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Qual o seu percurso até chegar a Lisboa, sendo que o início está muito longe, em Joanesburgo?
É um início com muitos quilómetros pelo meio… Mas os caminhos de Deus são assim.
Nasci na África do Sul, numa família de emigrantes madeirenses e ali vivemos até aos meus oito anos de idade, quando regressámos para a ilha da Madeira, onde cresci, onde tive a minha segunda infância, o tempo da adolescência, parte da juventude foi ali passada e depois, quando acabei o secundário, vim para cá estudar, estudei Química, justamente em Lisboa, onde vivi vários anos e, a determinada altura do meu percurso, discerni a minha vocação e, esse discernimento, esteve muito ligado aqui à Diocese de Setúbal.
Como é que aconteceu essa ligação à Diocese de Setúbal?
De uma forma muito simples, através de amigos, através de um grupo de oração, na Costa da Caparica, onde rezava todas as semanas num pequeno grupo. Fizeram-me um convite para vir fazer um retiro vocacional aqui, justamente no Seminário da Almada e, nas interrogações que já colocava, foi certamente uma autoestrada para eu dizer que sim. Entrei no Seminário aqui de Almada, da Diocese de Setúbal, fui ordenado em 2008 e, tenho estado por aqui, nesta Diocese, a servi-la da maneira que comecei.
Ainda, na Ilha da Madeira, depois dos oito anos e até ao fim do secundário, foi sobretudo no norte da Ilha da Madeira que esteve ou onde é que fixou a residência?
A minha mãe é de São Jorge, o meu pai é do Porto Moniz. Eles decidiram ter casa em São Jorge, foi onde eu cresci, foi onde fiz a minha primeira comunhão, onde recebi o sacramento do Crisma e onde me identifico como minha paróquia, paróquia de origem e que tenho sempre muito gosto em visitar.
Madeirense por isso, apesar de ter nascido na África do Sul…
Dos “sete costados”….
Da Química à Teologia
E porquê a Química?
Quando cheguei à Madeira – e isto tem também a ver com a minha vocação – lembro-me que é a primeira vez que, em consciência, me recordo de desejar ser padre, tinha eu justamente nove anos, possivelmente oito, nove anos. Nessa altura, recordo-me que, perante este desejo, surgiu a oportunidade de eu fazer parte de um pequeno grupo de discernimento vocacional dos Vicentinos, que chamavam Seminário em Família, e eu ia todos os meses ao Funchal participar destes encontros, no verão tínhamos encontros mais prolongados, de vários dias. Mas, na adolescência, a ciência começou-me a falar, apaixonei-me pela Ciência, e, quando cheguei ao nono ano, tinha que optar entre as Ciências ou as Humanidades, e a vontade humana falou mais alto: eu não me via a estudar letras, via-me sim a estudar as Ciências. Nessa altura, lembro-me que a minha mãe e o meu pai disseram-me: entraste neste Seminário em Família porque quiseste, agora tens de ir lá e dizer ao padre que não queres continuar porque queres ir estudar Ciências, e assim foi.
No secundário, acabei por optar por estudar Química, a determinada altura queria ser médico, mas não tinha notas para isso, e, no âmbito das Ciências, a Química era aquela com que me identificava mais, e cheguei, então, à Faculdade de Ciências, aqui, da Universidade de Lisboa.
Depois acontece a mudança para Teologia. Há aí uma distância grande nesses dois saberes ou encontra alguma ligação?
A Teologia, faz-se a partir da razão, e acho que se há coisa que a Química me deu foi justamente estruturar o pensamento de uma forma lógica e isso certamente me ajudou muito a mergulhar na Filosofia e na própria Teologia.
O percurso na Faculdade de Teologia aconteceu a partir da Diocese de Setúbal e encontrou, desde essas alturas em que entrou no seminário, uma grande ligação entre as duas Dioceses, entre Setúbal e Lisboa?
Era inevitável, porque os seminaristas de Lisboa e os seminaristas de Setúbal, que somos poucos relativamente aos de Lisboa, acabávamos por ter as mesmas aulas e acabávamos por passar as manhãs juntos, e esse encontro certamente que nos fazia conhecer uns aos outros e as nossas realidades, pelo menos, tanto quanto era possível.
Para além da ponte ou das pontes que ligam as duas margens, são duas comunidades que se vão ligando dia-a-dia também, por razões de trabalho ou por razões de estudo…
A Diocese de Setúbal, este território, alberga muitas pessoas que trabalham ali na margem norte, mas que vivem deste lado, e por isso mesmo há aqui uns laços humanos, laborais, que nos ligam profundamente e a própria identidade da Diocese de Setúbal não se entende sem a de Lisboa, porque é uma filha desta Diocese, que é Lisboa.
Laços ainda mais próximos agora pelo facto de um sacerdote de Setúbal ser Bispo de Lisboa?
Imagino que sim, até porque, para nós, enquanto Setúbal, estamos a celebrar os 50 anos da Diocese e isso acho que constitui um sinal bonito de beleza e de caridade dentro da nossa Igreja.
Padre da Diocese de Setúbal
E estes anos aqui em trabalho, de trabalho na Diocese de Setúbal, muito ligado ao seminário, ligado também à catequese e à espiritualidade, que temas são estes centrais para a presença da Igreja na sociedade atual?
Creio que a questão da catequese é sempre estruturante para a nossa Igreja. A iniciação cristã é fundamental para alguém que entra e que queira viver a fé que nos é dada e, por isso, acho que fui um privilegiado por lógica sinodal me terem metido, desculpem a expressão, neste caminho, que certamente por mim próprio não escolheria, mas que me deu muito e que, creio que me ensinou muito e que há de me ajudar, certamente, neste ministério que agora me é pedido.
Sente essa necessidade de ser um setor, a iniciação cristã, que necessita de se reinventar constantemente?
Eu penso que sim, porque os interlocutores da catequese estão em constante mutação, as gerações vão mudando, os paradigmas sociais são diferentes e a catequese tem que ter uma linguagem que toque o coração, a partir, certamente, da luz da fé que se mantém inalterável ao longo dos séculos, mas que é preciso torná-la próxima daqueles que a recebem e a catequese desempenha, de facto, um papel importante nesse aspeto.
E o seminário?
A nossa Igreja não se entende sem vocações e estas vocações ao sacerdócio… Esse foi outro privilégio que me foi dado de acompanhar os futuros padres desta diocese, um trabalho muito feito no escondimento, mas sempre com esperança e com muitos desafios.
Era também vigário-geral na diocese de Setúbal. Que olhar abrangente sobre toda a realidade, sobre toda a diocese, sobre todos os setores da pastoral, permitiu essa missão? Bem, eu fui nomeado vigário-geral há bem poucos meses, portanto, ainda estava quase em período de estágio.
Tentou perceber que função era essa?
Fui percebendo alguma coisa, não muito, mas acho que, daquilo que me foi dado a conhecer, claro que ser vigário-geral implica ter um olhar muito mais vasto do que aquele que eu fui tendo nos outros serviços, também de poder assistir o bispo diocesano no acompanhamento das paróquias e nas outras questões da gestão e da administração da diocese.
Bispo auxiliar na Diocese de Lisboa
Agora, é bispo auxiliar na diocese de Lisboa, uma sociedade multicultural marcada pelo grande fluxo de pessoas, sejam trabalhadoras, sejam turistas. O seu percurso também até por diferentes geografias, que abertura, que disponibilidade lhe dá para o acolhimento tão diversificado que é necessário em Lisboa?
Eu penso que poderá ajudar… Não sei se o tempo dirá, mas, de facto, vivi em Lisboa há uns anos atrás, já há mais de 20 anos, e passando por Lisboa percebemos que muita coisa mudou e está muito mais multicultural, não só pelos turistas que aqui vêm, porque são muito mais do que aqueles que cá vinham há 20 anos atrás, mas também por todo este conjunto de imigrantes que chegam aqui e à procura de melhores situações para a sua vida, na qual também eu experimentei, no seio da minha família, e espero, como bispo, poder, de alguma maneira, como bom pastor também, poder ajudar estas pessoas que aqui chegam.
Ainda há bem pouco tempo conversávamos na redação da Agência Ecclesia, onde também há emigrantes, que talvez aquilo que nós hoje ouvimos dizer dos imigrantes que estão entre nós, foi o que quem foi emigrante em outras paragens ouviu dizer de si. Isso aconteceu consigo quando estava na África do Sul, ou tem alguma memória, até de alguma rejeição, dos emigrantes que lá estavam?
Bem, eu nasci num país com apartheid e, portanto, a segregação social era muito forte, era tudo compartimentado pelas raças e mesmo entre os brancos nós percebíamos que, às vezes, nem sempre, mas às vezes havia racismo e, de alguma maneira, também experimentei-o na pele, ainda que tivesse vindo com oito anos.
Tive a graça de, na altura, os meus pais me colocarem num colégio católico, onde aceitavam todas as raças e, na verdade, quando me recordo das turmas por onde passei, encontrava colegas de muitas latitudes no mundo e isso acho que, para quem está a crescer, ajuda a olhar para o outro e a respeitar a sua diferença e a dignidade que lhe assiste.
E teme por algum desse discurso xenófobo, de discriminação negativa para com os imigrantes, que possa acontecer na Diocese de Lisboa?
Eu espero que não, se há esperança…
Mas vemo-lo a acontecer, infelizmente…
Acontecendo, há um caminho a fazer de respeito mútuo que, sem isso, não conseguimos viver na paz. E creio que todo o mundo quer viver na paz. Sem este respeito nas diferenças que nos assistem, certamente que a paz torna-se completamente impossível.
E essa é a proposta a fazer, é a mensagem a passar para toda a sociedade?
Com certeza….
Teme pela insegurança? Ou acha que é um problema que não depende diretamente da comunidade imigrante?
São problemas que vão aparecendo, não percebo o alcance se é assim tão abrangente como às vezes querem parecer… Creio que a Igreja, enquanto mensagem que tem para dar, é esta mensagem de respeito mútuo, de procura da dignidade do outro, mesmo que o outro seja diferente de mim, mesmo que o outro viva situações e culturas distintas da minha.
Na mensagem que o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, escreveu, na altura da sua nomeação, 10 de dezembro, dizia que “o novo bispo de Lisboa vem conduzir a Igreja de Lisboa a patamares e horizontes de vida, de santidade, de esperança e de amor”. Que fasquia é esta que é traçada por D. Rui Valério?
Eu acho que essa fasquia é a missão de um bispo, que é chamado a estar à frente de uma Igreja local. Eu, aqui, hei de estar como bispo auxiliar, para auxiliar o D. Rui Valério, e como missão de bispo a que sou chamado, espero fazer isso de alguma maneira.
Peço a oração ao povo de Deus, que Nosso Senhor me inspire e me dê um coração para aprender a morrer. Na bula em que o Papa elege como bispo auxiliar, fala justamente sobre esta questão de morrer, e, portanto, sou chamado a morrer para mim próprio, para dar a minha vida, como Jesus, a esta Diocese de Lisboa.
Bispo em sinodalidade
É nomeado Bispo num contexto muito particular da Igreja Católica, nomeadamente pelo processo sinodal que está em curso. Que desafios coloca este processo ao ser Bispo hoje?
Penso que é fazer a comunhão. A Igreja é como um corpo – já diz São Paulo – com muitas partes, e, fazer a comunhão entre todas as partes, é sempre um bom indicador de vida boa, desculpe dizer assim, de vida de saúde. Um corpo integrado e saudável faz-se pela comunhão das suas diversas partes. E creio que esse será sempre um grande desafio, a unidade, a comunhão, neste caminho conjunto.
Há indicações muito precisas sobre a liderança, sobre a responsabilidade, sobre a participação de todos… Nomeadamente no que diz respeito ao ser Bispo, sente que há um paradigma de alguma forma diferente em relação a anos passados, nomeadamente sobre esse exercício da liderança?
Creio que há uma continuidade… Como falamos, da minha vida, eu não me entendo sem me lembrar que vivi e nasci na África do Sul… Creio que a vida em Igreja faz-se por uma lógica de continuidade e não propriamente de patamar de degraus.
Creio que há um fio condutor e que na história da nossa Igreja fomos caminhando até chegar a este momento e temos que dar graças a Deus por isso.
E que experiência leva de Setúbal, no caso? Que experiência leva desta partilha de responsabilidades, desta participação de todos?
Bem, falamos muito desta dimensão sinodal, de facto, com o Papa Francisco, mas aqui, a Diocese de Setúbal sempre me ensinou isso. Nos serviços por onde fui passando, como somos poucos, somos uma Igreja minoritária, e isso empurra-nos necessariamente para aprender a viver uns com os outros. Não meramente a tolerar, mas a aprender a tirar o melhor de cada um para caminharmos no mesmo sentido. Creio que isso é o que assiste à lógica sinodal e espero que me assista também no meu ministério episcopal.
Programa para Lisboa
Acredito que já tenha folheado o programa pastoral da Diocese de Lisboa… Reparei que tem algumas linhas orientadoras, uma delas aponta para concretizar os desafios da Jornada Mundial da Juventude, do sínodo, valorizando a presença, a participação e o acompanhamento junto de jovens na vida da Igreja. Que trabalho é este e, sobretudo, que desafio é este que interessa cumprir após a experiência da Jornada Mundial da Juventude?
Eu penso que a Diocese de Lisboa, tendo sido anfitriã deste grande acontecimento mundial que envolveu não só a sua própria diocese, como as outras, inclusivamente a de Setúbal, percebe-se que os jovens que aí foram integrados, envolvidos, fizeram uma experiência muito bela de Igreja e de encontro com o Nosso Senhor. E creio que é necessário dar continuidade a isto. Claro que se colocam sempre estas questões do compromisso, que é uma questão de difícil trato hoje em dia, mas certamente temos que encontrar caminhos para chegar a estes jovens e fazer caminho com eles, dando continuidade àquilo que é passado.
Daquilo também que eu vou conhecendo – até porque Lisboa tem diversas universidades – A Missão País tem tido um papel bastante importante e continuará certamente a ter para chegarmos até aos jovens. E não só chegar, como fazê-los encontrar a Igreja, encontrar Jesus e caminharem, descobrindo o que é isto.
A jornada aconteceu há um ano e meio. Sente alterações no envolvimento e no compromisso dos jovens? A partir de Setúbal e daquilo que vai observando?
Sim, de forma mais imediata, a experiência que eu tenho com os jovens é a que tive ultimamente na paróquia. Eu não estava na paróquia quando aconteceu a Jornada Mundial, mas do grupo que lá está percebo que há um desejo de continuidade, há um desejo de alguma seriedade no caminho de fé que fazem e enquanto lá estive tentei ir assistindo e caminhando com eles e imagino que o que ali se passa também de alguma maneira se reproduza em muitas outras paróquias e por isso creio que são sinais de esperança.
Vou ainda retomar o Programa Pastoral, onde se propõe uma conversão missionária da Pastoral, precisamente, e a partir de cinco gestos, acolher, escutar, sair, propor e comunicar.
Eu ia lhe pedir só um comentário a este último, o comunicar: que desafio é este para a Igreja nos tempos de hoje?
A questão da comunicação é sempre difícil… E conto uma história muito caricata que aconteceu estes dias. Fui dar outra entrevista e quando lá cheguei estava a senhora da receção a rir-se um bocadinho, acanhada, a rir-se e disse: ‘desculpe, é o senhor bispo que vem agora aqui… Olhe que há pouco confundi-o com um rapper, dizia ela. Já ouviu falar de um rapper que se chama Bispo?’ Eu já ouvi na rádio qualquer coisa. Para dizer o quê? De facto, disseram-lhe que vinha ali um bispo e a primeira imagem que lhe veio à cabeça não era propriamente a minha figura, ou uma figura parecida, era um rapper. E, portanto, acho que isto é elucidativo daquilo que pode acontecer numa cultura que tem um sustento cristão, mas que está em mutação e, por isso, a linguagem na comunicação é sempre importante e fundamental e creio que este aqui é o nosso grande desafio: perceber quem temos e perceber a linguagem que eles têm para podermos anunciar aquilo que somos chamados a anunciar.
Há, de facto, uma distância de palavras, de conceitos, de mundos até diferentes, o religioso, nomeadamente católico, e os destinatários da sua mensagem… Esse é um ótimo exemplo desse distanciamento…
Estas distâncias são o desafio, para encurtarmos. O Papa Francisco fala muito da questão do querigma. O querigma é esta ideia de que Jesus ama-nos e deu a vida por nós, deu a vida por mim e pelo Paulo… E traduzir isto no quotidiano das pessoas será um grande desafio, não só para quem é bispo, não só para quem é padre, mas para todos os leigos.
Seja ele rapper ou seja bispo auxiliar de Lisboa…
Isso mesmo!
Que trabalhos vai ter à sua responsabilidade no Patriarcado de Lisboa?
Eu ainda estou a assimilá-los. Tenho uma lista…
Já lhe entregaram a lista, então?
Já me entregaram, é verdade. Mas, com a azáfama dos preparativos, não me pude sentar com olhos de ver, mas sei que ficarei ligado às paróquias que se denominam o termo, ocidental e oriental. A zona de Cascais, Estoril, Sintra, Amadora, e depois, do outro lado, Alverca, Vila Franca… São o espaço onde terei que circular. E depois já há outras questões ligadas à Cúria, que também serão confiadas. No fundo, venho suceder ao D. Joaquim Mendes e será basicamente isso que farei.
Nessa sucessão, há um setor que era a “menina dos olhos” do D. Joaquim Mendes, que era o setor das prisões. Terá também a seu cargo esse trabalho?
Sim, recordo-me de ter lido isso e acredito que há de ser também um espaço para apostar a minha vida.
Quando fui vigário paroquial na paróquia do Montijo, no primeiro ano de padre, visitava a prisão do Montijo. Ia lá todos os meses e era um trabalho belo e sempre que lá ia saía realizado porque estava no sítio em que deveria estar, porque aqueles presos tinham desejo de Deus. Isso era sempre uma experiência muito bela, ainda mais para quem estava a começar o ministério. Guardo belas memórias da prisão do Montijo neste sentido da abertura de coração de quem lá estava.
Neste jubileu e também nesse ambiente de esperança, tema do jubileu, do ano em que é ordenado bispo, o setor da pastoral prisional pode ser aquele setor onde se devolve essa esperança de vida?
Eu penso que sim. O Coração de Jesus – estamos aqui no Santuário do Coração de Jesus – espera da nossa parte, de todos, o arrependimento, a mudança de vida. E isso é para todos, não só para os que estão presos, mas para todos nós, que somos pecadores. Ali, com certeza, com maior força, porque há um delito e, se ali estão, por alguma coisa foi, e o perdão de Jesus pode-lhes chegar e, na verdade, o ano jubilar não é mais nem menos do que viver esse perdão. Com certeza que a prisão é um espaço extraordinário para que isso aconteça.
O D. Rui Gouveia tem 49 anos, o D. Alexandre de Palma também andará por aí, os dois outros bispos de Lisboa têm um pouco mais, pelos 60. É uma equipa de episcopal jovem. Que sinal é esse que é dado pelo Papa Francisco ao escolher e ao nomear uma equipa jovem para o patriarcado de Lisboa?
Eu estou a chegar a Lisboa… Não sei dar uma resposta com substância. Mas creio que é um sinal de esperança! Estamos a viver o Jubileu da Esperança, não posso deixar de olhar para este facto que acabou de dizer como um sinal de esperança para justamente evangelizarmos esta diocese que é confiada ao D. Rui Valério e que tem três bispos auxiliares para o assistirem.
Podem não ter um peso muito grande da tradição, de uma experiência de vida e de pastoral muito prolongada, mas têm a proximidade às pessoas com quem são chamados a dialogar e a estar. Acredita que esses são fatores decisivos para a presença da Igreja nos dias de hoje?
Eu penso que sim. A proximidade será sempre estruturante da vida cristã. Não há vida cristã sem proximidade, Jesus encarnou…
Agora, no novo paradigma, que é preciso ir ao encontro…
Certo! Creio que ainda há gente que nos procura, pelos batismos, pelos funerais, acho que são sempre campos excelentes para chegar até às pessoas, até porque são as pessoas que nos procuram, e depois entender que espaços é que temos e que poderemos ter para chegar àqueles que não vêm ter connosco. Que nós consigamos ir ter com eles! Serão dois vetores importantes ou dois movimentos importantes para a pastoral.
Que mensagem dirige aos diocesanos de Lisboa?
Mais do que tudo, o desejo de os servir de todo o coração, dando a minha vida pelo Evangelho que sou agora chamado a anunciar-lhes. E rezem por mim!