Uma comunidade que ignora a educação da fé «não se renova», frisa D. António Francisco dos Santos
Aveiro, 26 set 2012 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro aplaude o trabalho da Igreja Católica em Portugal na remodelação dos manuais de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), que também abrangeu os catecismos dos 10 anos de catequese da infância e juventude.
Em declarações ao programa ECCLESIA na Antena 1 que vai para o ar este domingo, D. António Francisco dos Santos, na qualidade de presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, sublinhou o “esforço imenso realizado nos últimos anos” pelo Secretariado Nacional da Educação Cristã.
O responsável afirma que o principal desafio enfrentado pela Igreja na escola pública passa pela regulamentação do acordo diplomático entre Portugal e a Santa Sé (Concordata).
“Estamos a fazer um grande trabalho em articulação com a Universidade [Católica] e os outros institutos de ensino superior de Ciências Religiosas em ordem à formação inicial e contínua dos professores de EMRC”, acrescenta.
As escolas católicas, não obstante as suas dificuldades económicas, “continuam a ter um valor imprescindível no contexto da educação em Portugal”, desde que o Estado reconheça “o direito de os pais escolherem o projeto educativo dos seus filhos”.
Ao nível da catequese é necessário refletir sobre o seu itinerário, distribuído ao longo de 10 anos, bem como “valorizar cada vez mais o encontro das crianças e adolescentes com a comunidade cristã”, assinala.
O prelado salienta também a necessidade de valorizar o “empenhamento e compromisso das famílias na educação cristã dos seus filhos”.
A Igreja Católica em Portugal assinala entre sábado e 7 de outubro a Semana Nacional da Educação Cristã, objeto da Nota Pastoral intitulada “Descobrir a solidez da fé: urgência e missão”.
D. António Francisco dos Santos frisa que os católicos “não comunicam apenas ideias, conceitos ou convicções mas dão testemunho da sua própria experiência e da experiência da comunidade cristã do encontro com Jesus Cristo”.
A transmissão do cristianismo implica “partir do essencial da fé, que é a descoberta e o encontro com Jesus Cristo e, a partir daí, viver a alegria da participação na comunidade cristã”, sem esquecer que “a fé sem obras é morta”.
Para o bispo de Aveiro a Igreja deve abrir-se “a novos espaços, novos tempos e novos modelos de anúncio da fé”.
Os católicos “têm de ir ao encontro de muita gente que, mesmo discreta e silenciosamente, procura Deus e espera da Igreja um olhar atento, uma palavra que lhes fale de Jesus Cristo e um testemunho existencial que lhes transmita o sentido diferente de uma vida cristã e do valor que ela tem para quem não acredita”, aponta.
“Uma comunidade que não educa é uma comunidade que não se renova e que não manifesta o seu encanto por Cristo nem a sua alegria por ser Igreja”, vinca.
Referindo-se à situação económica e social, D. António Francisco dos Santos acentua que “se algum défice existe em Portugal desde há muito foi a recusa da sociedade e do Estado de assumirem a matriz cultural cristã”.
O responsável realça ainda que “as comunidades cristãs têm de saber apreciar, valorizar e agradecer” o trabalho realizado pelas “milhares de pessoas que trabalham no mundo da catequese e da educação cristã”.
PRE/RJM