Emprego: Falta de conciliação família-trabalho gera perda de talento e está na origem da baixa de natalidade

Estudo mostra que o desejo de fecundidade é o dobro do efetivo em Portugal

Foto Arlindo Homem, Apresentação do estudo da NOVA SBE sobre conciliação família-trabalho

Carcavelos, 18 mar 2019 (Ecclesia) – O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores afirmou hoje que a falta de conciliação entre família e trabalho pode provocar até 20% de perda do talento dos colaboradores de uma empresa, sendo a maioria, 70%, mulheres.

João Pedro Tavares disse na apresentação do estudo “Desafios à conciliação família-trabalho” que a disponibilidade para “assumir novas responsabilidades” e contribuir para a inovação numa organização depende da possibilidade de conciliar família-trabalho.

Foto Arlindo Homem, João Pedro Tavares, presidente da ACEGE

O presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) considera que é necessário “mudar a cultura” empresarial do “ou” para o “e”, deixando de afirmar “família ou trabalho”, mas “família e trabalho”, “família e empresa”, o que não implica só uma conciliação, mas uma “reconciliação” com um “novo modelo e novas formas de criação de valor”.

“Pessoas mais felizes, são pessoas mais leais e podem ser 20% mais produtivas”, afirmou João Pedro Tavares.

“Desafios à conciliação família-trabalho” é o tema do estudo da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, com o apoio da ACEGE, elaborado pela Nova School of Business and Economics(SBE), em Carcavelos, onde decorreu a apresentaçãodo trabalho.

De acordo com o estudo,  é sobretudo entre as mulheres que a falta de conciliação família-trabalho tem mais consequências, com repercussões diretas na natalidade, que é inversamente proporcional à participação feminina no mercado de trabalho.

“Podemos observar que, a par da tendência crescente da participação das mulheres no mercado de trabalho, no período 1984-2016, existe uma tendência decrescente da natalidade, nos países analisados, no período entre 1980 e 2016”, indica o estudo.

Os indicadores recolhidos pela NOVA SBE referem também que, caso não existissem “constrangimentos” familiares, o valor o número de filhos por casal seria o dobro.

“Há uma diferença significativa entre fecundidade efetiva e desejada, em Portugal: a fecundidade realizada por mulheres e homens portugueses era de 1.03 (atualmente é mais elevada, situando-se nos 1.36 filhos), enquanto que o valor médio desejado era 2.31 filhos, assumindo a ausência de quaisquer constrangimentos”, revela o estudo.

A sessão de apresentação do estudo “Desafios à conciliação família-trabalho” contou com a presença do presidente da CIP, António Saraiva, e da ACEGE, João Pedro Tavares, e foram apresentados quatro casos de empresas que seguem as normas de certificação “Empresas Familiarmente Responsáveis” (EFR) e 14 receberam o “Certificado EFR”

A certificação EFR é avaliada em torno de seis categorias de medidas propostas pela “Fundación Más Familia” relacionadas com qualidade no emprego, flexibilidade temporal e espacial, apoio à família dos colaboradores, desenvolvimento pessoal e profissional, igualdade de oportunidades, liderança e estilo de direção.

A sessão de apresentação do estudo foi encerrada pelo ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que considerou que a conciliação entre a vida pessoal, profissional e familiar é de “primeira grandeza”, “tão urgente como exigente”.

Para José António Vieira da Silva “as dificuldades de conciliação reforçam a desigualdade” e refletem-se no acompanhamento dos filhos e também dos dependentes, sejam menores ou adultos.

Vieira da Silva apelou às empresas para que, sem “por em causa a produtividade”, sejam “mais amigas da família”.

Estudo Desafios à conciliação família-trabalho

PR

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Agência ECCLESIA

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