Paulo Rocha, Agência ECCLESIA
Pinharanda Gomes deixou para a História de Portugal investigações únicas. Trabalhos que exigem paciência, contacto com muitas fontes e leituras atentas da bibliografia de cada época. E um dos âmbitos que mereceu a atenção deste historiador refere-se à realização dos “Congressos Católicos em Portugal”. Assim se intitula um livro que publicou em 1984, editado pelo Secretariado Nacional para o Apostolado dos Leigos no cinquentenário da fundação da Ação Católica Portuguesa. Uma obra onde elenca os congressos católicos desde 1870 até 1980.
A leitura deste livro, que consiste num inventário dos congressos e que por acaso me veio parar às mãos nas vésperas do IV Encontro Nacional de Leigos, permite identificar variáveis interessantes sobre estas reuniões, realizadas a nível nacional ou diocesano, para analisar temas de interesse transversal à sociedade ou de setores específicos que a compõem.
O “Congresso dos Escritores e Oradores Católicos”, que aconteceu entre os dias 17 de dezembro de 1871 e 5 de janeiro de 1872, é, de acordo com a investigação de Pinharanda Gomes, o mais antigo congresso católico, promovido por “grupo de portuenses comprometidos numa visão ativa e militante face à crise do seu tempo”. Depois, seguiram-se congressos diocesanos ou regionais e também os que emergiram do nacionalismo português do início do século XX. Comum a todos é a referência à sociedade, aos temas da justiça social e também à necessária intervenção no debate político.
A partir de 1915, com o primeiro Congresso dos Médicos Católicos Portugueses, começou a diversificação de temas e de abrangências nestes encontros do laicado católico de Portugal, promovidos normalmente por setores específicos da pastoral e em torno de temáticas determinadas.
A criação da Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL), em 2011, marca o início de uma nova época no laicado católico português, dando nova expressão à condição comum da maioria dos batizados e procurando iniciativas que aproximem todos os que enfrentam o desafio de viver o Evangelho para lá dos ambientes litúrgicos, no seu quotidiano profissional e nas relações humanas de todos os dias e com todas as pessoas. A realização dos Encontros Nacionais de Leigos é uma expressão dessa intenção e vai conseguir concretizá-la na medida em que se esquecerem agremiações e pertenças particulares para afirmar em conjunto o seguimento do mesmo Mestre. Também na justa medida em que debates, encontros e análises forem expressão de um compromisso com uma sociedade mais justa e pacificadora. É essa a determinação do IV Encontro Nacional de Leigos, no dia 18 de novembro, em Viseu, porque “Este é o tempo”. Vemo-nos por lá?