A Comissão dos Episcopados da UE (COMECE) desafiou as instituições comunitárias a considerarem as Igrejas como uma “interlocutora” nos seus esforços de comunicação com os cidadãos da Europa. A assembleia plenária deste organismo, ontem concluída em Bruxelas, sublinhou que a nova estratégia de comunicação da Comissão Europeia (“Plano D”) pode aproveitar a “grande implantação” das Igrejas. “Nós apoiamos o ‘Plano D’, tal como a UE o propôs. A União Europeia enfrenta uma crise profunda, o que é desastroso para nós, mas, com a nossa estratégia, as coisas podem começar a melhorar”, referiu D. Josef Homeyer, presidente da COMECE. O prelado lembrou que a Europa vive um período de incerteza, criado pelo “hiato no processo de ratificação do tratado constitucional, pela incapacidade de chegar, até agora, a um acordo sobre as perspectivas financeiras para 2007-13 e pela decisão de abrir as negociações de adesão com a Croácia e a Turquia”. Durante a assembleia, os Bispos aprovaram um documento no qual pedem “uma nova estratégia europeia em favor das famílias”, tendo como pano de fundo os dados mais recentes sobre as mudanças demográficas na UE. A COMECE defende que é necessário “combater a marginalização estrutural da família”, incluindo medidas que promovam uma melhor conciliação entre trabalho e vida familiar. Preocupações éticas Uma outra declaração, intitulada “Fundos e Ética na investigação-UE”, saúda os esforços da União para promover um quadro eficiente e competitivo para a investigação, reconhecendo a importância da mesma para a sociedade. A COMECE mostra-se, contudo, preocupada por causa do financiamento a investigações que utilizam e eliminam embriões humanos e células estaminais procedentes dos mesmos. “A investigação deve sempre respeitar e proteger a vida e a dignidade humanas”, referem os Bispos, pedindo à UE que não financie os referidos projectos. Para o representante português no encontro, D. Amândio Tomás, a União Europeia contradiz-se ao desenvolver estudos “contra a dignidade humana” e pedir, simultaneamente, o apoio à Igreja para aproximar os cidadãos da UE. “A vida é um valor intocável que se deve respeitar infinitamente”, afirmou o representante da Conferência Episcopal Portuguesa na COMECE. O Bispo Auxiliar de Évora referiu que “certas decisões europeias se fazem no topo, em Bruxelas, à margem da comunidade civil, à margem da base”. “A Igreja está em contacto com as bases, no seio das paróquias, das comunidades pequeninas “, apontou.
