Equador: Papa despede-se com elogios à fé do país

Francisco encerra primeira etapa da sua viagem à América Latina antes de rumar à Bolívia

Quito, 08 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje a sua visita ao Equador, iniciada no domingo, com elogios ao povo deste país sul-americano, uma nação “diferente” na sua forma de viver a fé.

“Em todos os lugares onde vou, o acolhimento é sempre alegre, feliz, cordial, religioso, piedoso. Em todos os lugares. Aqui, no entanto, havia na piedade, no modo, no pedir da bênção desde o mais velho à mais pequenina, havia algo diferente” disse, durante uma cerimónia que decorreu no santuário mariano nacional de ‘El Quinche’.

Falando de improviso, Francisco admitiu que se questionou sobre a “receita” deste país, no qual foi acompanhado por milhões de pessoas, tanto nas ruas como nas duas Missa a que presidiu, em Guaiaquil e Quito.

“Perguntei várias vezes a Jesus, na oração, o que tinha de diferente este povo”, assinalou, recordando depois as consagrações do país ao Coração de Jesus e ao Coração de Maria.

O Equador tornou-se, a em março de 1874, o primeiro país do mundo que se consagrou oficialmente ao Coração de Jesus.

“Penso que devo dizer-vos isto como uma mensagem de Jesus: toda esta riqueza que tendes, riqueza espiritual, de piedade, de profundidade, vem de ter tido a coragem – porque foram momentos muito difíceis – de consagrar a nação ao Coração de Cristo, esse coração divino e humano que gosta tanto de nós”, afirmou Francisco, saudado pelos aplausos da multidão.

Francisco chegou ao local após um breve percurso de papamóvel em que foi saudado por centenas de pessoas, à imagem do que aconteceu em todos os dias anteriores.

Já depois de assinar o livro de honra do santuário, pedindo que a Virgem Maria abençoe o Equador, o Papa apresentou Nossa Senhora como exemplo de abertura à “gratuidade” de Deus.

“Tenho um discurso preparado, mas não tenho vontade de o ler”, gracejou.

O encontro com membros do clero, de institutos religiosos e seminaristas ficou marcado por uma reflexão espontânea sobre a importância da “memória” e da “gratuidade” no sacerdócio e na Vida Religiosa.

“Se nos esquecermos disso, lentamente vamos tornando-nos importantes”, alertou Francisco, para quem todos os dias é preciso rezar por essa “gratuidade” de Deus.

O Papa pediu que os religiosos não se esqueçam das suas raízes, dando como exemplo as línguas ancestrais que alguns se recusam a falar depois dos estudos, nem se sintam “promovidos”

“Quando um sacerdote, um seminarista, um religioso, uma religiosa entra numa ‘carreira’ – não digo mal, uma carreira humana -, começa a ficar doente com alzheimer espiritual, começa a perder a memória de onde saiu”, advertiu.

Aos membros do clero e consagrados, Francisco apresentou como receita “serviço, servir, servir e não fazer outra coisa”.

O Papa seguiu depois para o aeroporto internacional de Quito, para a cerimónia de despedida, antes de prosseguir a sua segunda viagem à América Latina com uma nova etapa na Bolívia.

“Que Jesus vos abençoe e a Virgem Maria cuide de vós”, disse aos equatorianos.

OC

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Agência ECCLESIA

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