Perante a situação de grave crise económica e o drama do desemprego que vivemos é essencial não desanimar perante as dificuldades e as notícias, nem cair na tentação de simplesmente procurar culpados. É essencial olharmos o futuro com a confiança daqueles que querem superar dificuldades, com a certeza de que Cristo está vivo e nos acompanha sempre nestes dilemas e na nossa missão. Nesta fase em que vivemos o agudizar da crise na economia real, com os números do desemprego a aumentar a um ritmo impressionante, é essencial reafirmar algumas questões em que acreditamos e que nos permitem aferir critérios de análise e de decisão. Desde logo, a dignidade de todos os colaboradores da empresa, o reconhecimento da entrega da sua vida à empresa e a certeza de que os colaboradores são o maior activo da empresa, tem de ser o princípio básico das decisões empresariais. Por exemplo, o presidente do Jerónimo Martins comprometeu-se a “Não fazer despedimentos antes de cortar nos investimentos, reduzir os salários dos quadros e fazer um acordo global com os trabalhadores para reduzir os salários”. Afirmar a validade do modelo de economia social de mercado, assente na liberdade económica individual, na propriedade privada, na acção reguladora do Estado e nas políticas públicas de redistribuição da riqueza e de protecção dos mais desfavorecidos – que é constatada no facto de não ter emergido desta crise qualquer modelo alternativo. A economia social de mercado é, na actualidade, o melhor instrumento da Humanidade no combate à pobreza como provou ao longo dos últimos anos retirando milhões de pessoas da pobreza. Reconhecer a importância vital da iniciativa privada, das empresas e dos empresários para podermos voltar a desenvolver o nosso país de forma sustentada. O Estado português tem, por isso, de comportar-se como uma “entidade de bem”, fazendo mais do que anuncia e poten-ciando sempre o reforço da sociedade civil. Interessa fazer crescer Portugal como um país de pessoas e não de “pedintes” de um Estado todo-poderoso que tudo controla e decide. A necessidade pontual de intervenção do Estado no sistema financeiro e na economia bem, com o sentimento de insegurança vivido, não pode ser razão para a adopção de modelos intervencionistas, ou para agravar ainda mais o peso do Estado na economia e na sociedade que já consome cerca de 50% da riqueza nacional. É por isso essencial afirmar, logo que possível, o desígnio de “menos Estado e melhor Estado” deve ser seguido. Finalmente, a certeza que é nos tempos de crise que as empresas se têm de unir ainda mais. Partilhando metas comuns, sacrifícios em favor da empresa e as alegrias dos objectivos alcançados. Todos os intervenientes na vida da empresa são essenciais – empresários, gestores e colaboradores – e têm de se assumir como exemplos de competência e trabalho para que num quadro de racionalidade económica, essencial para a sus-tentabilidade futura do emprego, se possam evitar mais desemprego e mais pobreza. Jorge Líbano Monteiro, ACEGE