Iniciativa muda-se para a região de Lisboa em 2011
Mais jovens e menos adultos passaram pela Festa da Família que decorreu entre os dias 23 e 25 de Abril no Entroncamento, numa edição dedicada ao tema “Juntos na Diversidade”.
As actividades programadas e a possibilidade de acampar ou dormir em camaratas ajudam a explicar o aumento da participação da juventude, bem como o facto de os participantes passarem palavra de ano para ano.
A festa, que se realiza nas instalações do Regimento de Manutenção Militar, começa a organizar-se seis meses antes através do contacto com oradores e artistas, referiu à Agência ECCLESIA o Pe. António Vicente, responsável pela paróquia da Sagrada Família do Entroncamento.
A iniciativa “já é festa no nosso coração mesmo antes de começar”, diz o pároco, sublinhando que o evento “não são só três dias: são muitos dias e muitos momentos de que não nos apercebemos mas que fazem acontecer a vida das pessoas”.
“Para erguer um trabalho destes, todos são necessários na sua diferença”, assinala o sacerdote, acrescentando que é “muito fácil encontrar todos os elementos da família” na montagem da festa.
No entender do Pe. Vicente, o “espaço neutro e aberto” alicia também as pessoas que, “apesar de nem sempre irem à igreja”, sentem-se integradas e valorizadas ao realizarem o “trabalho gigantesco” que é necessário para a concretização da iniciativa.
“O laicado é o futuro da Igreja”
Levantar tendas, quiosques e bar, programar espaços específicas para crianças, adolescentes e jovens, organizar uma exposição sobre vocações com a presença de quase 30 organismos e congregações religiosas, realizar um evento de gastronomia bíblica, acolher artistas e oradores, preparar as missas, conferências, concertos e outras actividades são algumas das tarefas planeadas nos últimos meses e executadas durante o encontro.
O envolvimento de uma equipa central de organização composta por oito casais e o apoio de 120 voluntários é essencial para a festa, levando o Pe. Vicente a defender que “o laicado é o futuro da Igreja”: “Para mim, como sacerdote já com 18 anos, tem sido uma descoberta aliciante e muito esperançosa o trabalho que está assente nos leigos”.
“É certo que já chorei, choramos sempre diante das provações e das dificuldades, mas fico com uma satisfação interior muito grande e um alento fortíssimo quando verifico que as pessoas se empenham e se mostram determinadas, chegando inclusivamente a tirar férias para montar a festa”, acrescenta.
Os três dias do evento são habitados por histórias ocultas que os visitantes não adivinham: “Podia contar inúmeros casos de amizades que se formam na festa e que permanecem”, realça o pároco, recordando os casais vindos de Chaves e Portimão que são recebidos por famílias locais e pernoitam nas suas casas.
“Lembro-me de um casal que passava por momentos de crise, para quem foi importante a família de acolhimento para ajudar na solução dos seus problemas”, assinala o Pe. Vicente.
Dar uma imagem renovada da Igreja
“Há pessoas que se apercebem do seu papel na vida comunitária da paróquia à custa da Festa da Família. Penso que isto é muito importante porque é uma evangelização feita de forma festiva e diferente”, sublinha o sacerdote.
Esta aproximação contribui para que os casais que o Pe. Vicente quer cativar descubram que a Igreja é “moderna, alegre e positiva”, contrariando os estereótipos associados aos católicos.
“Acredito que isto vai ao encontro daquilo que foi a proposta e o desafio do Papa no encontro com os nossos bispos [em 2007], para que haja uma pastoral diferente, com novos dinamismos e sobretudo criatividade. E criatividade é o que não nos tem faltado.”
A Festa terminou mas a sua influência na paróquia permanece: “O facto de termos conseguido erguer tudo o que é necessário dá força a todos, fazendo sentir que podemos ir mais longe, tirando ideias para realizações durante o ano e deixando as pessoas mais corajosas”.
Em 2011 a iniciativa muda-se para a região de Lisboa: “A ideia é que pelo menos de dois em dois anos façamos a Festa da Família noutro ponto do país, não só para levar o conceito mas também para provocar a nossa Igreja portuguesa, que precisamos de acordar e motivar para evangelizar de outra forma”, salienta o Pe. Vicente.