Representante diplomático do Papaassinala «euforia» da população, declarando que se mantém a necessidade de reformas
Cairo, 11 Fev (Ecclesia) – O representante diplomático do Papa no Egipto, arcebispo Michael Louis Fitzgerald, reagiu hoje à demissão do presidente egípcio, Hosni Mubarak, falando num “momento histórico” para a nação africana.
“É um momento crítico, temos de rezar para que este momento histórico traga mais justiça, paz, felicidade para o povo egípcio”, disse à Rádio Vaticano.
O núncio apostólico declarou que “o povo acolheu a notícia da demissão com grande alegria, é verdadeiramente um momento de euforia, não só para os jovens, mas para todos”.
Antes de ser nomeado núncio no Cairo, em 2006, Michael L. Fitzgerald presidiu, durante três anos e meio, ao Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, do Vaticano.
O arcebispo britânico espera que a saída de Mubarak, no poder há 30 anos, permita responder às exigências “sociais” da população.
“Desejo que o conselho do exército, a quem foi confiado o governo do país, prossiga esta luta e responda também às outras exigências da população, que não estão apenas ao nível da liberdade política”, disse o núncio apostólico, à Rádio Vaticano.
Este responsável aludiu à necessidade de “salários adequados” e do combate à “corrupção”.
“Penso que o presidente Mubarak, antes de apresentar a sua demissão, preparou este momento, confiando ao seu vice-presidente, Omar Suleiman, a tarefa de levar por diante a reforma de certos artigos da Constituição, abrindo assim caminho a eleições presidenciais”, acrescentou.
O vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, anunciou hoje que Hosni Mubarak decidiu abandonar o cargo e transferir o poder para o exército, decisão tomada após 18 dias consecutivos de contestação.
“O presidente Mohamed Hosni Mubarak decidiu renunciar ao cargo de presidente da República e encarregou o conselho supremo das forças armadas de administrar os assuntos do país”, disse Suleiman, numa breve mensagem.
Centenas de milhares de pessoas concentradas na praça Tahrir, no centro do Cairo, manifestaram a sua satisfação, após o anúncio da renúncia.
A onda de contestação fez pelo menos 300 mortos, segundo dados da ONU e da organização não-governamental de defesa dos direitos humanos «Human Rights Watch», e vários milhares de feridos.
OC