Equador: Francisco em defesa da família e ao encontro das periferias

Papa diz que Igreja tem de dar resposta às dificuldades e desafios atuais, mesmo aquilo que «escandaliza»

Guaiaquil, Equador, 06 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco presidiu hoje à sua primeira Missa no Equador, perante centenas de milhares de pessoas, e apelou à defesa da família, em particular das que vivem em dificuldade.

“Quantos dos nossos adolescentes e jovens percebem que, em suas casas, há muito que não há desse vinho [doamor]! Quantas mulheres, sozinhas e tristes, se interrogam quando se foi embora o amor, quando escorreu da sua vida! Quantos idosos se sentem deixados fora da festa das suas famílias, abandonados num canto e já sem beber do amor diário dos seus filhos, dos seus netos, dos seus bisnetos”, disse, na homilia da celebração que decorreu num parque de Guaiaquil, maior cidade equatoriana.

Segundo o Papa, a falta de alegria na vida das pessoas “pode ser efeito também da falta de trabalho, doenças, situações problemáticas” que as famílias atravessam.

“A família constitui a grande ‘riqueza social’ que outras instituições não podem substituir, devendo ser ajudada e reforçada para não perder jamais o justo sentido dos serviços que a sociedade presta aos cidadãos”, alertou.

Francisco recordou que a Igreja Católica vai celebrar um Ano Jubilar da Misericórdia e encerrar o ciclo de dois anos dedicado à família, no Sínodo dos Bispos, “para amadurecer um verdadeiro discernimento espiritual e encontrar soluções concretas para as inúmeras dificuldades e importantes desafios que a família tem de enfrentar”.

“Convido-vos a intensificar a vossa oração por esta intenção: para que, mesmo aquilo que nos pareça impuro, nos escandalize ou espante, Deus – fazendo-o passar pela sua «hora» – possa transformá-lo em milagre. A família hoje precisa deste milagre”, apelou.

A homilia partiu do relato evangélico do milagre das Bodas de Caná, com a transformação da água em vinho, por parte de Jesus, um sinal de esperança para “os desesperados ou que desistiram do amor”.

“Jesus sente-se inclinado a desperdiçar o melhor dos vinhos com aqueles que, por uma razão ou outra, sentem que já se lhes romperam todas as talhas”, precisou.

Segundo o Papa, “o melhor dos vinhos ainda não veio para cada pessoa que aposta no amor”.

“E ainda não veio, mesmo que todas as variáveis e estatísticas digam o contrário; o melhor vinho ainda não chegou para aqueles que hoje veem desmoronar-se tudo. Murmurai até acreditá-lo: o melhor vinho ainda não veio”, prosseguiu.

Francisco sustentou que Deus se aproxima sempre das “periferias de quantos ficaram sem vinho, daqueles que só têm desânimos para beber”.

“O serviço é o critério do verdadeiro amor”, referiu.

O Papa lembrou a importância da oração, que ajuda cada pessoa a colocar-se “na pele dos outros”, e apresentou-se a família como escola de vida, onde “ninguém é descartado”.

“A família é o hospital mais próximo, a primeira escola das crianças, o grupo de referência imprescindível para os jovens, o melhor asilo para os idosos”, observou.

“Na família, os milagres fazem-se com o que há, com o que somos, com aquilo que a pessoa tem à mão”, acrescentou.

Francisco elogiou o exemplo de Maria, “mãe” atenta às necessidades dos outros, que reza e age para as resolver.

Neste contexto, pediu à multidão que repetisse a frase “Maria é mãe”.

As autoridades locais estimam que 800 mil pessoas tenham participado na celebração, num dia de muito calor.

OC

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Agência ECCLESIA

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