Encontro de Pastoral da Saúde em Moçambique

Em Nampula, no Centro Catequético do Anchilo, e com a participação de 65 missionários de 6 Dioceses (Nampula, Beira, Chimoio, Pemba, Nacala e Lichinga), teve lugar o primeiro encontro Nacional de Pastoral da Saúde em Moçambique. O encontro foi orientado pela Comissão Nacional da Pastoral da Saúde de Portugal a pedido do Conselho Pontifício. Foram prelectores o Padre Aires Gameiro e o Dr. Ramon Ferrero da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, bem como o Padre Vítor Feytor Pinto da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde. Os problemas da Saúde no norte de Moçambique como foram descritos pelo Dr. Alberto Naquina, Director Provincial de Saúde, são gravíssimos: · A pobreza é extrema: só na Província de Nampula, 95% das habitações são palhotas, 93% das casas não têm electricidade, 71% da população é analfabeta, só 15% tem acesso aos cuidados de saúde, só 7% consome água potável, 84% da população não tem latrinas; · São estes os principais problemas de saúde: a malária atingiu 608.908 em 2002, com 648 óbitos; as diarreias apresentam 83.722 casos, com 7.368 situações de cóçera; a lepra tem uma prevalência de 10 casos em cada 10.000 habitantes; a SIDA-HIV começa a fazer as suas vítimas, sobretudo nas pessoas entre os 15 e os 49 anos; a mortalidade infantil é assustadora, morreram 146 crianças em 1000 nascimentos; A tudo isto acresce a falta de trabalho, as poucas estruturas e as consequências da guerra que ainda se vêem por toda a parte. O trabalho dos missionários é inexcedível: · A atenção às pessoas: ninguém é desconhecido e todos se dão uns aos outros; · A partilha constante; cada um dá do que tem e recebe do que lhe falta, no plano material como no espiritual; · A busca de soluções: procura-se a salvação do homem todo e de todos os homens; que belos os centros de saúde das missões e das paróquias, com o aproveitamento de todos os recursos, em contraste com as unidades de saúde do Estado; · As denúncias das injustiças e o diálogo fraterno a pedirem, mesmo aos responsáveis, resultados que ajudem as pessoas a serem mais felizes; · A colaboração de todos na planificação no quanto há a fazer e nos programas que dependem de todos. Ninguém fica indiferente. Em conclusão, sentiu-se que a Evangelização passa pelo apoio à saúde das populações. Se nem todos vão à igreja, todos passam pelos centros de saúde ou pelos postos de saúde das missões. É também aqui o tempo da nova evangelização: A Igreja sai dos templos e vai à rua, ao lugar onde vivem as pessoas, para lhes revelar o Salvador, não com palavras, mas com gestos de partilha. A Pastoral da Saúde está de mãos dadas com os responsáveis pela política da saúde no norte do país. Por isso se aceitam desafios muito bonitos: · A participação nos conselhos de lideres comunitários para responder aos problemas de saúde das populações; · A celebração do Dia Mensal da Saúde, para com regularidade falar da prevenção da SIDA, da higiene que permite evitar a malária ou a lepra, do equilíbrio na vida sexual para contrariar a morbilidade infantil e materna; · O envolvimento das comunidades cristãs nos programas de saúde que o governo está a lançar e aos quais vale a pena dar uma dimensão humano-cristã; · A oferta de pessoas (anciãos, professores, catequistas) para serem agentes comunitários de saúde; · O melhorar dos programas através do diálogo frontal e amigo, tão importante entre “irmãos”; · A preocupação de ajudar os doentes e os responsáveis de saúde a descobrir Jesus Cristo que vem para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Com este encontro de pastoral da saúde em Moçambique, sentimos que a Igreja está disponível para contribuir para o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens, no que mais eles necessitam, a sua saúde. Pela saúde física, como no tempo de Jesus Cristo, as pessoas abrem-se à saúde espiritual, à verdadeira salvação.

Partilhar:
Scroll to Top