Encontrar Deus na cidade

«Conferências de Maio» ajudaram a encontrar a “A cidade de Deus – cidade das pessoas” Quando nos aproximamos a passos largos do Congresso Internacional da Nova Evangelização, a realizar em Lisboa, no próximo ano, “Deus tem que estar na cidade” – confessou à Agência ECCLESIA Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Centro de Reflexão Cristã (CRC), que organizou, durante o mês de Maio, um ciclo de conferências sobre “Cidade de Deus – Cidade das Pessoas”. A participação “excedeu as expectativas” o que demonstra que o CRC está a voltar à “vitalidade” de outrora. “A cidade como espaço de solidariedade” foi o tema de uma das conferências. A falta de solidariedade “é uma realidade”, o que levou Nuno Teotónio Pereira, o orador desta conferência, a referir que “existem getos na própria cidade: os getos dos ricos e dos pobres”. Sinais que demonstram a falta de solidariedade entre as pessoas. Este panorama tem de ser alterado – referiu Guilherme de Oliveira Martins – “para uma cidade mais hospitaleira” onde os “gestos de aproximação” sejam superiores aos “gestos de egoísmo”. Ao proporem este tema, o CRC não quis opor a cidade de Deus à cidade das pessoas mas “criar uma ligação e complementaridade” porque “Deus interpela-nos de muitas formas”. O fenómeno urbano é muito complexo mas – realça o presidente do CRC – “acredito que é possível vivermos numa sociedade cada vez mais hospitaleira”. A presença dos cristãos na sociedade “obriga-nos a empenharmo-nos em gestos e em iniciativas que suscitem a tomada de consciência que uns dependemos dos outros” – sublinhou. O mundo cultural e a presença de Deus nesta área também foi objecto de reflexão. Guilherme de Oliveira Martins lamenta o número “pouco significativo de intelectuais que assumem essa interrogação religiosa”. A presença de Deus na cultura “é algo de mais subtil e mais complexo do que à primeira vista possa parecer” – acentuou o presidente do CRC. E avança: “não se trata de vergonha ou não vergonha trata-se, sobretudo, de compreender que o mundo é indiferente e está pouco atento às questões religiosas”. Depois da morte de Deus, proclamada por Nitzsche, “é preciso compreendermos qual o sentido e o alcance dessa proclamação. Não se trata da morte do fenómeno religioso trata-se sim da necessidade de distinguir a esfera religiosa e a esfera filosófica e compreender que o mundo contemporâneo responde por caminhos diferentes e de formas diversas à interpelação da fé e à interpelação religiosa” – disse. Como o mundo actual vagueia por novas águas, Guilherme de Oliveira Martins salienta que um dos projectos do CRC “é o diálogo entre pessoas de fé e pessoas que não têm fé entre os que têm religião e os que não têm religião”.

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