Epifania/Ano Santo: «Magos são peregrinos, o protótipo dos buscadores de Deus», salienta padre Domingos Areais

Sacerdote do Porto identifica sinais positivos de «tanta gente que faz o bem, que busca a Deus», no «vazio existencial» das sociedades

Lisboa, 03 jan 2025 (Ecclesia) – O padre Domingos Areais, professor de Sagrada Escritura, comentou hoje as leituras do Domingo da Epifania, ligando-as ao Ano Santo 2025, e explicou que os “magos são peregrinos”, “o protótipo dos buscadores de Deus”, à procura de sinais.

“É isso que nos abre à esperança, porque o peregrino tem sempre a esperança de encontrar uma realidade melhor, nova, à medida que caminha. Eu acho que os magos são buscadores de Deus, peregrinos, buscadores”, disse o sacerdote da Diocese do Porto, esta sexta-feira, 3 de janeiro, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O padre Domingos Areais recorda a “ideia muito interessante” do padre Tomás Halík, teólogo checo, que esteve recentemente em Portugal, que diz que atualmente “a distinção não é entre crentes e não-crentes, mas entre buscadores e não-buscadores”, porque mesmo na não-crença “há pessoas que buscam”.

Para o entrevistado, os magos “são o protótipo dos buscadores de Deus”, “eram astrólogos” que andavam à procura de mais e verem a estrela “foi o sinal para buscarem mais e seguirem”, uma ideia “muito bonita” que convida todos a andar “sempre à procura” e a não parar, a não acomodarem-se “na indiferença”.

“É curioso que, sendo eles pagãos, e não conhecendo sequer o Deus de Israel, a estrela vai guiá-los precisamente ao Menino Jesus, ao encontro com Jesus. É nesse encontro com Jesus que eles mudam a sua vida e regressam a casa por um caminho diferente”, desenvolveu, acrescentando que os magos “já não passam por Jerusalém, a cidade do rei Herodes e dos doutores da lei”.

No comentário às leituras da Solenidade da Epifania, conhecida popularmente como “Dia de Reis”, que vão ser lidas este domingo, em Portugal, o professor de Sagrada Escritura liga a estrela, que os magos seguiram, ao tema da esperança do Ano Santo 2025.

“Como peregrinos, nós caminhámos de dia, caminhámos de noite, e hoje a noite do mundo é muito grande: as guerras, a violência, todo este ambiente, a mudança climática, que, no fundo, são sinais muito negativos e de escuridão, do lado mau da humanidade, que Deus criou para o bem”, desenvolveu o também pároco de Ermesinde.

Neste contexto, o padre Domingos Areais alertou para “o vazio existencial” que se sente nas sociedades: “A fragmentação, a falta de amor, de carinho, de ternura, de fraternidade autêntica e verdadeira”.

O sacerdote da Diocese do Porto destacou, ligado à esperança, que no meio do mundo em guerra, mudança climática, há também sinais positivos, “tanta gente que cada dia faz o bem, que busca a Deus, que ama os outros, que é solidária, que cria fraternidade”.

“Isso são grandes sinais de esperança de que o homem, embora tenha um lado escuro, de pecado, de mal, de egoísmo, de guerra, de ganância, de avareza, mas tem o lado luminoso. E que, no fundo, são esses sinais que Deus também vai colocando no nosso caminho”, realçou.

No Programa ECCLESIA desta sexta-feira, transmitido na RTP2, o padre Domingos Areais também explicou a história dos Anos Santos: A Igreja Católica está a viver o seu 27.º jubileu ordinário – celebração que acontece a cada 25 anos -, com o tema ‘Peregrinos da Esperança’, iniciado na noite de Natal, pelo Papa Francisco, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro.

A Epifania, palavra de origem grega que significa ‘brilho’ ou ‘manifestação’, celebra-se sempre a 6 de janeiro nos países em que é feriado civil; nos outros países, assinala-se no segundo domingo depois do Natal, como acontece em Portugal, este ano, no dia 5 de janeiro.

LS/CB

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Agência ECCLESIA

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