«É importante que os professores estejam preparados para a diversidade. É importante que recebam informações sobre dados concretos, factos», afirmou Eugénia Quaresma

Lisboa, 24 out 2025 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM), da Igreja Católica em Portugal, vai falar sobre “a(s) realidade(s) migrante(s)” aos responsáveis diocesanos da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), este sábado, em Fátima.
“Estamos a viver neste contexto de interculturalidade em que as escolas recebem alunos de diferentes nacionalidades, é importante que os professores estejam preparados para lidar com a diversidade. É importante que os professores recebam informações sobre dados concretos, factos”, disse hoje Eugénia Quaresma, em declarações à Agência ECCLESIA.
A diretora da OCPM, organismo ligado à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), assinala que para o professor de EMRC, que tem esta ligação com a Igreja “e esta missão de levar os princípios e os valores”, conhecer o que é que a Pastoral das Migrações está a fazer, “conhecer que orientações existem para este setor é muito, muito importante”.
“Sem falar que é uma oportunidade de setores, a educação e a Pastoral das Migrações, trabalharem conjuntamente”, assinalou, considerando que esta participação abre oportunidades para a OCPM ir também às escolas.
“As migrações levantam desafios, desafios a nível da diversidade, do diálogo intercultural, o diálogo interreligioso, eu pessoalmente tenho esta experiência que não é obrigatório que o aluno seja católico para frequentar estas aulas e, portanto, esta abertura àquilo que é o universo dos alunos é muito importante”, acrescentou a responsável.
Eugénia Quaresma, que já deu aulas de Educação Moral e Religiosa Católica, salienta que o professor desta disciplina “têm o papel de construtor de pontes” e podem dinamizar a escola para estas reflexões.
Vejo o professor ou a professora de Moral com um papel muito ativo e importante. Conheço alguns que põem a escola a mexer e, portanto, se puderem ser uma mais-valia na escola para olharem o aluno como pessoa, olharem para a cultura como uma mais-valia, como uma fonte de enriquecimento, ficam todos a ganhar, a escola, os alunos e a comunidade educativa.”

A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações vai participar na reunião do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), do Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC), com os responsáveis desta disciplina nas dioceses portuguesas, este sábado, no Hotel Steyler, em Fáitma.
Do programa deste encontro nacional consta um momento de reflexão em torno do tema ‘Somos povo peregrino – Onde está o teu irmão? (Gn 4, 9-12) Leitura da(s) realidade(s) migrante(s)’, onde vai participar também o sociólogo Pedro Góis, diretor científico do Observatório das Migrações.
Para Eugénia Quaresma é muito importante o papel dos académicos, o papel dos estudos, os factos, porque é uma das formas de “lidar com as falsas notícias”, num tempo em que é preciso “ir à fonte, procurar informar e ter um diálogo informado, não só com base em perceções”.
“Temos que suscitar nos nossos alunos também este desejo e esta vontade de ir à fonte e de procurar informar-se antes de veicular pelas redes sociais vídeos que se tornam virais sem serem confrontados com a realidade. Este é um lado da reflexão, o outro lado é o cuidarmos do nosso coração, e penso que o professor de Moral preocupa-se com a formação do caráter, com a educação do caráter dos alunos que tem à frente”, desenvolveu.
A diretora da OCPM destaca ainda que esta reflexão “tem um tema muito sugestivo”, a questão da itinerância do povo de Deus “é uma marca importante, que marca ao nível dos princípios e dos valores” que defendem, e marca também a questão da ética cristã, “a relação com o outro também passa por aqui”.
“Há um cuidado de Deus para com aquele irmão que acaba por matar o outro, e diz-lhe muito claramente, tens que ter cuidado, porque podes tender para o mal como para o bem. Este cuidar do nosso coração, para depois cuidarmos da relação com os outros é algo que importa ressaltar: Temos que nos cuidar, temos que cuidar da nossa relação com os outros, e quando nos encontramos com Cristo sentimo-nos comprometidos com a transformação do mundo”, acrescentou.
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