“As instituições da Igreja têm de dar prioridade à comunicação digital e à produção e distribuição de conteúdos online”
Encontro Ibérico
Comisión Episcopal de Medios de Comunicación Social
Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
Múrcia, 5-7 de junho de 2017
As Comissões Episcopais de Comunicação Social de Portugal e Espanha, reunidas em Múrcia nos dias 5, 6 e 7, refletiram e analisaram, com a ajuda de peritos, o tema “A imagem para mostrar a identidade da Igreja”. Depois destes dias de trabalho e confraternização, queremos agradecer os seus contributos para esta reflexão e partilhamos a nossa análise e as nossas conclusões.
– Os meios que o engenho humano desenvolveu com o passar dos séculos serviram sempre para aumentar as suas capacidades naturais. Hoje, as ferramentas digitais possibilitam grande abundância de comunicações, correndo o risco de comunicar menos. Podem-se transmitir muitas mensagens digitalmente sem que isso signifique melhorar a comunicação.
– O desenvolvimento da internet, que aconteceu nos últimos vinte e cinco anos, está a crescer muito rapidamente e, em grande medida, é o ambiente de comunicação que reúne e supera os meios habituais.
– No atual contexto sociocultural, os meios de comunicação tradicionais estão a ser superados, como fonte de informação, pelas redes sociais. Os grupos de relações pessoais nessas redes converteram-se em prescritores de informação, de opinião e de sugestões.
– Constatamos também que, em geral, as mensagens partilhadas por pessoas têm maior acolhimento e impacto que as institucionais.
A partir desta análise, referimos algumas propostas de atuação que permitam à Igreja realizar melhor a sua missão de anunciar o Evangelho.
. É necessário assumir o ambiente criado pelas ferramentas digitais. Ainda que as mensagens e a palavra são as mesmas, a comunicação tem de ser mais intuitiva, audiovisual, constante, emotiva e relacional.
. O mundo digital é parte da realidade: não a substitui nem a elimina. Portanto, a presença no digital tem de refletir de maneira autêntica e coerente o modo de ser das pessoas, instituições e grupos. Neste sentido, é necessário que a imagem digital corresponda autenticamente à realidade.
. As instituições da Igreja devem dar prioridade à comunicação digital e à produção e distribuição de conteúdos online. São cada vez mais os utilizadores que acedem à informação e à formação através dos smartphones e a Igreja tem de estar aí para se encontrar com todos. Para isso, é necessário incorporar a esta comunicação um plano de ação dotado de pessoas e com recursos.
. Do mesmo modo que as catedrais eram visíveis ao longe por cima dos telhados de qualquer povoação, é necessário hoje criar a “catedral digital” que seja visível e sirva de referência neste novo ambiente, repleto de imagens e relações, onde se compete por captar a atenção. Hoje, o bem mais escasso para a comunicação não é o tempo, mas a atenção das pessoas, pelo que é necessário captar a atenção para provocar a comunicação.
. A Igreja, sempre atenta aos sinais dos tempos, está chamada a ocupar um lugar no universo digital para servir de ponto de encontro entre as pessoas e o transcendente.
Este encontro teve lugar no marco do Ano Jubilar de Caravaca de la Cruz. Diante do “lignum Crucis”, pedimos por todos os comunicadores. No fim deste encontro fraterno, desejamos manifestar o nosso agradecimento a todas as pessoas que tornaram possível alcançar a graça jubilar diante do “lignum Crucis” que se conserva na localidade de Caravaca de la Cruz.
Múrcia, 7 de junho de 2017