EMRC: Educar em regime de «flexibilidade curricular» é desafio para o novo ano

Responsável nacional realça que a disciplina está pronta a corresponder ao repto do Ministério da Educação

Foto Educris

Lisboa, 11 jun 2018 (Ecclesia) – O coordenador da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) faz um balanço positivo do ano escolar, considerando que permitiu afirmar cada vez mais a importância desta marca educativa cristã nas escolas.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, Fernando Moita, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) realça o “decisivo contributo” que a disciplina de EMRC pode dar a “todo o aluno, desde o 1.º até ao 12.º ano”, no que toca ao desenvolvimento humano integral.

A par de “toda uma série de informação e formação que recebe, do ponto de vista académico, intelectual e sociomoral”, há ainda “um plus que é a mensagem cristã, que não retira nada do que é humano mas engrandece”, frisa aquele responsável.

Num debate emitido no programa Ecclesia desta segunda-feira, na RTP2, em que participaram também Fátima Nunes e Dimas Pedrinho, da equipa nacional de EMRC, Fernando Moita salientou a forma como as crianças, adolescentes e jovens tiveram oportunidade de juntar o saber aos valores tanto em contexto de “sala de aula”, como “fora da sala de aula”.

Exemplo disso mesmo foi o 18.º Encontro Nacional de alunos de EMRC do 1.º ciclo, que decorreu em Fátima com a presença de cerca de 4500 estudantes, professores, funcionários e encarregados de educação.

Uma iniciativa que desafiou os mais novos a partilharem o seu “sorriso”, a sua dinâmica de vida com os outros, de uma vida vivida com Cristo.

Para Fátima Nunes, é fundamental “passar” aos mais novos “esta dimensão da alegria de viver, quando tantos valores são postos em causa”.

Ao mesmo tempo, este tipo de encontros, tanto no 1.º Ciclo que têm tido uma participação crescente, como no Secundário, pretendem vincar que “há uma continuidade entre o que se passa na sala de aula e do que faz no exterior”.

“O que nos deixa orgulhos nestes encontros, nomeadamente no secundário, é que não é propriamente um festival de Primavera, há festa, há música, há aquilo que os jovens destas idades querem, mas eles sabem que são alunos de EMRC e que há aqui uma proposta formativa e educativa”, acrescenta Fernando Moita.

Este ano, o encontro nacional de EMRC para alunos e professores do Secundário decorreu na cidade de Tomar e teve como tema ‘Desarma-te’, convidando os jovens a abandonarem preconceitos e egoísmos e a terem em conta dimensões como o serviço e o amor ao próximo.

Para isso, os jovens tiveram oportunidade de viver toda a riqueza cultural e histórica da cidade, também de visitar o Mosteiro dos Templários, e de conhecer alguns dos principios com que os templários se regiam, como “o desapego, a humildade, a obediência”.

A aposta é “tal como no 1.º Ciclo, encontrar momentos fortes a nível nacional, de encontro de alunos, de professores, de passar mensagem, de proporconar-lhes festa, proporcionar-lhes convívio. E esta experiência de se sentirem uma grande comunidade, muitos alunos de vários pontos do país”, aponta Dimas Pedrinho.

Quanto ao futuro, uma das apostas para o ano curricular 2018 – 2019 será corresponder ao desafio da “flexibilidade curricular proposto pelo Ministério da Educação”.

Trata-se de um projeto que até agora estava a ser aplicado em cerca de 225 estabelecimentos de ensino, a título experimental, e que envolve a possibilidade das escolas gerirem parte da carga horária dos seus alunos, juntando disciplinas em uma grande área disciplinar ou colocando dois ou mais professores a trabalhar em equipa.

O responsável pela disciplina de EMRC garante a disponibilidade deste setor em também “aceitar este desafio para a realidade das escolas”.

“Estamos neste momento a construir as nossas aprendizagens essenciais. Do ponto de vista da lecionação, o programa mantém-se, os manuais mantém-se”, adianta Fernando Moita.

Outra preocupação será a formação de professores de EMRC do 1.º Ciclo e do Secundário, reforçando um projeto que no último ano percorreu o país.

Fernando Moita realçou o bom número de professores que se inscreveram, “cerca de 900”, e também a relevância desta formação sobretudo ao nível do “repensar das propostas educativas” a levar à adolescência de hoje.

Segundo o coordenador da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica no Secretariado Nacional da Educação Cristã, esta dinâmica de formação de professores será para continuar, se possível com um “maior envolvimento das dioceses”.

A Concordata assinada em 2004 entre Portugal e a Santa Sé consagra a existência da disciplina de EMRC, sendo os professores propostos pelos bispos, nomeados pelo Estado e pagos pela tutela.

A disciplina de EMRC é uma componente do currículo nacional, de oferta obrigatória por parte dos estabelecimentos de ensino e de frequência facultativa, apresentando como objetivos fundamentais “educar para a dimensão moral e religiosa e para a compreensão dos elementos mais profundos da cultura nacional, necessariamente aberta ao mundo”

JCP

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Agência ECCLESIA

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