Empresários cristãos defendem emprego

Congresso da ACEGE, «Amor ao próximo como critério de gestão», chegou ao fim

Lisboa, 02 jun 2012 (Ecclesia) – O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) considerou hoje em Lisboa que as empresas devem evitar ao máximo proceder a despedimentos perante a atual conjuntura económica.

“O desemprego em Portugal está em níveis elevados e os gestores devem tomar em consideração, antes de despedirem funcionários, que a crise vai passar, pelo que devem fazer tudo para evitar essa opção”, defendeu António Pinto Leite, que falava aos jornalistas durante o 5.º Congresso Nacional da ACEGE.

A iniciativa, dedicada ao tema ‘Amor ao próximo como critério de gestão’, concluiu-se esta tarde, após ter-se iniciado na de sexta-feira.

Questionado sobre qual o valor económico do amor no mundo dos negócios, o presidente da ACEGE deu como exemplo a produtividade dos colaboradores quando trabalham num ambiente favorável.

“Quando os colaboradores sentem que são amados, são felizes, produzem mais e as empresas são melhores, ajudando a economia”, sublinhou Pinto Leite, citado pela agência Lusa.

Passando do campo empresarial para o político, este responsável afirmou que o Governo deve “aliviar a carga fiscal sobre os portugueses” o mais rapidamente possível.

Já o político e empresário António Lobo Xavier, um dos oradores do congresso, salientou que “os gestores cristãos não podem deixar a fé à porta da empresa”.

Nesse sentido, defendeu que os empresários não podem colocar “o lucro acima de tudo”, não podem ter “ambição sem limites”, nem optar pela tentação da “exploração dos trabalhadores”.

O padre António Vaz Pinto assinalou, por sua vez, que “o amor ao próximo é ainda mais importante neste momento” de crise.

Segundo o sacerdote jesuíta, “na prática há uma oposição entre o mundo económico e financeiro e os valores cristãos”, embora existam exceções.

No último painel dos trabalhos, Vera Pires Coelho, empresária e antiga responsável pela construtora Edifer, falou dos processos de despedimento, confessando que este é um momento “extremamente doloroso”

“Eu não dormia à noite, entrava na empresa e tinha dificuldade em respirar, mas tem de ser feito e quando tem de ser feito é por amor à organização”, observou.

O congresso foi inaugurado pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, o qual afirmou que as reformas estruturais que o Governo está a levar a cabo devem ser orientadas por valores como “a confiança, a liberdade, a responsabilidade, a solidariedade, o trabalho, o respeito pela iniciativa alheia, o mérito, a abertura à descoberta”.

Também na sessão de abertura da iniciativa, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo referiu que se a sociedade colocasse em prática a temática escolhida pela ACEGE “deixaria de haver lugar para a violência e para menosprezo”.

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o amor “não é só sentimento”, é também “luta pela verdade”, sendo por isso um desafio para os participantes no congresso da ACEGE assumirem-se como “protagonistas desta revolução cultural”.

D. José Policarpo defendeu a necessidade de equidade, frisando que “não há soluções económicas nem políticas resolutivas das crises que se justifiquem sacrificando os mais desfavorecidos da sociedade”.

Lusa/LFS/OC

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