Padre Armindo Garcia destaca importância da fé para «o equilíbrio emocional» das pessoas
Lisboa, 26 ago 2015 (Ecclesia) – A capela de Nossa Senhora da Viagem e de Santo António, situada na vila da Ericeira, é há vários séculos um símbolo da importância da fé no litoral português, onde há mais do que sol e praia.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o pároco daquela localidade piscatória destaca a devoção que as pessoas têm por Maria, que atinge o seu pico no terceiro fim-de-semana de agosto, com as “festas em honra da Senhora da Boa Viagem”, padroeira dos pescadores locais.
“O dia mais bonito da Ericeira é de facto a procissão do Mar, na véspera do terceiro domingo de agosto, de longe o dia com mais gente de maneira que se tem de deixar os carros à saída da autoestrada”, conta o padre Armindo Garcia.
Situada no alto de uma plataforma rochosa, por cima da Praia dos Pescadores, a capela de Nossa Senhora da Viagem e de Santo António terá sido construída no século XV e tem funcionado como uma “referência espiritual” para as comunidades.
É com essa noção em mente que o padre Armindo Garcia tem procurado manter este local de culto bem “preservado” e aberto às pessoas, a exemplo de outros pontos de celebração religiosa da vila, como a igreja de São Pedro e a capela de São Sebastião.
A fé é fundamental para o “equilíbrio emocional e psicológico” das gentes da terra e nesse sentido “faz muito bem às pessoas terem as igrejas abertas para se poderem recolher”, sublinha o sacerdote.
Em tempos mais antigos, a capela de Nossa Senhora da Viagem e de Santo António, “lugar mais visitado da Ericeira”, terá também servido como farol para os pescadores, orientando a entrada dos barcos no porto da praia dos Pescadores.
Algo que, segundo o mestre António Franco Alberto, acontece ainda hoje, apesar de todos os avanços tecnológicos.
“Quando não havia GPS era com estes pontos que chegávamos e ainda continua sempre, mas já está muito tapado com as casas”, reconhece o pescador.
A capela de Nossa Senhora da Viagem e de Santo António tem ainda a particularidade de estar junto ao sítio de onde a família real portuguesa partiu do país em 1910, devido ao início da República.
Um acontecimento invocado por um painel em azulejo colocado numa das paredes exteriores do templo, e que recorda a data (5 de outubro de 1910) em que D. Manuel II e Dona Amélia de Orleães embarcaram a bordo do iate “Amélia” rumo a Inglaterra.
HM/JCP