Ensino Superior: Faculdade de Teologia vive dia de festa pelos seus 50 anos, procurando «alargar horizontes» na Igreja e na sociedade

Sessão solene reuniu docentes e alunos de todo o país

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 17 2019 (Ecclesia) – A Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), celebra hoje o seu dia nacional, assinalando 50 anos de existência com alunos de todo o país, em Lisboa.

“A Teologia pode alargar horizontes a muitos níveis, em resposta a desafios da humanidade, à necessidade do diálogo, e queremos construir essas respostas num quotidiano muito humilde, mas muito concreto”, disse à Agência ECCLESIA a professora Ana Jorge, diretora da faculdade.

A primeira mulher a dirigir a Faculdade de Teologia (FT) falou num “dia de festa” que celebra o sonho de “um grupo de gente cheia de entusiasmo”, há meio século.

Este sonho “tem feito caminho, tem crescido”, procurando estar “ao serviço, na Igreja e na sociedade, dos outros saberes”.

“O diálogo e os laços de humanidade criam-se ao ritmo do quotidiano”, assinala a diretora da FT.

Cerca de 600 alunos da faculdade, de 28 nacionalidades, estão nos cursos de Teologia e de Ciências Religiosas, num trabalho que vai além da formação dos futuros sacerdotes e religiosos.

Luís Miguel Figueiredo Rodrigues, diretor-adjunto do Núcleo de Braga, diz que este aniversário “é um momento para agradecer a vida que a Faculdade tem dado aos nossos territórios”, recordando “50 anos de diálogo com o mundo e com a cultura”, nas diversas áreas do saber.

“Fazer, pensar, ensinar Teologia tem de ser encarnado no contexto nos inserimos. Braga tem especificidades, no que à vivência da fé diz respeito, é rica de tradições, de património, o que representa um campo fantástico para trabalhar e dizer a esperança que nos habita, o sentido que nos é dado por Deus”, observou.

A sessão solene que decorreu na sede da UCP, em Lisboa, contou com uma conferência do arcebispo português D. José Tolentino Mendonça, o qual destacou o “potencial incrível” do estudo, pedindo que o mesmo nunca separe a dimensão “racional” da pastoral e da espiritualidade.

O bibliotecário e arquivista da Santa Sé desafiou os participantes a “ler o tempo presente”, com milhões de emails, mensagens, interações nas redes sociais, para entender “o que significam os estudos escolares, nestes tempos”.

“É importante não compactuar com a disseminação da retórica de indiferença” ou com o “rolo compressor do niilismo”, advertiu.

Foto: Agência ECCLESIA

O arcebispo, antigo aluno, professor e diretor da FT, sustentou que o estudo é uma “oportunidade para treinar a atenção”.

“O amor aos nossos semelhantes é feito da mesma substância do nosso amor a Deus, isto é, a atenção”, prosseguiu, numa conferência sobre ‘O estudo como meio de cultivar o amor de Deus’, inspirado num ensaio de Simone Weil – ‘Reflexões sobre o bom uso dos estudos escolares em vista do Amor a Deus’ (abril de 1942).

“Para ela, falar dos estudos é indissociável da luta pela sobrevivência”, recordou.

O colaborador do Papa ofereceu à FT uma edição fac-similada da bula com que São João XXIII convocou o II Concílio do Vaticano (1962-1965).

Isabel Capeloa Gil, reitora da UCP, encerrou a sessão num “um dia muito feliz”, destacando a “maturidade” e “criatividade” com a faculdade tem desempenhado o seu papel e assegurado uma “presença essencial para a sociedade portuguesa”, apresentando os “valores humanistas” propostos pelo catolicismo.

Durante o encontro foi entregue o prémio Amélia de Mello, pelo mérito académico, ao aluno Tiago Esteves, padre do Patriarcado de Lisboa, que apresentou em 2018 uma dissertação de mestrado sobre o tema “«Uma esperança para além de qualquer esperança»: perspetiva hermenêutica do conceito de esperança em Rm 4, 18”.

Abel Canavarro, diretor-adjunto do Núcleo do Porto, vê nos 50 anos da FT o “culminar de uma caminhada que se foi fazendo, deste inserir mais a Teologia na sociedade”.

Para o responsável, há desafios da sociedade a que é preciso dar resposta “a nível da fé, da vivência”, também para “construir uma Igreja mais viva e mais testemunhante”.

“É preciso sair um pouco do espaço onde estamos, para encontrar outras realidades”, aponta.

Além do serviço de formação do clero, com ligação às Dioceses do Porto e de Vila Real, o núcleo do Porto da FT trabalha propostas ligadas à Doutrina Social da Igreja e à “mundividência cristã”, noutros cursos dos polos da UCP.

“Podemos ir mais longe, podemos fazer mais, mas encaramos o futuro com esperança”, concluiu o diretor-adjunto.

A FT promove ao longo desta sexta-feira vários momentos de “partilha entre os três polos” – Lisboa, Porto e Braga –, incluindo uma Eucaristia, às 18h30, na igreja da Graça, sob a presidência de D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca.

Faculdade de Teologia iniciou atividades há 50 anos, a 4 de novembro de 1968, com os ciclos Propedêutico e Geral; além de Lisboa, está presente em Braga e no Porto, desde 1987.

Em 2019, a FT iniciou a publicação de uma revista de Teologia conjunta aos três polos, a ‘Ephata’.

O plano estratégico da instituição para 2015-2020 aposta na “qualificação e reforço do corpo docente”, “reestruturação da investigação em Teologia e Ciências de Religião”, criação do Instituto de Estudos de Religião, colaboração com as diversas Instituições da Igreja a nível nacional e internacional, cooperação com as Igrejas dos PALOP e “formação ao longo da vida”.

OC

 

 

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