Empreendedorismo: Quando a Covid-19 se torna o tempo propício para aprender polaco

Marta Zaworska e Christian Amolaro vivem em Bragança e, afastados das suas famílias, criaram um projeto educativo «Brazulaca» para ensino da língua

Foto: Marta Zaworska e Christian Amolaro

Bragança, 04 jun 2020 (Ecclesia) – Marta Zaworska e Christian Amolaro, ela polaca e ele brasileiro, dois jovens empreendedores que se conheceram em Bragança, aproveitaram o confinamento devido ao Covid-19 para lançar um projeto de ensino de polaco.

“Eu estava a fazer coisas ligadas à Faculdade e começámos a fazer um curso on-line de Marketing e de ajuda na Internet e pensámos então a possibilidade de dar aulas de polaco a pessoas que falem português”, conta a estudante à Agência ECCLESIA.

Nasceu o projeto Brazulaca, que no primeiro vídeo publicado há três semanas, superou as expectativas do casal; todos os dias publicam conteúdos e disponibilizam vídeos duas vezes por semana.

“No estado do Paraná, onde eu estava a morar, há uma grande concentração de polacos, e descendentes. Talvez pudéssemos ajudá-los a aprender polaco através da Internet, para os ajudar a falar com os seus familiares”, recorda Christian.

Os dois conheceram-se em setembro de 2018, numa festa para estudantes estrangeiros que o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) acolhe para os programas Erasmus e intercâmbio entre Universidades.

Marta Zaworska, natural de Varsóvia, capital da Polónia, tem 23 anos e escolheu Portugal, “por ser mais quente”, para terminar a sua licenciatura em Nutrição e foi ficando, decidindo depois fazer mestrado no IPB em Empreenderismo e Inovação; já o Christian Amolaro, com 23 anos, natural da cidade Presidente Venceslau, no interior do estado de São Paulo, chegou para terminar a sua licenciatura em engenharia mecânica, ao abrigo de um programa de intercâmbio da Universidade, e, finalizada a formação, acabou por encontrar emprego na área automóvel.

A pandemia de Covid-19 apanhou-os no meio dos planos para visitar as suas famílias.

Marta não vai à Polónia desde dezembro de 2019, apesar de quase todos os dias falar com a sua família; tinha planos para regressar na Páscoa, mas a pandemia impossibilitou a viagem.

“Se viajasse tinha de ficar em quarentena duas semanas e com os meus avós idosos, tinha receio de contrair a doença e não os poder visitar, de qualquer forma”, conta.

A Internet permite manter o contacto: “Não é o mesmo, porque não dá para estar presente e abraçar, mas alivia as saudades. No começo da pandemia falava todos os dias com a minha avó, que ligava muitas vezes, mas agora menos”.

Chris refere que não vai ao Brasil desde dezembro de 2018, onde passaram o Natal: “Logo quando terminei licenciatura, arranjei trabalho. O plano era que os meus pais viessem no final deste ano, para viajarmos todos para a Polónia e todos os pais se conhecessem, mas agora com a pandemia ficou tudo em suspenso”.

A declaração do estado de emergência, em março, começou por alterar a rotina dos dois: Marta mudou-se para casa do Chris, porque as duas portuguesas com quem partilhava casa, regressaram à sua terra e Marta ficaria sozinha e sem Internet na habitação.

Foi nessa altura, a passar mais tempo juntos, que desenvolveram o Brazulaca; agora com o desconfinamento, Chris Amolaro regressou ao trabalho, e Marta Zaworska dedica-se aos estudos mas depois de terminar as aulas do mestrado em junho, quer criar uma empresa e manter a marca do projeto das aulas.

O casal não sabe sabem se no futuro vão permanecer em Bragança, mas sentem-se muito acolhidos na cidade do interior.

“A cidade é muito bonita e as pessoas são muito acolhedoras. Andamos na rua, há cumprimentos e as pessoas de idades começam logo a dialogar. São muito afetuosas”, registam.

Em casa não têm televisão e decidiram ficar mais afastados das notícias que dão conta de números e problemas provocados pela Covid-19, nos seus países de origem.

“Se tivermos notícias das nossas famílias e eles tiverem bem, já ficamos descansados. Estar sempre a acompanhar os números é entrar no ciclo de informação que nos deixa mais tristes, então a opção é saber apenas da nossa família”, explica Christian.

LS

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Agência ECCLESIA

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