Encruzilhada da sociedade ultrapassa-se com o reconhecimento da dignidade do outro

Guilherme de Oliveira Martins, falando da actual «encruzilhada» da sociedade, foi peremptório em afirmar a necessidade do envolvimento urgente de todos no reconhecimento da dignidade humana, cuja resposta só poderá ser positiva Guilherme de Oliveira Martins, falando da actual «encruzilhada» da sociedade, foi peremptório em afirmar a necessidade do envolvimento urgente de todos no reconhecimento da dignidade humana, cuja resposta só poderá ser positiva se «permanentemente nos pusermos em causa» e com a mobilização de «todos os homens e mulheres de boa vontade». O presidente do Tribunal de Contas deslocou-se segunda-feira à noite a Viana do Castelo para participar num dos dois colóquios que, durante a Semana Santa, procuram pistas que desinquietem esta sociedade «voltada para o supérfluo e a imediata satisfação de falsas necessidades». Sublinhando que “encruzilhada” tem a mesma raiz que cruz, Oliveira Martins percorreu alguns dos documentos fundamentais da Doutrina Social da Igreja para apelar a uma consciencialização da «responsabilidade » de todos por todos, caminho único para se ultrapassar a «indiferença ». «Anafados na nossa gordura», à custa dos que menos têm, não nos abrimos aos outros e, por consequência, não respondemos ao que nos é solicitado pelo outro. A cidade das pessoas, idealmente reflexo da cidade de Deus, «é exigente e complexa, onde não é nada fácil aceitar o seu pluralismo », e demonstra uma cada vez maior «sede de sentido» porque as questões fundamentais continuam permanentemente a exigir respostas. Esta sociedade moderna é a primeira a discernir e a defender valores novos, como a liberdade, a igualdade e a diferença, realidades aparentemente contraditórias mas que se conjugam porque faces da mesma moeda. O estranho deste caminho onde permanentemente se ouve gritar crise é que o homem, apesar da capacidade de se aperfeiçoar, dando maior grandeza à emancipação e à construção de consciências, tem deixado muitos ao lado do caminho do desenvolvimento que é o novo nome da paz. «Não podemos continuar a construir uma sociedade onde os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres», até porque «a responsabilidade na cidade dos homens não é abstracta», explicou Oliveira Martins, que pede que se cuide da «nossa superioridade de pessoa relativamente aos bens materiais». «Não podemos estar cegos à calamidade desumana » que se desenrola noutros pontos do globo, disse também o presidente do Tribunal de Contas, segundo o qual «temos que sujar as mãos no dia-a-dia no contributo para a emancipação dos que estão ao nosso lado». Esta noite, no Instituto Católico de Viana, às 21h00, intervém sobre a mesma temática — “Da Via-sacra na cidade dos homens à Páscoa da Ressurreição” — o padre José Maia, um dos arautos da intervenção social da Igreja em Portugal.

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Agência ECCLESIA

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