«Educar ainda é possível?»

No texto de reflexão semanal, D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, lança a questão “Educar ainda é possível?”, no aproximar a passos largos do início do ano lectivo. Considera o Bispo de Aveiro que “a figura do educador não existe, porque desapareceu também a figura pessoal do educando, reduzido a aprendiz de saberes positivos, de conteúdos objectiváveis e de técnicas que o preparam para uma profissão de futuro”. A ser assim, onde está a formação para que um aluno possa existir e afirmar-se como pessoa? A vocação de formação perde-se pois “já ninguém perde tempo a compreender-se e a assumir-se como formador ou educador, preferindo recolher-se no seu mundo próprio e reduzir-se à condição de simples técnico de um saber” sintoma este da grave crise moral de um país. “Em anos de democracia pacífica, em que muita gente determinante se pôs de acordo sobre coisas importantes da vida nacional, não se encontrou ainda um consenso em matéria educativa. O que é educar e quais os melhores modelos educativos? Qual o lugar dos pais e do Estado em tão importante tarefa? Quem mantém como básico o princípio da igualdade na educação e o da personalização? Quem defende uma educação centrada na pessoa e ao serviço da sua realização própria com tudo o que isto significa? Como se situa a escola nisto tudo?” reflecte D. António Marcelino. “A educação não pode deixar de assentar em valores morais e éticos, os únicos que estruturam interiormente pessoas livres e responsáveis” apelando para a soma dos esforços em vez do cruzamento de interesses. E finaliza salientando que “educar não é o mesmo que distribuir computadores a torto e a direito ou calar os professores. Porém, o Ministério chama-se da Educação. Da qual? Há que dizê-lo, para que nos comecemos a entender, a dar sentido à escola e esperança ao país”.

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