Encontro de Liturgia de Viana: acreditar no futuro da família

«A família é uma comunidade de relações afectivas onde cada um faz falta, onde cada um percebe que o outro faz falta, onde todos cedemos de nós para que todos possamos estar e caber, dar e receber», declarou Alfredo Sousa durante o Encontro de Liturgia da Diocese de Viana do Castelo que hoje termina com a nomeação, pelo Bispo Diocesano, dos Novos Ministros Extraordinários da Comunhão. Perante uma plateia de cerca de meio milhar de pessoas, sobretudo Ministros Extraordinários da Comunhão, o reitor do Seminário Diocesano de Viana do Castelo procurou apresentar o perfil da família nos dias de hoje, terminando com a afirmação do seu «futuro» na medida em que esta seja uma «comunidade de vida e de amor». Apesar de muitas declarações de reconhecimento da família como «património da humanidade» ou «célula vital da sociedade», Alfredo Sousa denunciou que a família não tem sido «suficientemente valorizada» e na plano nacional «não existe uma verdadeira política unificada». Ao apresentar um conjunto alargado de dados estatísticos que apontam a «desinstitucionalização» desta realidade, uma experiência de ruptura da relação cada vez mais frequente e os «novos desenhos» de família que vão sendo propostos, o palestrante assinalou que o casamento continua a ser a grande porta de entrada para a conjugalidade. O novo «tecido social» em que se insere, marcado pela «ruptura do contexto normativo e de significado» faz da família um espelho de todas as debilidades e mudanças da sociedade. Esta evolução pode ser vista através dos «paradigmas de família», da patriarcal (marcada pelo convívio das gerações) à família nuclear e, cada vez mais, monoparental. Contudo, nomeio destas dificuldades, há sinais positivos que pernitem a confiança no futuro da família, salientou Alfredo Sousa. Ela tornou-se num “precioso” «espaço de interacção» no qual o aspecto afectivo e de união existencial, mais do que o aspecto jurídico e o papel familiar que cada membro devia desempenhar, assume um relevo maior. A família continua a ser o centro privilegiado para o encontro «entre um eu e um tu» que se «vai humanizando e personalizando e integrando num nós» progressivo. Por outro lado, frisou que a família é cada vez o espaço único de humanização na medida do amor que faz da própria vivência o ambiente de transmissão de valores humanos e cristãos. Neste contexto de educação integral, a família é também espaço essencialpara a transmissão da fé e para a sua vivência, sublinhou. «O casal não só tem na família constituída a razão de ser da sua mútua entrega e do seu compromisso livre e irrevogável, mas também nela encontra os motivos mais fortes para o aprofundamento da vida conjugal, a ajuda mútua, a realização dos projectos de vida antes esboçados», concluiu o padre Alfredo Sousa. Os participantes puderam ainda reflectir aprofundadamente, numa vertente mais bíblica e hsitórica sobre a “Bênção Nupcial”, apresentada pelo padre Joaquim Félix de Carvalho, Vice-Reitor do Seminário Maior de Braga. Este especialista em Liturgia abordou esta questão da aliança matrimonial desde as suas raízes judaicas e greco-romanas, até ao mais recente ritual da celebração do matrimónio. Perpassou pelas diferentes tradições que unem num vínculo novo uma mulher e um homem, desde aquelas que celebravam os esponsais a grande distância temporal do momento de bênção com que era selado o casamento, de um modo bastante particular em casa, até ao momento em que tudo se concentra na Igreja diante de um clérigo. O padre Joaquim Félix fez ainda uma outra intervenção onde abordoua celebração do matrimónio da actualidade, reforçando alguns dos momentos chave do novo ritual. Hoje, o teólogo João Duque faz uma intervenção mostrando o “significado teológico do sacramento do matrimónio” e o sacerdote músico, Jorge Barbosa, reflecte sobre a “música na celebração do matrimónio”.

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