Elizabeth II, um Longo Reinado

Com o simples título “A Rainha” realizou Stephen Frears uma biografia muito precisa sobre um curto período da vida de Elizabeth II de Inglaterra. A morte da Princesa Diana e os acontecimentos políticos daí resultantes são o único tema, o que reduz o período histórico a um curto intervalo de tempo, mas em que muito aconteceu para o povo e monarquia ingleses. Ressalta, como primeiro ponto, o trabalho da actriz Helen Mirren, retrato exacto da Rainha, quer na fisionomia quer nas mais diversas expressões com que revela diversos sentimentos. Um autêntico prodígio a semelhança obtida, o que não se passa com os restantes actores, mais baseados na reprodução das personalidades que da semelhança física. Tony Blair, o Príncipe Filipe e o Príncipe Carlos não deixam, mesmo assim, de estar bem entregues nas mãos, respectivamente, de Michael Sheen, James Cromwell e Alex Jennings. O mais importante deste filme reside na análise social a que procede. Por um lado um povo que sente profundamente a perda da sua Princesa, mesmo que esta já não faça parte da família real e se encontre afastada de todo o protocolo de Estado. Por outro vemos uma rainha mais preocupada com os deveres de soberania, com os rígidos princípios do seu protocolo. Não reconhecendo a Diana direitos a honras de Estado, mantém-se longe de Londres até, por sentir a pressão exercida pelo povo e pelo seu primeiro ministro, regressa a Buckingham, autoriza a bandeira a meia haste e aparece em público manifestando o seu desgosto, obviamente fabricado, dada a pouca estima que tinha pela ex-nora, o que o filme bem realça. “A Rainha” conta ainda com uma narrativa bem ritmada e uma forte dose de humor, muito britânico, que contribui decididamente para a leveza do conjunto. É um bom passo na carreira de Stephen Frears, que embora habitualmente se dedique a temas mais densos consegue aqui um bom apontamento biográfico. Francisco Perestrello

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