Eleições/Holanda: Igreja Católica apela ao voto assente na «responsabilidade pelo bem-comum»

13 milhões de eleitores acorrem às urnas num sufrágio visto como o primeiro teste à coesão da União Europeia pós-Brexit

Amsterdão, 15 mar 2017 (Ecclesia) – Os bispos holandeses emitiram uma nota pastoral sobre as eleições legislativas que decorrem hoje no seu país, apelando ao voto em “consciência” e recordando que está em causa não só um “direito” mas um contributo para o “bem-comum”.

Num texto intitulado “Juntos na responsabilidade pelo bem-comum”, os líderes católicos dos Países Baixos destacam a importância decisiva deste sufrágio para “o rumo futuro da Holanda e da sua sociedade”.

De acordo com as últimas sondagens, os partidos mais bem colocados para vencerem as eleições são o partido liberal VVD – Partido para a Liberdade e Democracia, liderado pelo atual primeiro-ministro Mark Rutte; e o partido de extrema-direita PVV – Partido para a Liberdade, encabeçado por Geert Wilders.

Deverão acorrer às urnas cerca de 13 milhões de eleitores, num sufrágio que marca o arranque de um conjunto de eleições na Europa e que é visto como o primeiro teste à coesão da União Europeia, a seguir ao ‘Brexit’.

A campanha holandesa tem sido marcada por desafios como a crise dos refugiados e migrantes, uma questão que tem dividido os candidatos quanto à opção da Europa e dos seus Estados-membros abrirem ou não as portas a quem busca acolhimento.

Atualmente milhões de pessoas estão em rota para o Velho Continente, vindas de países em guerra como a Síria e o Iraque, em busca de uma vida nova.

Geert Wilders, o candidato da extrema-direita, já salientou que se for eleito fechará as fronteiras da Holanda à entrada de mais refugiados e migrantes e anunciou a sua intenção de retirar a nação da UE.

Os bispos holandeses consideram essencial “reavaliar” os valores que norteiam o projeto europeu e exortam ainda os eleitores católicos do seu país, a votarem “inspirados no compromisso cristão pelo próximo”, mais do que numa determinada “ideologia política”.

Um compromisso cristão que (recordam) assenta em pilares como “o respeito pela vida” e a “dignidade humana”; valores que devem ser “para todos, sem exceção” e sobretudo para “as crianças, os pobres, os doentes, os refugiados e outras pessoas mais vulneráveis”.

“É inaceitável que muitos vejam hoje a sua dignidade comprometida por condições de vida desumanas, vítimas da opressão e discriminação, da exclusão social e da violência, do terrorismo e da guerra, da falta de educação e saúde”, aponta a Conferência Episcopal Holandesa.

A mensagem dos bispos holandeses aborda ainda a questão da eutanásia, que está em debate em Portugal mas que já é uma prática legal nos Países Baixos, a partir dos 12 anos de idade.

Para a Igreja Católica, a eutanásia é completamente “incompatível” com a proposta cristã de “amor e solidariedade”, de “responsabilidade e proximidade humana”.

As eleições legislativas na Holanda, que envolvem a escolha dos 150 deputados para o Parlamento e a eleição de um novo Governo, poderão resultar num processo demorado de negociação, devido à complexidade do sistema político daquele país, onde quase todos os executivos têm sido formados a partir de uma coligação.

O ato eleitoral mais complicado naquele país data de 1977, ano em que a formação de um novo Governo demorou mais de cinco meses.

JCP

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Agência ECCLESIA

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