Empresas como lugar de cidadania

Responsabilidade social das organizações e desenvolvimento sustentável no centro do debate promovido pela CNJP Chamar a atenção para a responsabilidade social das instituições e das empresas mercantis foi o principal objectivo do Seminário organizado pela Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), que decorreu no passado Sábado. Debater o desenvolvimento sustentável num sentido mais amplo que “implica o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade que visa a coesão social”, explicou à Agência ECCLESIA a Presidente da Comissão, Manuela Silva. A temática suscitou entre os presentes um grande interesse, visível nas intervenções e também nos participantes, mas Manuela Silva lamenta a fraca participação de empresários e gestores. O termo «responsabilidade social» já entrou no vocabulário corrente, “sinal de que está também presente nas preocupações”, sublinha, mas “estamos ainda muito longe de um entendimento suficientemente abrangente e comprometedor por parte das instituições e das empresas”. “A responsabilidade social não é opcional”, sustenta Manuela Silva e este seminário pretendia promover esse entendimento. “É uma componente intrínseca, porque as instituições e empresas devem ser lugares de cidadania”. No comunicado final do encontro pode ler-se que “a responsabilidade não pode ficar circunscrita aos poderes públicos já que as empresas e as instituições detêm, na sociedade contemporânea, um protagonismo potencial de viabilização ou negação do desenvolvimento”. Esta responsabilidade engloba também a forma como “a empresa se relaciona com os seus próprios trabalhadores, clientes, fornecedores e, ainda, com o meio local (físico e societal) e o país em que a sua actividade está implantada”. A empresa deve ser uma “entidade cidadã”. O seminário apontou também a necessidade de “a sociedade civil e o poder político se mobilizarem para definir alterações institucionais e níveis de exigência apropriados e criar condições para os tornar exequíveis”. O seminário destacou ainda as boas práticas, que já vão acontecendo, mostrando que “esta ideia vai fazendo algum caminho”. No entanto, é ainda uma prática restrita, podendo alcançar um universo maior. A CNJP tem agora o propósito de suscitar um debate mais alargado, entre a opinião pública e os vários sectores sociais. Pobreza é uma aberração A Comissão Nacional Justiça e Paz é um organismo que tem por finalidade aprofundar e dar a conhecer o pensamento social da Igreja católica nas suas diferentes vertentes e desta forma contribuir para que a vida colectiva se paute por “critérios de respeito pela dignidade da pessoa humana, maior justiça e equidade na economia e na organização das sociedades, maior solidariedade entre os povos”, manifestou Manuela Silva aos presentes no Seminário. A preocupação social alarga-se a vários sectores da sociedade. Facto que a Presidente da CNJP acompanha com agrado. Cavaco Silva terminou “O Roteiro para a Inclusão”, na mesma semana em que os Bispos Portugueses manifestaram, numa nota pastoral “Desenvolvimento e Solidariedade”, uma preocupação pela pobreza. “Ainda bem que assim é”, destaca Manuela Silva. No estádio actual de riqueza e de conhecimento que existe à escala mundial, “a pobreza deve ser vista como uma aberração e um escândalo, que deve passar à história, como outros passaram também à história”, como é o caso da escravatura. Para que isso seja possível “é preciso criar um clima cultural propício a que se possam adoptar políticas e medidas convenientes para erradicar a pobreza no nosso país e no mundo”, sublinha a Presidente da CNJP. Em comemoração dos 40 anos da Encíclica Populorum Progessio, a CNJP prepara uma conferência para o mês de Maio onde pretende debater a sociedade à luz da Doutrina Social da Igreja, sob o tema “Por um desenvolvimento global e solidário, um compromisso de cidadania”. Manuela Silva adianta que vai ser convidado o subdirector geral da Unesco, Munir Buchnaki, “uma pessoa que tem trabalhado muito no sentido de integrar a não pobreza no conjunto dos direitos humanos”. Com esta iniciativa a CNJP quer aproveitar para desenvolver diferentes abordagens desta problemática, “de forma a dar um contributo não só à Igreja, mas à sociedade civil”, com vista a assumir o combate pela “não pobreza e contra a exclusão social como um acto de cidadania”. Notícias relacionadas Responsabilidade Social das Instituições e Desenvolvimento Sustentável

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top