Organização defende que erradicação deste problema «exige uma resposta firme, articulada e duradoura, que envolva todos os setores da sociedade»

(imagem de arquivo)
Lisboa, 17 out 2025 (Ecclesia) – A EAPN Portugal / Rede Europeia Anti Pobreza sublinhou hoje que é necessário “passar das palavras aos atos” no que respeita ao combate à pobreza, defendendo que este é um compromisso de todos, deixando mensagem aos políticos.
“É preciso coragem política para colocar a dignidade humana e a qualidade de vida no centro das prioridades coletivas. O direito a ter uma casa digna, emprego de qualidade, acesso à saúde, alimentação adequada, proteção são essenciais à vida humana”, pode ler-se na mensagem para o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
A organização assinala que “os cidadãos exigem respostas concretas para os desafios que enfrentam: a crise da habitação, a precariedade laboral, as baixas prestações sociais, as desigualdades no acesso a serviços essenciais e a falta de transparência nas instituições”.
“Os direitos fundamentais não podem ser esquecidos nem atacados”, destaca.
A mensagem aborda “os compromissos que foram assumidos pela ONU – no âmbito da Agenda 2030 – e pela Comissão Europeia – no âmbito do Pilar Europeu dos Direitos Sociais”, que denuncia que têm “sido constantemente adiados, ultrapassados por crises como as guerras, a inflação e as instabilidades sociais e económicas”.
Vivemos atualmente num contexto de incerteza e precisamos de nos concentrar no essencial: devolver às pessoas a esperança de que é possível construir um mundo mais igualitário, mais coeso, justo e livre de pobreza”, escreve a organização no texto com o título “Erradicar a Pobreza exige um compromisso de todos, para todos”.
A EAPN Portugal mostra-se esperançosa de que “a pobreza seja, verdadeiramente, uma das prioridades na Europa” na sequência dos “compromissos assumidos pela nova Comissão Europeia que visam a criação de uma Estratégia Europeia de Combate à Pobreza”.
“Portugal também deu um passo relevante ao definir a sua Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, mas é fundamental consolidá-la, alinhando-a com a futura estratégia europeia, com objetivos claros, investimento financeiro e técnico adequado, e um compromisso político firme”, referiu.
A organização considera que, “até agora, as respostas não foram suficientes para combater as causas estruturais da pobreza” e que “é urgente fazer diferente: com qualidade, inovação e a participação ativa da sociedade civil e das próprias pessoas em situação de pobreza”.
“Só uma intervenção estruturada, participada e em rede pode produzir mudanças reais”, realça.
A EAPN Portugal diz estar “comprometida, desde o primeiro momento, com a erradicação da pobreza” e mostra-se disponível “para trabalhar com todos: cidadãos, sociedade civil, decisores nacionais e locais, empresas e academia”.
Só um trabalho conjunto e consolidado poderá alterar o curso da atual situação”, enfatiza.
Nesse sentido, a mensagem aponta para o facto de serem “necessários consensos de longo prazo e compromissos sólidos que assegurem políticas públicas eficazes, capazes de devolver às pessoas o acesso à saúde, à educação, à habitação e à proteção social”.
“É urgente cumprir a Constituição da República Portuguesa e alcançar um pacto de regime que coloque esta prioridade na agenda legislativa. O combate à pobreza e a defesa da dignidade humana não devem dividir partidos nem fragmentar a sociedade. Muito menos devem ser vistos como a luta de minorias ou para minorias”, lê-se.
Pelo contrário, ressalta a EAPN Portugal, “devem ser um elemento unificador, um objetivo comum que elimine as raízes do extremismo e dos discursos de ódio, garantindo paz social e bem-estar para todos”.
Somos muitos os que queremos erradicar a pobreza e agir nesse sentido. Não podemos continuar apenas com discursos e estratégias vazias. A erradicação da pobreza exige uma resposta firme, articulada e duradoura, que envolva todos os setores da sociedade e se traduza em políticas públicas sustentáveis e eficazes, com resultados concretos”, diz a mensagem.
A organização exorta a “acreditar que é possível enfrentar estes tempos difíceis, em que o rancor e o ódio parecem normalizar-se, com humanidade e empatia”.
“A erradicação da pobreza começa quando, coletivamente, recusamos aceitar a injustiça como algo normal. Porque só uma sociedade que garante dignidade para todos pode chamar- se verdadeiramente democrática, justa e humana!”, conclui.
A EAPN – European Anti Poverty Network (Rede Europeia Anti Pobreza) é a maior rede europeia de redes nacionais, regionais e locais de ONG, bem como de organizações europeias ativas na luta contra a pobreza.
Fundada em 1990, em Bruxelas, a EAPN está atualmente representada em 31 países, nomeadamente em Portugal.
LJ/OC