EMRC: Presença da disciplina nos cursos profissionais do secundário é uma «oportunidade» – (c/áudio)

Dois professores dão a conhecer a realidade de lecionar para jovens que optam pela disciplina de EMRC apesar da grande carga horária

Agência Ecclesia/MC: João Barros e António Rodrigues

Lisboa, 23 out (Ecclesia) –  António Rodrigues e João Barros, professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), lecionam a disciplina agora também nos cursos profissionais e sentem esta novidade como uma “oportunidade e uma mais valia”. 

“Há muito que era desejado, o contacto que eu tinha com alunos na escola secundária, sabia que eles procuravam a disciplina e procuravam oportunidades para estar, principalmente os que tinham tido a disciplina do 7.º ao 9.º ano e depois viam-se limitados, por estar num curso profissional”, diz o professor António Rodrigues à Agência ECCLESIA. 

Professor de EMRC há mais de 30 anos, atualmente está na Escola Secundária de Amora, na diocese de Setúbal, destacando a “relação pessoal que cimenta com os alunos” e o acolhimento.

“Sempre tive com eles uma política de porta aberta, e fazia questão de dar a conhecer as atividades e iniciativas na escola, mas não tínhamos a possibilidade desse encontro semanal”, refere.

João Barros é professor no Agrupamento de Escolas Pedro Alexandrino, em Odivelas, Patriarcado de Lisboa, e destaca a opção destes alunos dos cursos profissionais, pela vontade de frequentarem a disciplina de EMRC.  

“Os cursos profissionais têm uma carga horária muito elevada, e a opção de EMRC era difícil; mesmo assim, eles iam às aulas de EMRC para acompanhar os outros colegas do percurso normal”, conta.

Há mais de 15 anos a lecionar, João Barros considera que a disciplina é uma mais valia para a comunidade escolar e um “elo de ligação” para os alunos oriundos de outras latitudes.

“Temos um vasto grupo de alunos provenientes dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e notamos que têm inquietações e necessidade de aprofundar valores que, muitas vezes, estão esquecidos na nossa sociedade, aqueles jovens têm necessidade de sentir que são acolhidos porque não estão na sua terra e a disciplina consegue ser um elo de ligação entre eles e a escola e a comunidade que os envolve”, explica.

Os dois professores partilham a paixão de lecionar EMRC e, a partir deste ano letivo 2019-2020, também têm alunos que decidem optar por cursos profissionais, tais como “curso de técnico de turismo e técnico comercial ou alunos do curso de técnico de gestão e programação informática”.

Além destes há dois cursos que têm muita saída na escola e onde a disciplina vem lindamente é o curso de técnico de apoio à infância e o técnico de apoio à saúde, ou seja, aqueles que vão trabalhar em creches e jardins de infância ou nos hospitais, e há todo um trabalho de abrir os olhos à realidade dos outros, à responsabilidade no mundo que os envolve e aqui a disciplina tem um papel único”.

Estes dois professores estão integrados em escolas que acolhem alunos de várias proveniências, como países africanos ou da América Latina, e a disciplina é muitas vezes a porta de entrada para o seu acolhimento e integração. 

O professor António recorda o exemplo de uma aluna que veio da Venezuela e “partilhava com os colegas as notícias que ia recebendo do seu país”, antes da sua divulgação nos media portugueses.

“Uma aluna dizia que gosta de EMRC porque aprendeu a socializar com os colegas, não tinha esta dimensão na escola, e ali passou a conhecer outros colegas, passou a fazer parte de um grupo, porque antes sentia-se isolada, para ela foi a mais valia da disciplina”, relata o professor João.

Apontando ao futuro, os docentes olham “com esperança” esta integração da disciplina nas matrizes dos cursos profissionais.

“É uma mais valia o facto de termos alunos que são eles que optam, querem continuar a disciplina no curso profissional”, diz o professor João. 

“Neste contexto olho com esperança e acredito que vamos continuar este processo de amadurecimento para perceber qual poderá ser a resposta mais adequada para as características desta população concreta vai durar alguns anos mas olho com esperança”, observa o professor António Rodrigues. 

A entrevista está no centro do programa de rádio Ecclesia desta quarta-feira, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, ficando depois disponível no site da Ecclesia

SN/OC

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