País abraçou o primeiro Papa sul-americano da história, num clima de festa que levou milhões às ruas de Quito e Guaiaquil
Quito, 08 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje em Quito a sua primeira visita ao Equador, iniciada no domingo, na qual propôs novos paradigmas sociais, económicos e ecológicos, sublinhando a importância da fé para a transformação da sociedade.
“Que as realizações alcançadas no progresso e desenvolvimento possam garantir um futuro melhor para todos, prestando especial atenção aos nossos irmãos mais frágeis e às minorias mais vulneráveis, que são a dívida que toda a América Latina ainda tem”, disse, logo à chegada
Num país que evoca a linha imaginária que divide a terra em dois hemisférios, Francisco falou perante milhões de pessoas numa Igreja que quer “construir pontes” e “curar as feridas” provocadas pela exclusão e as desigualdades.
“A esperança dum futuro melhor passa por oferecer oportunidades reais aos cidadãos, especialmente aos jovens, criando emprego, com um crescimento económico que chegue a todos e não se fique pelas estatísticas macroeconómicas, com um desenvolvimento sustentável”, sustentou.
Mais de um milhão de pessoas estiveram com o Papa na Missa a que Francisco presidiu em Quito, na qual recordou o “grito de independência” da América Latina e a força revolucionária da fé católica
"Dando-se, o homem volta a encontrar-se a si mesmo com a sua verdadeira identidade de filho de Deus, semelhante ao Pai e, como Ele, doador de vida, irmão de Jesus, de Quem dá testemunho. Isto é evangelizar, esta é a nossa revolução – porque a nossa fé é sempre revolucionária – este é o nosso grito mais profundo e constante”, declarou.
Esta é a segunda visita do Papa Francisco à América Latina, após a viagem ao Brasil em 2013, e a primeira a países de língua hispânica; é também a primeira após a publicação da encíclica ‘Laudato si’
“Uma coisa é certa: não podemos continuar a virar costas à nossa realidade, aos nossos irmãos, à nossa mãe terra. Não nos é lícito ignorar o que está a acontecer à nossa volta, como se determinadas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade. Não nos é lícito, mais ainda, não é humano entrar no jogo da cultura do descartável”, defendeu o pontífice argentino.
A nona viagem internacional do pontificado, com passagens por Quito e Guaiaquil, recordou ainda a importância das famílias, na Igreja e na sociedade.
O Papa, primeiro pontífice a visitar o Equador em mais de 30 anos, enviou uma mensagem final ao presidente Rafael Correa, com votos de “solidariedade e fraternidade” na vida do país.
Francisco realiza até ao próximo dia 13 a nona viagem apostólica internacional do pontificado para visitar o Equador, a Bolívia e o Paraguai, contando com a participação de milhões de latino-americanos nas cerimónias presididas pelo primeiro pontífice desta região na história da Igreja Católica.
O Papa percorre 24 730 quilómetros (equivalente a mais de meia volta ao mundo) em sete voos que totalizam cerca de 33 horas.
OC