Igreja e as autoridades na Eritreia, e recorda que, em junho de 2019, as autoridades encerraram 21 unidades hospitalares administradas pela Igreja Católica, “cerca de 170 mil pessoas” ficaram sem atendimento, o que motivou um forte protesto por parte da hierarquia da Igreja Católica.
Cerca de um mês depois, “mais de uma centena de cristãos foram presos”, e algumas religiosas que trabalhavam em estruturas de saúde foram expulsas da Eritreia.
A AIS, que publica um relatório sobre liberdade religiosa no mundo, refere que estes incidentes reforçaram a imagem da Eritreia como a ‘Coreia do Norte de África’, por ser um regime repressivo quanto à liberdade religiosa.
No dia 9 de fevereiro deste ano, 2022, faleceu, aos 94 anos de idade, o patriarca da Igreja Ortodoxa Eritreia Tawaedo, Abuna Antonios, que estava em prisão domiciliária há 15 anos.
O patriarca cristão eritreu recursou “sistematicamente as interferências governamentais em matérias religiosas”, passou a ser considerado “uma figura hostil” e, na madrugada de 28 de maio de 2007, foi “levado à força” da sua residência “permanecendo durante bastante tempo em paradeiro desconhecido”.
A Fundação Ajuda à Igreja, no relatório da campanha ‘Libertem os Prisioneiros’, no final de 2020, informava que Abuna Antonio esteva “em isolamento, sem visitas”, nem cuidados médicos, apesar de sofrer “gravemente de diabetes” e de “pressão arterial elevada”.
CB/OC