Projeto aborda, de forma multidisciplinar, questões ligadas à pobreza, à proteção do ambiente e alterações climáticas
Lisboa, 04 fev 2022 (Ecclesia) – A Universidade Católica Portuguesa (UCP) vai lançar as novas “Cadeiras ODS”, inspiradas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e na encíclica ‘Laudato Si’, do Papa, procurando novos modelos económicos e sociais.
“É imprescindível que todos se consciencializem dos desafios comuns e globais que temos pela frente. E essa consciencialização é ainda mais importante para as gerações mais novas, que representam o futuro e são os líderes de amanhã”, refere à Agência ECCLESIA Isabel Vasconcelos, vice-reitora da UCP.
A diretora da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica destaca a “abordagem multidisciplinar”, que liga as áreas da ciência e tecnologia, da gestão, do direito e da teologia.
As novas cadeiras nasceram no âmbito do Plano de Desenvolvimento Estratégico da UCP, visando introduzir no curriculum académico dos estudantes de 1.º ciclo disciplinas dedicadas especificamente ao estudo e compreensão de vários ODS.
O projeto arranca no início do segundo semestre deste ano letivo (2021/22), com a unidade académica “Os grandes desafios da Humanidade”, abordando a ação climática, a ODS 13; para o ano letivo de 2022/23 serão programadas outras três cadeiras opcionais.
“Os temas versarão os factos das alterações climáticas, a gestão que cria valor e que extrai valor, o direito global das alterações climáticas, o clima, casa comum e antropologia, entre outros”, adianta a vice-reitora da UCP.
Isabel Vasconcelos fala numa “iniciativa estratégica e inovadora”, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Estratégico 2021-2025 da UCP, que tem “a Sustentabilidade (no sentido holístico do conceito, que inclui as dimensões económica, ambiental e social) como seu pressuposto”.
“Estas disciplinas permitem esse olhar global para a realidade, a abordagem multidisciplinar e o desenvolvimento de capacidades analítica e crítica”, explica.
Precisamos de dar aos jovens a oportunidade de se formarem como cidadãos ativos, interventivos, e futuros líderes responsáveis, atentos aos desafios societais que se colocam e empenhados no desenho de soluções”.
A diretora da Escola Superior de Biotecnologia da UCP assume que um dos principais objetivos é “o contágio da urgência, a perceção do papel central de cada um a nível pessoal e profissional e ainda a priorização da compaixão pela vida”.
“O mais importante da disciplina não se consegue avaliar num exame ou apresentação: é a espiritualidade ecológica, um dos objetivos da ‘Laudato Si’ divulgados na celebração do seu 5.º aniversário”, acrescenta.
Isabel Vasconcelos mostra-se otimista quanto à adesão dos alunos, destacando que a primeira disciplina foi escolhida pelos próprios, através de um inquérito, e adianta que a mesma tem suscitado interesse.
“É imprescindível que todos tomemos consciência dos enormes desafios que se colocam à sobrevivência do nosso planeta”, realça.
Para a vice-reitora da UCP, a atenção a questões estruturantes da atualidade pode ser um dos fatores “diferenciadores no mercado de trabalho”.
“As organizações procuram graduados que tenham uma visão abrangente dos problemas e que os possam abordar de múltiplos ângulos, sendo capazes de dialogar com colegas de outras áreas, num contexto multidisciplinar de resolução de problemas complexos”, indica.
A entrevistada apresenta o desejo de “despertar ou reforçar a consciência cívica” dos jovens, capacitando-os, a nível privado ou público, para mitigar os problemas ambientais a diferentes níveis.
“A disciplina foi desenhada por professores de quatro faculdades da UCP em conjunto e é a primeira vez que isto acontece na nossa universidade, embora haja iniciativas afins em regimes diferentes”, indica ainda.
Esta é também a primeira vez que uma disciplina é preparada para ser oferecida simultaneamente a todos os alunos de licenciatura da instituição.
A Universidade Católica Portuguesa celebra este domingo o seu Dia Nacional, este ano com o tema ‘Por um Novo Humanismo’.
SN/PR/OC
A reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, sublinha, em entrevista à Agência ECCLESIA, a importância de oferecer “cadeiras pluridisciplinares”, construídas a partir de contributos de várias áreas, apontando a uma cadeira sobre a pobreza, além do tema do ambiente.
“Para sermos verdadeiramente responsáveis, na forma como cultivamos a nossa casa comum, não pode nem deve ser tratado exclusivamente por biólogos ou engenheiros do ambiente”, precisa. A responsável realça que os impactos da crise ambiental são “sociais, económicos”. “A mudança de comportamentos, para ter impacto, tem de começar pelas nossas práticas diárias e implica também um novo modelo económico”, aponta. |