Educação: Reverter perda da identidade cristã

Lisboa, 27 set 2011 (Ecclesia) – A educação das novas gerações deve passar por uma proposta “explícita, esclarecida, clara” sobre a identidade cristã e as suas consequências na cultura e na sociedade, defende o especialista em ciências sociais Fernando  Micael Pereira.

“Muito para além das formas de comportamento explicitamente religiosas e dos símbolos cristãos que nos rodeiam, o cristianismo na sua versão católica, inspirou e caracteriza atualmente a nossa cultura”, escreve o professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) num texto hoje publicado pelo semanário Agência ECCLESIA.

Micael Pereira considera que “muitas das marcas explícitas e públicas do cristianismo apagam-se ou são tendenciosamente sufocadas no dia a dia”.

“Muito da face pública da vida cristã é sistematicamente desfigurada, desde a ausência de factos religiosos e cristãos na comunicação social, ou do relevo dado à sua contestação, com a omissão da descrição do facto em si próprio, até às entidades que com suas campanhas constroem barreiras do politicamente correto, de tabus e de ironias que é preciso ter a coragem de vencer”, indica.

A publicação antecipa a Semana Nacional da Educação Cristã, promovida pela Igreja Católica em Portugal, que vai decorrer entre 2 e 9 de outubro, este ano sobre o tema «Família, transmissão e educação da fé».

“Trocar a espiritualidade cristã por uma outra com transcendência, mas quase sem Deus, trocar o empenhamento cristão por princípios vagos”, refere Fernando Micael Pereira, “incentivar o subjetivismo das intenções, pondo de lado a distinção possível entre o bem e o mal, são outras tantas maneiras de diluir a mensagem cristã”.

No mesmo semanário, Juan Ambrosio, professor da Faculdade deTeologia da UCP, afirma que “a educação Cristã não pode jamais prescindir da família, sendo no seu âmbito que se realizam alguns dos passos mais importantes e determinantes nesta área”.

“Hoje é frequente ouvirmos que uma das causas da descristrianização da nossa sociedade e da grande erosão da prática cristã se deve ao facto das famílias se terem demitido do seu papel de educadoras e transmissoras da fé. Muitas famílias, de facto, demitiram-se deste papel”, aponta.

O teólogo português assinala a necessidade de questionar “os conteúdos da educação cristã e as diversas maneiras de transmiti-los”.

“Não tenho qualquer tipo de dúvidas acerca da importância e da relevância da mensagem cristã para a vida do ser humano. Mas a maneira como é transmitida e traduzida, numa linguagem que possa ser interpelativa para cada tempo, aí já me surgem dúvidas”, admite.

Juan Ambrosio indica, por exemplo, que “a educação cristã não pode apenas limitar-se a ser uma formação virada para dentro, para o interior da comunidade cristã”.

“Por exemplo, nesta fase difícil em que nos encontramos, é fundamental que no âmbito da educação cristã se possam encontrar elementos de discernimento e critérios de ação que ajudem a criar novos modelos para edificar as sociedades”, precisa.

Antecipando a Semana Nacional, a Comissão Episcopal da Educação Cristã publicou uma “nota pastoral” em que deixa uma chamada de atenção “às famílias que continuam a dizer-se cristãs, mas que, conservando uma expressão religiosa tradicional, deixaram empobrecer a sua ligação a Deus e à Igreja, uma atitude que, em alguns a aspetos, acaba por atingir os seus filhos”.

OC

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